Situação dos estádios Copa do Mundo 2014
HISTÓRICO
Em 31 de outubro de 2007, o Brasil foi escolhido pela Fifa como país-sede do Mundial de 2014.
A definição das 12 cidades para receber os jogos ocorreu 31 de maio de 2009 e apontou as seguintes capitais: Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (MA), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
CENÁRIO ATUAL - ESTÁDIOS
Após inúmeras críticas da Fifa, as obras dos estádios da Copa de 2014 enfim dão sinais de avanço em quase todo o país. Mas duas cidades-sede, São Paulo e Natal, ainda enfrentam problemas para colocar de pé suas arenas.
Em São Paulo, maior cidade brasileira, capital do estado que gera 34% do PIB do Brasil e candidata a sediar a abertura da Copa, a situação permanece indefinida: o Corinthians promete iniciar as obras de seu estádio, mas nem o projeto está completo e tampouco foram liberadas as licenças necessárias para a construção.
A prefeitura paulistana anunciou incentivos fiscais para o projeto, mas pendências burocráticas e indefinições do clube continuam barrando o início da obra –marcado para 1º de abril. Apesar desses problemas, a Fifa enviou ontem (1º de março) ao Corinthians o acordo de estádio – stadium agreement – e oficializou a futura arena como sede paulista do Mundial.
A cidade de Natal avançou hoje um passo importante no processo para as obras do Estádio das Dunas. Na licitação, a construtora OAS apresentou proposta. O processo licitatório ainda deverá consumir mais algumas semanas, o que vai empurrar o início de obras para maio, junho ou mesmo para o segundo semestre de 2011.
Em Fortaleza, as obras do Castelão devem começar agora em março. O governo do Ceará espera que a prefeitura da capital finalize as obras do estádio Presidente Vargas, arena substituta até a Copa.
Cuiabá, uma das primeiras cidades a começar as obras em seu estádio da Copa, a Arena Pantanal, sofreu revés em novembro. O Tribunal de Contas do Estado encontrou indícios de irregularidades no edital da concorrência e suspendeu o repasse para as obras. Mesmo assim, o consórcio Santa Bárbara-Mendes Júnior continua tocando os trabalhos.
Praticamente garantido como palco da final, o Maracanã, mesmo em obras, teve dois reveses em fevereiro. Relatório do Tribunal de Contas da União encontrou irregularidades na licitação do estádio, como projeto básico insuficiente, o que torna a estimativa de custo da obra “peça de ficção”, segundo o tribunal. Após a divulgação do relatório, diretor do BNDES afirmou que há chances de o banco reter o financiamento para as obras.
Das arenas privadas, o Beira-Rio (Porto Alegre) já está em obras, mas vem sofrendo pressões da Fifa para contratar uma empreiteira que toque o projeto, o que elevaria o custo da reformados atuais R$ 155 milhões para até R$ 270 milhões.
Em Curitiba, o Atlético-PR assinou acordo em 20/9 com prefeitura e governo para a reforma e ampliação da Arena da Baixada, encerrando impasse que se arrastava há mais de um ano. As obras estão marcadas para junho, mas o clube ainda não contratou construtora. Em estágio mais avançado, Brasília, Manaus, Recife e Salvador seguem para obras de fundação. Belo Horizonte teve licitação suspensa para acompanhamento das obras, mas a reforma segue em ritmo normal.
Recursos
No ano passado, o BNDES lançou a linha de crédito ProCopa Arenas, que disponibiliza financiamento de R$ 400 milhões para cada estádio da Copa (financiando até 75% do valor da obra).
Até agora, cinco cidades-sede conseguiram a aprovação:
- Cuiabá (22/9), R$ 393 milhões, já liberados.
- Fortaleza (22/9), R$ 351,5 milhões, recursos já liberados.
- Salvador (22/9), R$ 323,6 milhões, também já liberados.
