quarta-feira, junho 27, 2007

Aqui jogador ainda é tratado como propriedade...

O caso Marquinhos versus ABC é prova cabal e irrefutável da nossa mentalidade de província, é a confissão explicita da nossa repulsa pela modernidade nas relações trabalhistas. Marquinhos têm o direito sagrado de jogar onde melhor lhe aprouver, assim como pedir para ser dispensado de pagar multa contratual é perfeitamente natural. Marquinhos também têm o direito de manter sigilo sobre futuras negociações envolvendo sua vida profissional e se o presidente do ABC aceitou seu pedido, Marquinhos não cometeu nenhuma desonestidade, nada tem o jogador para sentir vergonha.
Ao que consta Marquinhos cumpriu suas obrigações para com o clube, foi correto nas suas relações de trabalho, respeitou seus chefes e companheiros e fez o que todo atleta tem que fazer, suou a camisa e se empenhou ao máximo nas suas funções. Portanto ao perceber que seu ciclo no ABC estava chegando ao fim, nada mais justo que buscar novos horizontes e nada mais correto que buscar esses horizontes em um clube da primeira divisão. Que jogador nesse país não gostaria de disputar a Série A? E porque Marquinhos seria diferente? Desde quando alguém é obrigado a pedir permissão para trabalhar algures ou alhures?
Mas infelizmente não é assim que pensam nossos “modernos” dirigentes, não é assim que funciona sua lógica. Falam de democracia, liberdade, cidadania e direitos com desenvoltura, pregam modernidade e encantam os simplórios em meros exercícios de retórica. Porém ao se sentirem contrariados mostram sua verdadeira face, pegam o rebenque e se postam nos degraus imaginários da velha casa grande em que suas almas de “coronéis” ainda habitam e passam a gritar ordens a seus feitores, a cobrar castigos e retaliações contra os que não entendem que uma coisa é o que dizem, outra é o que pesam.

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