- O futebol não é apenas um jogo, nem se resume a estádios lotados, torcidas fanáticas e horas e horas de mídia a discutir desde tática à vida pessoal de um ou outro jogador. O futebol é o esporte da imensa maioria e tem histórias que são muito mais nobres e gratificantes que a inócua e estéril discussão sobre quem é melhor que quem.
É uma dessas histórias nobres que publico abaixo...
Antes, porém, me sinto na obrigação de escrever algumas palavras sobre a fonte dessa história... O Blog do Birner (http://www.blogdobirner.net).
Travei meu primeiro contato com o jornalista Victor Birner através da Radio CBN, onde ele é parceiro de Juca Kfouri no programa CBN Esporte Clube (apresentado todos os dias, após a voz do Brasil). Inteligente, bem informado, imparcial, dono de posições firmes e com uma visão ampla de mundo, Birner é com certeza um dos melhores e mais competentes jornalistas esportivos do país. Posteriormente, passei a ser leitor de seu blog e, confesso virei assíduo. Mais tarde, Birner arregimentou um time de craques e junto com eles, nos brinda diariamente com informações isentas e um jornalismo esportivo digno de nota.
A história abaixo foi escrita por um desses craques que Birner convocou para seu blog... Xico Malta.
Os craques do Capitão Nevill
Por Xico Malta
Nunca a famosa esfera teve um papel tão significativo como na batalha do Somme, durante a Primeira Guerra Mundial.
Esse combate que se desenrolou primeiro de julho de 1916 até o final de novembro do mesmo ano foi uma das mais sangrentas batalhas e um dos principais confrontos dessa guerra de trincheiras. As forças britânicas e francesas tentariam atravessar a linha alemã, que num eixo norte - sul totalizava 45 km de extensão.
O primeiro dia do confronto ficou marcado por um triste recorde para o exercito britânico. Cinqüenta e sete mil quatrocentos e setenta vítimas com 19 240 mortos.
No final de novembro, os britânicos decidiram interromper a batalha e o resultado foi tenebroso para os aliados, com seiscentos e vinte três mil e novecentos perderam a vida ou se feriram nos insignificantes treze quilômetros de avanço através as linhas inimigas.
E foi nessa ofensiva anglo-francesa que o futebol teve um extraordinário papel, numa aventura sem precedentes na história das guerras.
Alguns dias antes do início do ataque, os oficiais ingleses resolveram descontrair seus soldados. Várias divisões receberam bolas, luvas de boxe e cartas provenientes da Inglaterra.
Diante das circunstâncias, o Capitão inglês Nevill falou à Oitava Companhia do East Surrey Regiment para encarar a batalha como um jogo de futebol. O objetivo era ver quem chegaria primeiro dentro da trincheira alemã, chutando uma bola, como se lá fosse o gol adversário.
Na manhã do dia 01 de julho de 1916, o Capitão deu o pontapé inicial a esse “jogo” pouco banal. Sob o seu comando, seus homens com a moral elevada e motivados pela proposta de seu líder, saíram de suas trincheiras, cada um com sua bola, driblando as balas inimigas, como se todos fossem artilheiros correndo em direção ao gol.
A operação teve êxito. A Oitava dos Surreys foi uma das poucas companhias que conseguiram alcançar seu objetivo naquele dia, apesar do considerável número de baixas.
O Capitão Nevill também cairia nesse dia. Ele descansa no cemitério militar em Carnoy no Somme.
Duas bolas estão expostas na Inglaterra. Uma no National Army Museum e a outra no The Queen’s Regiment Museum, Howe Barracks, Canterbury, Kent.
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