- Manaus (1/10), R$ 400 milhões. O banco havia suspendido o empréstimo no último dia 13/10 atendendo a pedido dos Ministérios Públicos estadual e federal do Amazonas. Em seguida, liberou parte da verba para a contratação do projeto executivo.
- Rio de Janeiro (14/10): R$ 400 milhões, ainda sem liberação.
Além do financiamento do BNDES, em julho passado, o Congresso aprovou a isenção de impostos federais para as obras dos estádios. Há perspectiva de que governos estaduais e municipais sigam o mesmo caminho.
A SITUAÇÃO EM CADA CIDADE
Belo Horizonte
Estádio Magalhães Pinto/Mineirão (público) A modernização do Mineirão foi dividida em três etapas. As intervenções tiveram início em janeiro de 2010, com obras de reforço estrutural e correção de patologias. Essa fase foi concluída em junho, mês em que o estádio foi interditado para obras mais complexas.
A segunda fase de reformas, iniciada em julho de 2010, inclui a demolição do anel inferior de arquibancada e o rebaixamento do gramado. As intervenções foram concluídas em dezembro.
Orçadas em R$ 11,6 milhões, as duas primeiras etapas foram bancadas com verba estadual. A abertura de envelopes da licitação da terceira fase de obras ocorreu em 16 de agosto passado. Apenas o consórcio formado pelas construtoras Egesa, Hap (mineiras) e Construcap (paulista) apresentou proposta.
Pelo modelo de negócio, a construção do estádio será bancada por um parceiro privado que, após 2013, com a obra concluída, passa a receber duas contraprestações do estado: uma fixa, para remunerar o seu investimento, e uma variável, para remunerar a operação.
O consórcio que se apresentou para gerenciar o Mineirão pediu contraprestação de R$ 3,7 milhões mensais para operá-lo por 25 anos. Se a receita mensal ficar abaixo desse valor, o estado completa a quantia; se ficar acima, operadora e estado dividem o excedente.
Orçadas em R$ 743,4 milhões, as obras da terceira fase serão bancadas pelo consórcio, que pretende tomar empréstimo de R$ 400 milhões do BNDES. Incluem a reforma do estádio, intervenções na esplanada do entorno, a construção do estacionamento coberto e da passarela que ligará o estádio ao ginásio Mineirinho. A reforma do Mineirão deve ser concluída em dezembro de 2012.
No momento, 70% da demolição programada para a área interna foi executada. O consórcio prevê que até 20 de março todas as cadeiras tenham sido retiradas. A próxima etapa compreende o início das demolições da parte externa, a execução de projetos de paisagismo e a supressão vegetal e serviços de terraplenagem.
Pelo acordo, os clubes mineiros (América, Atlético e Cruzeiro) ficam com a receita de estacionamentos (4.100 vagas) e de 54,2 mil dos 69 mil assentos durante seus jogos. Além disso, participam da receita gerada por bares e restaurantes.
O consórcio poderá explorar 15 mil assentos diferenciados, como camarotes e numeradas, além da receita de bares, restaurantes, lojas e museus. Ficará também com receita de shows e espetáculos, dentro do estádio ou na esplanada (que comporta 15 mil pessoas).
Em janeiro deste ano, liminar cancelou a licitação por pregão eletrônico para supervisão das obras do estádio. No mesmo mês, o escritório BCMF, do arquiteto Bruno Campos, foi contratado para os projetos executivos.
Brasília
Estádio Nacional de Brasília (público)
O início da modernização do Estádio Nacional Mané Garrincha ocorreu em 27 de julho passado com a assinatura, em Brasília, da ordem de serviço para as obras. O desmonte e a demolição mecânica das arquibancadas terminou em outubro passado e as obras de fundações foram concluídas no começo deste ano. No momento, a obra está na fase de concretagem dos tubulões.
