O país da farsa se prepara para encenar mais uma das muitas farsas aqui já produzidas, e dessa vez em grande estilo... Pleiteamos e conseguimos a principio o direito de sediarmos a Copa do Mundo de 2014.
Nossos dirigentes irão representar o papel que mais agrada ao populacho; o de farsantes sérios e zelosos (o povão desse ensolarado país se delicia quando é enganado).
Até lá, iremos ensaiando com farsas menores, mas que são muito úteis no contexto geral da preparação da farsa maior.
Agora mesmo aqui no Rio Grande do Norte, o teatro está sendo montado e os protagonistas já começam os primeiros capítulos de uma velha, rota e repetitiva farsa... “Estamos preocupados com nossos estádios e com a segurança de quem os freqüenta”.
Com todo o respeito, mas não tem indústria de óleo de peroba que suporte produzir tantos frascos, quanto os que são necessários para besuntar as faces de madeira dos que insistem em fingir que tais preocupações são sérias.
Não sou nenhum experto no assunto, mas é impossível crer que o glorioso Corpo de Bombeiros leve ao pé da letra o que rezam seus manuais de segurança em relação aos campos de futebol das terras de Poty.
Também me custa crer que um órgão como o CREA, siga pari passo o check list de segurança criado por eles mesmos.
A Policia Militar com certeza absoluta, já sabe de cor e salteado onde estão localizados os “nós”, mas também com certeza, evita o choque e se faz de morta.
Outro participante é a COVISA, e aí, cabe uma pergunta: O órgão considera mesmo as condições de higiene de nossos estádios aceitáveis?
Temo por uma resposta honesta!
Por fim, temos ainda a FNF e a Associação dos Cronistas Esportivos do Estado (ACERN) que junto com os acima citados, também dão seu parecer.
A FNF já sabe seu texto e seus atores, já sabem suas falas. É claro que vão aprovar qualquer coisa que se pareça com um estádio. Afinal, sem esses depósitos de gente não há como fazer rolar a bola e sem a bola rolar, a FNF não tem nenhuma serventia.
Os cronistas esportivos são meros figurantes, estão no palco para dar certa credibilidade ao grand finale que é a apresentação do tal laudo que diz estar tudo em ordem, mas que em nome de alguns resquícios de seriedade, conterão alguns alertas sobre obras e mudanças necessárias. Esse é o truque para que todos escapem ilesos em caso de uma tragédia.
Como figurantes passivos temos a massa, o povão ou se preferirem os torcedores... É aí que o espetáculo ganha corpo e ritmo.
No contesto teatral, os torcedores são meros figurantes, são apenas sujeitos que saem de suas casas e vão sentar suas nádegas em bancos de cimento carcomido pelo tempo, usar banheiros fétidos, tentar lavar as mãos caso encontrem água nas pias e comer churrasquinhos preparados por qualquer um que precise faturar algum trocado. Torcedores são aqueles que aproveitam o festivo domingo, para saborear no estádio guloseimas “feitas na hora”, degustar um cachorro quente de incerta procedência e petiscar pipocas, amendoins, churros, algodão doce ou qualquer outra coisa "embalada" e ou manuseada com todos os requisitos de higiene.
Esses figurantes sabem os produtores da farsa, não terão transporte decente e se transporte tiverem, não terão lugar seguro para guardá-los. Serão obrigados a correr o risco de deixar seu veículo sob os “cuidados” de um bem treinado flanelinha.
Porém, além de torcer por seus times, terão que torcer para que sobre algum trocado após pagar o “módico e justo” preço do ingresso, comer e beber todas as iguarias a sua disposição.
Se não sobrar nada além de umas toscas moedinhas, pode ter que enfrentar o organizado “sindicato” dos flanelinhas que fará "forte pressão", até conseguir extorquir o pobre proprietário. Mas fique sossegado, tudo irá acontecer sob o complacente olhar das autoridades policiais.
Pois bem, é assim que ano após ano, a farsa se repete. É assim que tudo caminha, até que um pedaço de cimento se solte e leve consigo arquibancada abaixo, alguns alienados torcedores que adoram o papel de figurantes e que vibram em serem os patetas dessa ridícula peça teatral.
Por sorte, no Rio Grande do Norte o campeonato estadual só consegue mobilizar meia dúzia de gatos pingados e como todos sabem gatos pingados não derrubam estádios...
Ainda bem, pois tal situação permite que nossas autoridades fiquem tranqüilas com mais um show de falta de zelo pela vida humana.
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