Folha de São Paulo
Sérgio Rangel
Força oculta
RIO DE JANEIRO
O primeiro ficou
56 dias preso em Brasília, envolvido num suposto esquema de desvio de verbas
federais no Amapá em 2010.
O segundo foi multado em R$ 1,1
milhão pelo Tribunal de Contas do Amazonas no mês passado, por 35
irregularidades encontradas na sua prestação de contas quando era prefeito de
Eirunepé, em 2005.
O terceiro foi preso pelo
Exército, acusado de fazer boca de urna em 2010. Dois anos depois, foi eleito
prefeito de Boca da Mata, Alagoas.
Praticamente desconhecidos do
mundo da bola, Roberto Góes, Dissica Valério e Gustavo Feijó fazem parte do
pequeno grupo que vai escolher, em abril, o responsável por comandar a mais
alta entidade do futebol brasileiro, a CBF.
Os três presidem as federações
dos seus Estados.
No colégio eleitoral da confederação, eles são maioria, com
27 votos no pleito.
O poder deles é superior ao dos
clubes que disputam a primeira divisão do Campeonato Brasileiro deste ano.
Juntos, os times, como Flamengo e Corinthians, têm os outros 20 votos em jogo
na corrida eleitoral.
Responsáveis pela festa em campo, os jogadores, que ontem
fizeram protesto antes de cada partida pedindo bom senso, não têm nem poder de
voto.
Herdeiro político de Ricardo
Teixeira, que ficou 23 anos no poder, o atual presidente da CBF, José Maria
Marin, trata com carinho os obscuros cartolas regionais.
Em campanha silenciosa para fazer
o paulista Marco Polo Del Nero seu sucessor na eleição, Marin dobrou os
repasses para as federações.
O "mensalinho", como é chamado pelos
cartolas, pulou em um ano de R$ 30 mil para R$ 60 mil mensais.
Pelo menos 18
federações declararam, em seus balanços, que receberam, no mínimo, R$ 732 mil
no ano passado.
No total, Marin gastou quase R$ 20 milhões com eles.
Com tanto
dinheiro, não será fácil para a oposição derrotar Marin e Del Nero.
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