Antes do início da construção, a licitação para as obras ficou quatro meses suspensa pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal, por suspeita de superfaturamento e de falta de garantias financeiras para as obras.
A licitação foi liberada em maio e, dois meses depois, o consórcio formado por Andrade Gutierrez e Via Engenharia foi escolhido para executar a reforma, tendo assinado o contrato com o governo distrital em 20 de julho.
O estádio é o segundo mais caro da Copa, com orçamento de R$ 671 milhões (era de R$ 696 milhões, mas o valor foi renegociado). Fica atrás apenas do Maracanã (R$ 705 milhões). Devido à capacidade de 70 mil assentos, Brasília pleiteia a abertura ou o encerramento da Copa.
Esta situação, no entanto, pode mudar. Com o anúncio do COL de que São Paulo receberia a abertura da Copa, o governador eleito Agnelo Queiróz cogitou a redução da capacidade do estádio para 40 mil lugares, o que pode também reduzir custos. A redução atende a pedidos do governo federal e de órgãos públicos.
A Fifa, no entanto, deu garantias ao governo do DF de que a decisão sobre a abertura não está tomada. Assim, a redução do estádio fica em suspenso até o anúncio oficial.
No dia 13 de setembro passado, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pediu a rescisão do contrato e a redução da capacidade de 72 mil para 30 mil pessoas, argumentando que a capital não comportaria um estádio tão grande. E segundo a consultoria Crowe Horwath RCS e o Tribunal de Contas da União, o Estádio Nacional Mané Garrincha podeficar ocioso e se tornar um “elefante branco” após o torneio.
A implantação da nova arena se dará no terreno do estádio Mané Garrincha, inaugurado em 1974 e demolido ano passado. O governador do DF, Rogério Rosso, e o presidente do COL, Ricardo Teixeira, lançaram simbolicamente a pedra fundamental em 27 de julho.
A proposta inicial é de que a obra tenha financiamento de R$ 400 milhões do BNDES e o restante do governo do Distrito Federal (GDF). Mesmo tendo problemas por causa da suspensão do financiamento que viria da Terracap, empresa imobiliária do Distrito Federal, o GDF afirma que tem reserva no orçamento para dar continuidade à obra. No início de novembro, o conselho de administração da Terracap suspendeu o financiamento acatando recomendação do Ministério Público, que considerou os repasses ilegais.
Cuiabá
Arena Pantanal (público)
A Arena Pantanal será erguida no terreno do estádio Governador José Fragelli, cuja demolição começou em abril e foi concluída na primeira quinzena de julho passado. No entorno será construído um parque com equipamentos de lazer, para incentivar o uso da área e a revitalização urbanística do bairro Cidade Alta.
A Agência Executora das Obras da Copa do Mundo do Pantanal (Agecopa) é responsável por contratos e obra. Com a fase de demolições concluída, a obra segue para as fundações.
Em novembro, no entanto, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) suspendeu os repasses do governo para o consórcio devido a irregularidades no edital. O tribunal considerou irrealizáveis os cronogramas propostos no contrato, e pediu ajustes. Mesmo assim, as obras prosseguem.
O projeto recebeu a medalha de ouro na categoria Empreendimentos Públicos do The Americas property Awards 2010, oferecido pela Americas Property Awards em parceria com a Bloomberg Television e o Google. O prêmio foi entregue nos dias 26 e 27 de novembro no Royal Lancaster, em Londres.
O consórcio Santa Bárbara/Mendes Júnior foi o vencedor da licitação, que teve resultado homologado em 30 de março. A parte física da arena custará R$ 342 milhões. A esse valor serão acrescidos os custos da compra das cadeiras, placar eletrônico, mobiliário e equipamentos para transmissão de dados, que serão licitados posteriormente.
O estádio terá 43 mil assentos e um sistema de arquibancadas e coberturas metálicas desmontáveis, que permitem redução da capacidade em 30%.
