Imagem: Bildarchiv Preußischer Kulturbesitz
Bem antes de a tecnologia invadir os campos de futebol, os estádios eram acanhados e não possuíam o conforto que hoje a maioria possui. E é sobre um deles e suas traves de madeira que hoje escrevo. A cidade de Berna na Suíça é capital do cantão homônimo, fundada em 1191 pelo Duque Berthold Zähringen, em 1848 com a nova constituição federal, foi elevada a condição de capital da Suíça.
É aqui, que iremos encontrar o Wankdorf Stadium, suas traves de madeira e a maldição que por duas vezes derrotou os húngaros. Em um espaço de apenas 7 anos as traves de madeira do Wankdorf mudaram o curso da história, venceram duas equipes maravilhosas e pararam Hidegkuti, Kocsis e Czibor.
A primeira vez aconteceu na final da Copa do Mundo de 1954, Berna acolheu a final e o Wankdorf Stadium foi seu palco. De um lado a seleção da Alemanha, que se não era um time esplendoroso, também não era um amontoado de pernas de pau como alguns costumam afirmar. Recém saídos da Segunda Grande Guerra, os alemães formaram seu selecionado com o que lhes foi possível, já que muitos de seus jogadores tinham perecido na frente de combate. Do outro lado a Hungria, ex- aliada da Alemanha no conflito mundial e agora sob o domínio da União Soviética. Os húngaros também tinham pagado um pesado tributo na guerra encerrada há nove anos.
Em ambos os países o futebol renascia, e aquela final era a demonstração da força desses dois povos. Os Húngaros haviam conseguido proteger sua geração de ouro, e eles encantavam o mundo com um futebol vistoso e impecável. Há 4 anos sem conhecer derrota, a Hungria entrou como franca favorita ao titulo de campeã do mundo.
Puskás abriu o placar aos 6 minutos de partida, três minutos depois, Czibor ampliaria. Os 60 mil espectadores presentes assistiam extasiados a exibição de gala dos rapazes de Budapeste. Mas o velho futebol tem seus segredos, suas surpresas e dois minutos depois de Czibor fazer dois a zero, Morlock marcou o primeiro gol alemão, em seguida aos dezoito minutos, Rahn decreta o empate. Se os torcedores se assustaram diante da ousadia germânica, a seleção húngara manteve-se impassível, sabia de sua força e tinha a certeza da vitória.
É nesse ponto que as traves do Wankdorf entram na história e a mudam totalmente. Pressionada a Alemanha se defende e seu goleiro o excelente Turek faz milagres, enquanto Posipal e Kohlmeyer fazem das tripas coração para deter Czibor, Kocsis, Hidegkuti e Puskás. Num lançamento preciso de Puskás, encontra Kocsis, que com a maestria de sempre chuta e vence o goleiro Turek, mas lá estava a trave para impedir o gol magiar. Minutos depois, é Hidegkuti que domina a bola de frente para o gol alemão e fuzila, Turek vê a bola lhe fugir, mas a traves o salvam pela segunda vez. Em um contra ataque, Rahn se antecipa a zaga húngara e marca o terceiro gol alemão. Naquele dia as traves do Wankdorf Stadium pararam o melhor ataque do planeta.
A derrota abalou profundamente o selecionado magiar e a revolução anticomunista de 1956, acabou decretando seu fim. Porém, seus grandes jogadores ganharam o mundo e foram reforçar as fortes equipes da Europa e mais uma vez o Wankdorf Stadium e suas traves entram em cena. A Copa da Europa de Clubes Campeões (hoje Liga dos Campeões Europeus) de 1960/61 chegava ao seu final e seria decidida pelo SL Benfica de Portugal e pelo FC Barcelona da Espanha.
A cidade sorteada fora Berna e o local o Wankdorf. O Benfica treinado por Bella Guttmann um húngaro, era uma equipe formidável e seu adversário o Barcelona um time fantástico, seria um jogo inesquecível.
