quarta-feira, novembro 20, 2013

Brasil, meu Brasil, brasileiro...

CBF domina votação do projeto de lei que perdoa calote de R$ 4 bilhões

Por José Cruz

O projeto de lei que perdoa a dívida de R$ 4 bilhões dos clubes de futebol está nas mãos da cartolagem intimamente vinculada à CBF.

Estranhamente, o projeto não foi apresentado pelo seu autor, o deputado Vicente Cândido (PT/SP).

Mas pelos deputados Renan Filho (PMDB-AL), filho do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o deputado Gabriel Guimarães (PT-MG).

Renan Calheiros é um dos líderes da bancada da bola no Congresso Nacional, curva-se diante do poder de José Maria Marin.

Essa estratégia tinha um motivo.

Assim:

O projeto de lei é do deputado Vicente Cândido. 

Ele disse isso: “Quem elaborou o projeto foi o meu gabinete”. 

Mas ao entregar para outro deputado apresentar, Vicente ficou liberado para assumir a relatoria da comissão que vai preparar a votação do projeto.

E o relator pode mexer à vontade no texto do projeto.

Ou seja, fará gato e sapato para livrar os clubes do pagamento do trambique de R$ 4 bilhões à Receita Federal e ao INSS.

E quem é o deputado federal Vicente Cândido?

Ele é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol e íntimo de Marco Polo Del Nero, também vice da CBF. 

É a turma de José Maria Marin infiltrada na Câmara dos Deputados para legalizar a sonegação fiscal de clubes devedores. 

Na prática é isso que ocorre.

Pior:

Na mesma estratégia, a presidência da Comissão que vai cuidar do projeto de lei é o deputado Jovair Arantes (PTB/GO), presidente do Atlético Goianiense, um dos clubes que deverá se beneficiar do projeto-caloteiro.

E nessa armação para perdoar quem surrupiou R$ 4 bilhões do fisco o governo, credor, se apresenta como avalista, via Ministério do Esporte. 

Em vez de o ministro Aldo Rebelo cobrar conforme a lei, coloca-se ao lado dos fraudadores explícitos. 

As reuniões que prepararam essa armação tiveram a participação de representantes do Ministério do Esporte, como Ricardo Gomide, assessor especial de Aldo.

Gomide armou ao lado dos deputados líderes do projeto, Vicente Cândido e Jovair Arantes, além de Weber Magalhães, vice-presidente da CBF para o Centro-Oeste, e Vandenberg Machado, lobista disfarçado de “assessor para assuntos parlamentares”.

Recentemente, o ex-presidente do Vasco, Eurico Miranda, declarou, em depoimento na Câmara dos Deputados, como o roubo ocorreu. 

Disse Eurico, sem constrangimentos nem medo de ser preso:

“Todos sabem que recolhíamos os impostos dos jogadores e dos funcionários do clube, mas não repassávamos ao INSS nem à Receita Federal.

Ou seja, o sonegador explicou como roubou, reconheceu a dívida publicamente e o governo, ainda assim, não chama a polícia, mas se alia aos ladrões.

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