Teve financiamento de R$ 393 milhões do BNDES aprovado em 22 de setembro.
Considerando a fragilidade do futebol do MT, a Arena Pantanal corre o risco de se tornar um “elefante branco” depois da Copa, segundo a consultoria Crowe Horwath RCS e o Tribunal de Contas da União.
Curitiba
Arena da Baixada (privado)
O Atlético-PR assinou em 20 de setembro passado termo de cooperação financeira com a prefeitura de Curitiba e o governo do Paraná para liberar os títulos de potencial construtivo do terreno do estádio.
No final de setembro, os vereadores aprovaram modificação na legislação que repassa cerca de R$ 90 milhões em títulos de potencial construtivo referentes ao terreno da arena vinculados à construção da obra, orçada em R$ 130 milhões.
O Atlético-PR pretende começar a construção em junho/julho de 2011, mas ainda não contratou construtora.
Fortaleza
Estádio Governador Plácido Castelo/Castelão (público)
A atual estrutura do Castelão será parcialmente demolida para a modernização visando à Copa de 2014. A reforma está orçada em R$ 452 milhões e será viabilizada por meio de Parceria Público-Privada.
O processo licitatório começou em dezembro de 2009, mas o governo do Ceará divulgou apenas em 15 de setembro o vencedor. A demora fez de Fortaleza uma das sedes mais atrasadas da Copa. O consórcio Galvão/Serveng/BWA foi declarado vencedor com proposta de R$ 452,2 milhões, e vai operar o estádio por oito anos após a construção.
A licitação do estádio enfrentou ações na Justiça, questionamentos do Tribunal de Contas do Estado e por pouco não foi alvo de uma CPI na Assembleia Legislativa.
Além disso, reportagem da revista “Veja” publicada na edição 2.171 de 30 de junho levantou suspeita de favorecimento ao consórcio liderado pela construtora Marquise, que recebeu nota máxima na análise técnica. Segundo a revista, a empresa apresentou atestados falsos para comprovar experiência na construção de estádios.
O governo assinou a ordem de serviço para as obras e o contrato de financiamento com o BNDES em 13 de dezembro. As obras começaram pelo entorno, com a construção de um estacionamento.
O estádio será fechado apenas no final de março, enquanto o governo estadual espera a conclusão do estádio Presidente Vargas, que substituirá o Castelão. Sob a responsabilidade da prefeitura, as obras do PV deveriam ter terminado em dezembro, mas atrasaram.
Com o adiamento, o governo do Ceará combinou com a Fifa novo prazo de entrega do Castelão: abril de 2013, a dois meses da Copa das Confederações, evento ao qual Fortaleza é candidata a ser sede.
Fortaleza também pleiteia a festa de abertura da Copa e uma das semifinais, já que o estádio terá 67 mil lugares.
A obra do Castelão teve financiamento de R$ 351,5 milhões do BNDES liberado em 22 de setembro.
Manaus
Estádio Vivaldo Lima/Arena Amazônia (público)
Iniciada em maio, o final da demolição do estádio estava previsto para julho passado, mas foi adiado para outubro. É uma das arenas em processo mais avançado de construção. Já em outubro começaram as obras de fundação.
Dentro do cronograma acertado com o COL, as obras na Arena Amazônia entraram na semana passada na fase de instalação das bases de concreto que vão sustentar pilares e vigas das arquibancadas inferiores, que terão capacidade para 22 mil torcedores. De acordo com os prazos, essa parte do projeto deve ser concluída em dezembro deste ano.
A Andrade Gutierrez foi declarada vencedora da licitação em 4 de março do ano passado, com proposta de preço de R$ 499,5 milhões. Em julho, relatório do Tribunal de Contas da União apontou sobrepreço de R$ 63 milhões no edital do estádio.
Teve financiamento de R$ 400 milhões do BNDES aprovado em 1º de outubro, mas suspenso em 11 de outubro. O banco exigiu que o governo do Amazonas corrigisse irregularidades no edital, entre elas a de sobrepreço em diversos itens da obra.