31 de março de 1961, o Benfica chega para o jogo com um sério desfalque, Eusébio, contundido não jogaria. Mas os encarnados tinham em Costa Pereira um grande goleiro, Cruz e Augusto eram meio campistas de qualidade e no ataque, Aguas, Coluna e Cavem impunham respeito aos adversários. Já o Barcelona, vinha com sua força total, os húngaros Kubala, Kocsis e Czibor, tinham a seu lado Suarez, Garay e o brasileiro Evaristo de Macedo (hoje treinador). No gol, Ramallets era uma barreira difícil de ser vencida.
O jogo começa a todo vapor, logo o Barcelona marca seu gol. Kocsis aos vinte minutos faz um a zero. Dez minutos depois, Aguas decreta o empate e aos 32 minutos, Ramallets numa falha portentosa para um goleiro de sua categoria, espalma para dentro do gol um chute de Coluna, Benfica dois a um. O primeiro tempo termina com a vitória parcial dos portugueses, mas na volta para segunda etapa, o Barcelona pressiona e encurrala seu adversário, dando a impressão que logo empataria o jogo.
Porém em um ataque rápido, Coluna escapa dos defensores espanhóis e aos dez minutos do segundo tempo decreta o terceiro gol encarnado. Quem imaginou que esse gol desanimaria o Barcelona, cometeu um grande erro, durante o resto do jogo, o que se viu foi Evaristo, Suarez e os húngaros massacrando o time português. Aos 30 minutos, Czibor marca o segundo gol do Barcelona e aí a partida virou um jogo de ataque contra defesa, espanhóis apertando o cerco e portugueses chutando para qualquer lado.
Mas havia um inimigo silencioso e imóvel, um inimigo que estava disposto a novamente derrotar Czibor e Kocsis... As traves do Wankdorf Stadium estavam lá. Aos 36 minutos Evaristo deixa Kocsis livre diante de Costa Pereira, esse chuta e vê a bola tocar na trave, aos 42 minutos, Czibor dribla Costa Pereira e toca para o gol, lá estava à trave novamente e aos 45 minutos o mesmo Czibor de cabeça, vence o goleiro português, mas o travessão garante a vitória do Benfica. Ao terminar a partida, Kocsis disse: “Agora entendo o que aconteceu em 1954. Nesse gramado pesa a maldição contra todo e qualquer húngaro que nele ponha os pés”.
É aqui, que iremos encontrar o Wankdorf Stadium, suas traves de madeira e a maldição que por duas vezes derrotou os húngaros. Em um espaço de apenas 7 anos as traves de madeira do Wankdorf mudaram o curso da história, venceram duas equipes maravilhosas e pararam Hidegkuti, Kocsis e Czibor.
A primeira vez aconteceu na final da Copa do Mundo de 1954, Berna acolheu a final e o Wankdorf Stadium foi seu palco. De um lado a seleção da Alemanha, que se não era um time esplendoroso, também não era um amontoado de pernas de pau como alguns costumam afirmar. Recém saídos da Segunda Grande Guerra, os alemães formaram seu selecionado com o que lhes foi possível, já que muitos de seus jogadores tinham perecido na frente de combate. Do outro lado a Hungria, ex- aliada da Alemanha no conflito mundial e agora sob o domínio da União Soviética. Os húngaros também tinham pagado um pesado tributo na guerra encerrada há nove anos.
Em ambos os países o futebol renascia, e aquela final era a demonstração da força desses dois povos. Os Húngaros haviam conseguido proteger sua geração de ouro, e eles encantavam o mundo com um futebol vistoso e impecável. Há 4 anos sem conhecer derrota, a Hungria entrou como franca favorita ao titulo de campeã do mundo.
Puskás abriu o placar aos 6 minutos de partida, três minutos depois, Czibor ampliaria. Os 60 mil espectadores presentes assistiam extasiados a exibição de gala dos rapazes de Budapeste. Mas o velho futebol tem seus segredos, suas surpresas e dois minutos depois de Czibor fazer dois a zero, Morlock marcou o primeiro gol alemão, em seguida aos dezoito minutos, Rahn decreta o empate. Se os torcedores se assustaram diante da ousadia germânica, a seleção húngara manteve-se impassível, sabia de sua força e tinha a certeza da vitória.
