sexta-feira, janeiro 09, 2009

Deu no blog do Ailton Medeiros - Parte 2

BOTAFOGO: ENTRE O CÉU E O INFERNO

A ESTRELA SOLITÁRIA TE CONDUZ

Enviado em 7/01/09 às 11h32min por Ailton Medeiros

Numa crônica famosa, Nelson Rodrigues definiu o torcedor do Botafogo como um pessimista imortal. De acordo com Nelson, todos os torcedores de futebol são parecidos como soldadinhos de chumbo. Têm o mesmo comportamento e xingam, com a mesma exuberância e os mesmos nomes feios, o juiz, os bandeirinhas, os adversários e os jogadores do próprio time. Menos o botafoguense.

“Ponham uma barba postiça num torcedor do Botafogo, dêem-lhe óculos escuros, raspem-lhe as impressões digitais e, ainda assim, ele será inconfundível. Por quê?”, indagava o dramaturgo pernambucano.

Ele mesmo respondia: “Pelo seguinte: - há, no alvinegro, a emanação específica de um pessimismo imortal.”

Evoco Nelson para contar que acabei de ler “Botafogo - Entre o céu e o inferno”, do jornalista Sérgio Augusto, botafoguense de corpo e alma. Sérgio conta em detalhes o inesquecível 6 a 0 que o time de General Severiano deu no Flamengo, então campeão carioca, no dia 15 de novembro de 1972. 

Um dos destaques daquele jogo foi o potiguar Marinho Chagas. 

“Marinho? Marinho garrinchou. Ignorou Rogério, enlouqueceu Moreira, fez overlappings desconcertantes e chutou duas bolas no travessão de Renato. Zagalo, técnico do Flamengo, punha as mãos na cabeça, sem saber o que mais inventar para contê-lo”, escreve Sérgio.

Prossegue o jornalista: “Habilidoso e veloz, tecnicamente impecável e seguro na marcação, Marinho tinha mais duas virtudes: atacava com determinação e possuía um chute potentíssimo, que a imprensa esportiva apelidou de ‘bomba do Nordeste’. No flanco esquerdo do campo ninguém o superava. Seria o melhor ala do Mundial de 1974, na Alemanha. Se menos deslumbrado e estabanado teria ido bem mais longe do que foi.”


Do blog:

O jornalista Sergio Augusto tem razão em relação ao jogo e a atuação de Marinho Chagas.

Estava no Maracanã, meu pai, eu e um amigo de meu pai que infelizmente não me recordo o nome, mas lembro que era um botafoguese calmo, tranqüilo e sem afetações...

Naquele dia, passou em nossa casa e após árdua "batalha" convenceu meu pai a ir ao jogo. 

Papai não gostava de assistir jogos de outras equipe e, alías, pouco se importava com a vida dos adversários (hábito salutar que herdei do meu velho nos meus tempos de torcedor), cedeu, mas impôs uma condição: - eu teria que ir.

Valeu a pena, pois além de ver o Flamengo massacrado, vimos uma tarde inesquecível de Marinho Chagas.

Porém, Sergio Augusto diz em seu texto outra irretocável verdade; Marinho Chagas, afogou-se no deslumbramento e na vida estabanada que sempre levou...

Uma pena, pois teria ido muito mais longe com certeza.

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