Após acordo, o banco liberou em dezembro passado R$ 15 milhões para a contratação do projeto executivo.
Segundo a consultoria Crowe Horwath RCS e o Tribunal de Contas da União, o estádio corre o risco de ficar ocioso e se tornar um “elefante branco” depois da Copa.
Natal
Estádio das Dunas (público-privado)
O edital da Parceria Público-Privada para a construção do Estádio das Dunas foi o último a ser lançado, em 20 de setembro passado. Até então, o governo aguardava a aprovação de um Projeto de Lei (PL) estadual que autoriza a criação de um Fundo Garantidor para as obras, finalmente aprovado em 8 de setembro.
No entanto, nenhuma empresa demonstrou interesse na PPP na licitação de 4 de novembro, que terminou deserta. O governo conseguiu extensão de prazo da Fifa, remodelou seu projeto para atrair investidores e abriu novamente os envelopes hoje, 2 de março. Apenas uma empresa, OAS, apresentou proposta financeira. A Queiroz Galvão havia depositado a caução, mas não compareceu à entrega de envelopes.
Em 22 de julho, após questionamentos da Justiça e pressão de adversários políticos, o governador do Rio Grande do Norte, Iberê Ferreira de Souza, que concorre à reeleição, cancelou o contrato do projeto executivo do estádio (R$ 12,6 milhões), contraído sem licitação com a empresa paulista Grupo Stadia.
Além disso, o governo reduziu o valor do contrato do projeto básico de R$ 14,8 milhões para R$ 4 milhões, com a multinacional Populous. Até então, os contratos eram os mais caros entre as doze sedes.
Orçado em R$ 400 milhões, o Estádio das Dunas comportará 45 mil torcedores. Contará com sistema de arquibancadas desmontáveis que permitem redução de 10 mil assentos.
O Estádio das Dunas pode ficar ocioso após a Copa e corre o risco de se tornar um “elefantebranco”, segundo a consultoria Crowe Horwath RCS e o Tribunal de Contas da União.
Porto Alegre
Estádio Beira-Rio (privado)
Em 28 de julho passado, o Sport Club Internacional recebeu da prefeitura a licença ambiental para o início das reformas no Beira-Rio. No dia seguinte, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva participou de cerimônia de lançamento da pedra fundamental da reforma do estádio.
Em março próximo, o Inter deve concluir a instalação de 130 estacas que vão sustentar a estrutura metálica da nova cobertura do Beira-Rio e iniciar a reconstrução de parte das arquibancadas inferiores, demolidas em dezembro passado.
Para bancar obras orçadas em R$ 130 milhões, o clube vendeu o terreno do Estádio dos Eucaliptos (cerca de R$ 30 milhões) e pretende antecipar a venda de 100 camarotes e suítes da nova arena, com valor aproximado de R$ 1 milhão cada.
O clube, no entanto, vai decidir nas próximas semanas se continua tocando as obras de forma independente, ou se vai contratar uma construtora. A segunda hipótese encareceria as intervenções, que poderiam chegar a R$ 270 milhões, e levaria o clube a dividir receitas.
Reunião com o COL em 13 de outubro passado ameaçou colocar em xeque a participação do Beira-Rio na Copa. Mudando orientação de julho, quando havia aprovado o projeto e o financiamento, a Fifa pediu que o clube rebaixe o gramado do estádio para corrigir a curva de visibilidade do anel inferior.
A proposta foi rejeitada pelo Internacional, que começou a demolir as arquibancadas do BeiraRio em dezembro.
Recife
Arena Pernambuco (público)
O consórcio formado por Odebrecht, ISG (International Stadia Group) e AEG Facilities assinou o contrato de Parceria Público-Privada com o governo de Pernambuco em 15 de junho passado.
