domingo, fevereiro 25, 2007

Deu na Folha de São Paulo...

RICARDO PERRONE

Doze clubes passam por um pente-fino da Receita Federal. Isso porque estão entre as 12 mil empresas que mais arrecadaram no Brasil durante 2005.O episódio é inusitado, porque a maioria passa por situação de penúria, apesar estar num grupo de endinheirados.São os mesmos clubes que o presidente Lula diz precisarem de ajuda para arrecadarem mais. O Santos, que adota política de redução de gastos, foi quem obteve a maior receita, segundo a Folha apurou. A Receita não comenta o assunto e trata os dados como sigilosos.Dos cinco primeiros, só o Cruzeiro, quarto que mais faturou, não é paulista. O segundo colocado é o São Paulo, um dos poucos que não estão endividados, seguido pelo Corinthians, que vive uma das situações mais críticas de sua história, como o Palmeiras, o quinto.É rotina na Receita Federal fazer uma fiscalização ainda mais apurada do que o normal nas movimentações financeiras das 12 mil pessoas jurídicas com maior arrecadação. E nas de todas que arrecadaram mais de R$ 45 milhões num só ano.Todos os dados são cruzados. E o órgão ainda acompanha quase que passo a passo o recolhimento de impostos desses contribuintes no ano seguinte.Os números são de 2005 porque, como no caso das pessoas físicas, as firmas declaram a renda do ano anterior.Nos cofres do líder Santos, entraram cerca de R$ 140 milhões. Pouco sobrou, a ponto de o clube hoje reduzir os vencimentos de quem tem contrato de prestação de serviço. Os que não aceitam não renovam.O ex-jogador Zito, um dos ídolos do clube e que trabalha no futebol profissional, teve de aceitar o corte para continuar.No país inteiro, apenas 2.967 empresas obtiveram receita superior à do Santos em 2005. Os santistas deixaram para trás nomes como a Shering do Brasil e a Sanyo da Amazônia."Nossa arrecadação naquele ano foi inflada pela venda do Robinho e de outros jogadores. Mascara uma realidade. Acho ótimo a Receita fiscalizar", disse o dirigente santista Dagoberto Fernando dos Santos.No mesmo ano, abastecido pela MSI, o Corinthians juntou R$ 99,4 milhões, cerca de R$ 14 milhões a menos do que o rival São Paulo, que faturou alto graças às conquistas da Libertadores e do Mundial de Clubes.O contraste entre o que os corintianos receberam naquele ano e sua situação hoje também impressiona. O dinheiro rareou a ponto de o clube ter tido dificuldade para pagar conta de celulares e cogitar levar o time para hotéis mais baratos.O Palmeiras também não desfruta de uma situação compatível com a de quem faz parte de um grupo que responde a 85% da arrecadação obtida pelas empresas do país em 2005.O clube já antecipou quase todas as verbas que tinha para receber em 2007. Agora tenta fatiar os direitos de seus jogadores entre conselheiros para conseguir dinheiro.O Flamengo, classificado pelo presidente Márcio Braga como em situação quase insolvente, foi o sétimo que mais arrecadou, seguido pelo Vasco. "A Receita pode investigar o que quiser. Pode haver erro aqui, fraude não. Mas arrecadamos isso aí", afirmou o cartola.Em situação mais confortável, a CBF também faz parte da elite. Foram para seus cofres pouco mais de R$ 100 milhões

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