Revista “VEJA” assusta Marin
Por Juca Kfouri.
José Maria Marin revelou espanto
a mais de uma pessoa com a entrevista de Paulo André à “Veja” desta semana.
“Até minha revista de cabeceira
deu espaço ao Bom Senso FC”, incomodou-se.
Em mais uma ótima entrevista, um
dos líderes do movimento disse aos repórteres Pieter Zalis e Alexandre Salvador
que:
” A gente espera que a CBF
apresente uma proposta que seja benéfica para o futebol. Senão, não há muito
que fazer além da greve”.
Disse mais:
“O atual futebol brasileiro não é
um produto qualificado”.
Mais ainda:
“Só 3% dos profissionais recebem
bem a ponto de encerrar a carreira e viver de renda”.
E ainda mais:
“Seria fundamental adotar o
modelo inglês, em que a confederação cuida da seleção e a liga de clubes do
campeonato.”
Não se sabe se Marin lê também a
“Folha de S.Paulo”.
Se lê, magoou-se novamente hoje
pela manhã ao ler o editorial do jornal em apoio ao Bom Senso FC que os
assinantes do UOL ou da “Folha”.
É como o blog ouviu do âncora do
“Jornal da CBN”, Milton Jung, nesta manhã:
“A graça maior deste final de
Brasileirão está em saber como os jogadores vão protestar na próxima rodada”.
Mas a CBF insiste em não
conversar com os artistas do espetáculo.
“Folha de São Paulo”
Editorial: Futebol mais sensato
Ainda não se descarta que a
previsão pessimista de Pelé sobre o Bom Senso F. C. mostre-se acertada. É
possível que, no fim das contas, nada mude na organização do futebol nacional.
A cada nova rodada do Campeonato Brasileiro, no entanto, os jogadores têm colhido
motivos para perseverar.
Com dois meses de atuação, o Bom
Senso já conquistou feito inédito ao unir uma categoria tradicionalmente
desunida. O movimento, que nasceu com 75 jogadores, hoje agrupa mais de mil
atletas profissionais. Dias antes dos jogos, cerca de 150 deles trocam constantes
mensagens pelo telefone celular.
O resultado é óbvio em campo.
Logo após o início das partidas, todos os atletas em todos os jogos
manifestam-se uniformemente de maneira simbólica. Na última rodada, sentaram-se
no gramado.
O gesto resume uma de suas
bandeiras. Querem aprimorar o irracional calendário do futebol brasileiro,
diminuindo o número de jogos na elite e aumentando o dos times menores;
ampliando as férias e a pré-temporada.
Ademais, o Bom Senso propõe o
"fair play financeiro": defende que os clubes gastem menos do que
arrecadam e honrem seus pagamentos --incluindo salários-- em dia.
Diante de demandas tão sensatas e
confrontada com uma força inédita, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF)
se viu compelida a agir. Anteontem, divulgou proposta com mecanismos para zerar
a dívida dos clubes e monitorar sua saúde financeira.
É um começo, sem dúvida, mas a
luta dos jogadores merece apoio para chegar mais longe. Em entrevista à revista
"Veja", Paulo André, zagueiro do Corinthians e líder do movimento,
acerta ao descrever a estrutura do futebol brasileiro como "emperrada,
enferrujada".
Os atletas que voltam ao país
depois de atuar na Europa, diz o ex-jogador do Le Mans (França), são os que
percebem com mais clareza a precariedade do futebol nacional. Merece atenção
sua sugestão de que o Brasil adote o modelo inglês, no qual a CBF cuidaria
apenas da seleção, deixando os campeonatos para uma liga de clubes.
Mudar não será fácil, mas o Bom
Senso tem demonstrado que o ceticismo --que nunca foi só de Pelé-- é cada vez
menos justificável.
Do blog:
Não posso deixar de confessar
minha alegria...
Afinal, o que esse blogueiro de
província vem pregando a mais de 10 anos, finalmente foi encampado pelos
jogadores mais lúcidos e mais inteligentes e o melhor, finalmente a grande
mídia abriu os olhos para o óbvio.
Fico feliz.
Sempre disse para os amigos mais
íntimos que a ida de futebolistas brasileiros para a Europa iria acabar por
trazer mudanças.
Eles viverão uma outra realidade,
verão organização, descobrirão caminhos possíveis e sensatos e ao voltar, em
algum momento vão se posicionar...
Esperem, vai acontecer...
Mais cedo ou mais tarde, vai
acontecer.
Era essas as palavras ditas no
colóquios e foram quase essas as palavras ditas em muito programas dos quais
participei.
Nosso futebol deixou de ser o
melhor do mundo quando parou no tempo e não quis ver o que acontecia ao redor.
Não confundam futebol com saber
jogar futebol...
Ainda sabemos jogar melhor que
todo o mundo, mas nosso futebol está a milhões de anos luz do futebol deles.
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