Na próxima semana devem começar as obras de fundações, mesmo com as máquinas ainda trabalhando na terraplenagem.
Parte do terreno da Cidade da Copa, onde será construída a arena, estava penhorado para 18 funcionários da empresa Perpart–Pernambuco Participações e Investimentos S/A por descumprimento de determinação judicial. O governo garante que o impasse foi resolvido.
Após o início da operação da arena, em 2013, o governo de Pernambuco pagará ao consórcio contraprestação de R$ 332 mil por mês, durante 30 anos, prazo da concessão. O valor total é de R$ 119,52 milhões, conforme estipulado no contrato de Parceria Público-Privada. O estádio será erguido em São Lourenço da Mata, a 19 km do centro do Recife.
Com custo de R$ 464 milhões, a arena integra o projeto “Cidade da Copa”. Além do estádio, está prevista a construção de conjuntos habitacionais, centros comerciais, hotéis e outros investimentos privados que, somados, chegam a R$ 1,6 bilhão. O cronograma de execução das obras do estádio está desvinculado ao dos projetos imobiliários, que também serão explorados pelos vencedores da licitação.
O novo estádio terá capacidade de 45 mil espectadores. Especialistas afirmam que se o governo falhar em conseguir o apoio dos três principais clubes da cidade (Náutico, Sport e Santa Cruz), que possuem estádios próprios, a nova arena pode virar um “elefante-branco” após a Copa.
Rio de Janeiro
Estádio Jornalista Mário Filho/Maracanã (público)
Após indefinições que se arrastaram desde setembro de 2009, o edital para a reforma do Maracanã foi lançado em 2 de junho do ano passado pela Secretaria de Estado de Obras do Rio de Janeiro (Seobras), responsável pelo processo.
Em 10 de agosto, o consórcio formado por Odebrecht, Andrade Gutierrez e Delta venceu a disputa com proposta de R$ 705,6 milhões – desconto de 2,14% em relação ao teto de R$ 720 milhões.
A demolição da arquibancada inferior já terminou e a da superior está em fase final. A Empresa Estadual de Obras Públicas do Rio de Janeiro (Emop) espera retirar todo o entulho até o final de março, quando começará a construir as novas arquibancadas.
Apesar de as obras continuarem, uma série de problemas ameaça a entrega do Maracanã no prazo exigido pela Fifa, em dezembro de 2012.
Em janeiro, estudos preliminares identificaram possível comprometimento técnico da estrutura que suporta a cobertura do Maracanã. Caso ela precise ser refeita, será necessário investimento adicional de aproximadamente R$ 200 milhões do governo do estado, num orçamento que já passou de R$ 600 milhões para R$ 705 milhões, devido a alterações realizadas no projeto inicial para atender exigências da Fifa.
Além disso, relatório do TCU divulgado no começo de fevereiro apontou irregularidades no processo de licitação. Segundo o órgão, a planilha orçamentária “beira a peça de ficção, já que não há projetos de engenharia suficientes que caracterizam os serviços contratados”.
Em vista disso, o TCU solicitou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que só liberasse 20% do valor do financiamento da obra. O banco aprovou empréstimo de R$ 400 milhões para o Maracanã em 1º de outubro. No entanto, diretor da estatal declarou que, devido aos problemas apontados pelo TCU, o empréstimo pode ser negado.
Até o momento, o Maracanã é o estádio mais caro da Copa. No início de 2010, antes de ser licitada, a obra estava orçada entre R$ 600 milhões e R$ 620 milhões. Segundo a Emop, o custo subiu devido a novas exigências da Fifa, como ampliação do número de camarotes e recálculo da distância entre a arquibancada e o campo.
Nos últimos dez anos o Maracanã foi reformado para o Mundial Interclubes de 2000 e para os Jogos Pan-Americanos de 2007, tendo consumido mais de R$ 300 milhões.
