Juca Kfouri publicou em seu blog e eu, republico aqui, o artigo de Oliver Seitz, que demonstra a rela posição do negócio futebol no Brasil.
Vale a pena ler com atenção, pois o estudo efetuado pelo articulista, desmonta a crença que a bola é um grande negócio financeiro em nosso país.
Por OLIVER SEITZ
Universidade do Futebol.
A colocação dos clubes no ranking das empresas brasileiras evidencia o fraco poder financeiro do futebol no cenário nacional.
No ano passado, eu fiz um estudo bem simples que projetava o balanço anunciado do clube de futebol com o maior faturamento no país no ranking das maiores empresas brasileiras produzido pela revista Exame.
Na época, o São Paulo, com um faturamento de aproximadamente R$ 158 milhões, ficava na 1195ª posição, empatado com uma usina hidrelétrica mato-grossense que possuía seis funcionários.
A ideia era mostrar que apesar de ser extremamente badalado, o negócio do futebol em si não é muito grande e está longe de gerar tanta receita quanto à maioria das pessoas tende a imaginar.
Um ano depois, o São Paulo não é o clube que mais fatura no país.
Com a volta à Série A, Ronaldo e patrocínios, o Corinthians ultrapassou o seu rival e se tornou o clube que mais faturou em 2009, com R$ 181 milhões.
O São Paulo caiu pra terceiro, com R$ 174,8 milhões, um acréscimo de 10% em relação ao ano anterior, e o Internacional ficou em segundo, com R$ 176,2 milhões.
Apesar da evolução financeira, o São Paulo caiu de posição na projeção do ranking da Exame.
Se em 2008 o clube foi a 1195ª organização que mais faturou no país, em 2009 ele foi ultrapassado por oito empresas e caiu para a 1203ª posição, ficando entre a Camaquã Alimentos, empresa gaúcha de 179 funcionários localizada a 130 km ao sul de Porto Alegre e especializada em arroz parboilizado, e a Pioneiros Bioenergia, usina de derivados da cana-de-açúcar localizada no interior paulista.
O Internacional, que ficaria na 1201ª posição, faturou um pouco a menos que Rivelli Alimentos, empresa de Barbacena, Minas Gerais, que é especializada em frango e patrocinadora do América-MG, e um pouco a mais que a Sandvik Mgs, mineradora sueca com base em Guarulhos que, possivelmente por conta do desaquecimento da economia mundial, teve uma redução de mais de 50% do faturamento em relação a 2008.
Curiosamente, apesar de o Corinthians ter faturado em 2009 R$ 23 milhões a mais que o São Paulo faturou em 2008, o clube ficou exatamente na mesma posição do ranking da Exame que o campeão de faturamento do ano passado, a 1195ª posição.
Isso deixou o clube paulista entre a Alcoazul, mais uma usina de álcool, açúcar e biodiesel, que fica em Araçatuba, e o Hiper Moreira, de Goiânia, que, com uma única loja de 11 mil metros quadrados de área de venda divididos em dois andares, é, aparentemente, o maior hipermercado regional do Centro-Oeste do Brasil.
O fato de o clube que mais faturou do Brasil ter mantido a mesma exata posição projetada no ranking da revista em dois anos seguidos mostra que, se não houve grandes avanços comerciais no futebol brasileiro, pelo menos os clubes estão acompanhando o crescimento do mercado nacional.
Ao mesmo tempo em que isso é bastante positivo, o fato também consolida a ideia de que o mercado do futebol no país (e fora dele) é pequeno e gera muito mais exposição do que dinheiro.
Ademais, mostra que a preocupação da indústria do futebol como um todo não deve ser pautada pelas possibilidades de ganhos financeiros, mas sim no controle crescente e desenfreado dos seus gastos, principalmente com salários e valores de transferência.
Existe um nítido teto de receita que pode ser atingido pelos clubes de futebol do Brasil.
O buraco dos custos e das dívidas, porém, parece ser cada vez mais profundo.
Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br
Um comentário:
Muito bom. Mas creio que seria interessante uma análise setorial.
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