É nesse ponto que as traves do Wankdorf entram na história e a mudam totalmente. Pressionada a Alemanha se defende e seu goleiro o excelente Turek faz milagres, enquanto Posipal e Kohlmeyer fazem das tripas coração para deter Czibor, Kocsis, Hidegkuti e Puskás. Num lançamento preciso de Puskás, encontra Kocsis, que com a maestria de sempre chuta e vence o goleiro Turek, mas lá estava a trave para impedir o gol magiar. Minutos depois, é Hidegkuti que domina a bola de frente para o gol alemão e fuzila, Turek vê a bola lhe fugir, mas a traves o salvam pela segunda vez. Em um contra ataque, Rahn se antecipa a zaga húngara e marca o terceiro gol alemão. Naquele dia as traves do Wankdorf Stadium pararam o melhor ataque do planeta.
A derrota abalou profundamente o selecionado magiar e a revolução anticomunista de 1956, acabou decretando seu fim. Porém, seus grandes jogadores ganharam o mundo e foram reforçar as fortes equipes da Europa e mais uma vez o Wankdorf Stadium e suas traves entram em cena. A Copa da Europa de Clubes Campeões (hoje Liga dos Campeões Europeus) de 1960/61 chegava ao seu final e seria decidida pelo SL Benfica de Portugal e pelo FC Barcelona da Espanha.
A cidade sorteada fora Berna e o local o Wankdorf. O Benfica treinado por Bella Guttmann um húngaro, era uma equipe formidável e seu adversário o Barcelona um time fantástico, seria um jogo inesquecível.
31 de março de 1961, o Benfica chega para o jogo com um sério desfalque, Eusébio, contundido não jogaria. Mas os encarnados tinham em Costa Pereira um grande goleiro, Cruz e Augusto eram meio campistas de qualidade e no ataque, Aguas, Coluna e Cavem impunham respeito aos adversários. Já o Barcelona, vinha com sua força total, os húngaros Kubala, Kocsis e Czibor, tinham a seu lado Suarez, Garay e o brasileiro Evaristo de Macedo (hoje treinador). No gol, Ramallets era uma barreira difícil de ser vencida.
O jogo começa a todo vapor, logo o Barcelona marca seu gol. Kocsis aos vinte minutos faz um a zero. Dez minutos depois, Aguas decreta o empate e aos 32 minutos, Ramallets numa falha portentosa para um goleiro de sua categoria, espalma para dentro do gol um chute de Coluna, Benfica dois a um. O primeiro tempo termina com a vitória parcial dos portugueses, mas na volta para segunda etapa, o Barcelona pressiona e encurrala seu adversário, dando a impressão que logo empataria o jogo.
Porém em um ataque rápido, Coluna escapa dos defensores espanhóis e aos dez minutos do segundo tempo decreta o terceiro gol encarnado. Quem imaginou que esse gol desanimaria o Barcelona, cometeu um grande erro, durante o resto do jogo, o que se viu foi Evaristo, Suarez e os húngaros massacrando o time português. Aos 30 minutos, Czibor marca o segundo gol do Barcelona e aí a partida virou um jogo de ataque contra defesa, espanhóis apertando o cerco e portugueses chutando para qualquer lado.
Mas havia um inimigo silencioso e imóvel, um inimigo que estava disposto a novamente derrotar Czibor e Kocsis... As traves do Wankdorf Stadium estavam lá. Aos 36 minutos Evaristo deixa Kocsis livre diante de Costa Pereira, esse chuta e vê a bola tocar na trave, aos 42 minutos, Czibor dribla Costa Pereira e toca para o gol, lá estava à trave novamente e aos 45 minutos o mesmo Czibor de cabeça, vence o goleiro português, mas o travessão garante a vitória do Benfica. Ao terminar a partida, Kocsis disse: “Agora entendo o que aconteceu em 1954. Nesse gramado pesa a maldição contra todo e qualquer húngaro que nele ponha os pés”.
Por coincidência os húngaros perderam duas finais pelo mesmo placar... 3x2.