Salvador
Arena Fonte Nova (público)
Salvador foi a primeira cidade a definir a construtora da Arena Fonte Nova. Consórcio formado pelas construtoras OAS e Odebrecht foi declarado vencedor com proposta única na licitação encerrada em 22 de dezembro de 2009. O modelo é o de Parceria Público-Privada e prevê a concessão da arena por 35 anos.
Passado o processo de demolição, reciclagem e terraplagem do terreno, os operários trabalham, no momento, nos chamados testes de carga e cravação das estacas para as fundações. Segundo engenheiro responsável pela obra, 15% do projeto já foi executado. A implosão do estádio ocorreu em 29 de agosto passado.
Para este mês está previsto o início da instalação dos primeiros blocos de fundação. Em abril deve começar a montagem das estruturas de pilares, vigas e outros.
Desde janeiro do ano passado, governo e consórcio sofreram diversos reveses na Justiça, que questionava a condução do processo licitatório. O Ministério Público chegou a impedir os repasses do BNDES por considerar que o modelo de PPP adotado era irregular. O órgão afirmava que o banco é proibido de repassar os recursos diretamente às construtoras, como firmado no contrato com o governo da Bahia. O imbróglio já foi resolvido entre as partes.
A capital baiana formalizou sua candidatura à abertura da Copa em 13 de setembro. Para isso, encomendou estudo para ampliar o estádio de 50 mil para 65 mil assentos, por meio de arquibancadas desmontáveis. Também pretende receber a festa de abertura e a final da Copa das Confederações, em 2013.
O custo do estádio é de R$ 591,7 milhões. O governo pagará uma contraprestação anual de R$ 107 milhões ao consórcio durante quinze anos, que também inclui operação e manutenção, totalizando R$ 1,6 bilhão.
Teve financiamento de R$ 323,6 milhões do BNDES aprovado em 22 de setembro.
São Paulo
Estádio: Arena Corinthians
A capital paulista teve o Morumbi vetado pelo Comitê Organizador Local (COL) em 16 de junho e, até meados de novembro, era a única sede sem estádio definido.
No dia 8 de novembro, o presidente do COL, Ricardo Teixeira, junto com o governador e o prefeito de São Paulo, anunciaram o estádio do Corinthians, a ser construído em Itaquera, não só para representar a cidade, mas também para a abertura do Mundial.
O clube pretendia começar as obras em janeiro, mas teve que adiar o cronograma para 1º de abril.
Ainda há impasse em relação ao financiamento. O clube tem recursos para arena de 48 mil torcedores. Há parceria com a construtora Odebrecht, que captará o empréstimo com o BNDES, de aproximadamente R$ 400 milhões, e receberá os recursos do clube ao longo de sete a 15 anos.
Os cerca de R$ 200 milhões restantes para ampliar o estádio para 65 mil torcedores (mínimo exigido pela Fifa para a abertura) ainda estão indefinidos. A prefeitura de São Paulo anunciou incentivos fiscais para a arena (que integram programa municipal para incentivar o desenvolvimento da zona leste), que devem cobrir parte da ampliação.
Restam, no entanto, entraves de ordem burocrática. Dutos da Transpetro cruzam o terreno e podem impedir o início das obras, embora o Corinthians já tenha iniciado negociações com a companhia; clube e prefeitura precisam regularizar a situação do terreno através de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), já que o Corinthians não cumpriu cláusulas do contrato, firmado em 1988, que previa a construção de um estádio na área em cinco anos; licenças diversas precisam ser liberadas; nem clube nem Odebrecht solicitaram formalmente financiamento ao BNDES, apesar de conversas.
Apesar dessas dificuldades, ontem, 1º de março, a Fifa enviou ao Corinthians o acordo de estádio – stadium agrément – e oficializou a futura arena como sede paulista do Mundial.
No mesmo comunicado, a federação confirmou a exclusão do estádio do Morumbi da Copa.
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