A Série D tem que crescer não só
em clubes, mas em calendário
Por: Felipe Lobo/Trivela
Ter uma Série D maior e com mais
times disputando era um pedido antigo de federações e clubes.
A quarta divisão brasileira é um
fio de esperança para tantos clubes que só tem no estadual o seu calendário
garantido (e em copas regionais, que ajudam o clube a não ficar parado o ano
inteiro).
Portanto, quando a CBF anuncia
que o aumento do número de times veio, seria para se comemorar. O problema é
que a fórmula de disputa não ajudou.
Mais do que isso, ela piorou o
que já existia, tirando datas dos times que disputam a competição.
Um dos problemas da Série D é que
é a competição mais curta em termos de calendário.
Isso se dá por razões econômicas.
Clubes do interior acabam tendo
que enfrentar grandes distâncias para fazer seus jogos, com dificuldades de
logística.
Tudo isso deve ser considerado e,
até por isso, os grupos já eram montados de forma regional (ou o mais próximo
disso possível).
A grande questão da Série D é
fazer com que ela tenha mais calendário.
A fórmula antiga, com 40 clubes,
tinha grupos com cinco times em cada um, em jogos de ida e volta.
Portanto, cada clube jogaria o
mínimo de oito jogos na primeira fase.
Com mais times, além de dar a
mais clubes a chance de jogar uma competição nacional, também poderia aumentar
o número de clubes por grupo e, assim, dar mais jogos a cada um deles.
Seria a chance, por exemplo, de
ter grupos de 10 ou 12 times para, assim, dar ao menos 18 datas aos times.
Uma competição que dura um
semestre todo.
Só que a fórmula escolhida pela
CBF, na prática, diminuiu o número de jogos por clube.
Serão 17 grupos de quatro times e
se classificam ao mata-mata os primeiros colocados e mais os 15 melhores
segundos.
Os confrontos eliminatórios serão
em ida e volta.
O problema disso é que se antes
os times tinham ao menos oito jogos, agora são apenas seis.
Aumentou-se o número de times,
não melhorou o problema de calendário.
Não satisfeita, a CBF ainda
piorou a situação.
E se formos ver por que a mudança
aconteceu, a situação é ainda mais grave.
A CBF tinha aumentado o número de
vagas de 40 para 48, o que beneficiou apenas alguns estados, os de maior
ranking, de acordo com a entidade.
A reclamação das federações dos
demais estados, eleitoras tanto quanto as maiores, surtiu efeito.
Surgiram, então, 20 novas vagas e
todos os estados foram contemplados.
Não por uma melhora, não com um
planejamento pensado e estudado.
Pura e simplesmente para atender demandas
políticas.
Assim, a Série D terá quatro
vagas para São Paulo; três para Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, Paraná, Pernambuco, Goiás e Bahia; duas vagas para Ceará,
Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Pará, Mato Grosso, Maranhão, Paraíba,
Distrito Federal, Amazonas, Acre, Piauí, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo,
Tocantins, Amapá, Roraima e Rondônia.
É digno de elogios que a CBF
cubra os custos dos clubes na competição, ainda mais considerando que são 68
clubes.
Mas, afinal, é para isso que ela
serve.
E é para isso que deveriam servir
as federações estaduais também, porque é nesse nível que os clubes mais
precisam de ajuda para se manterem existindo, sejam viáveis, inclusive
economicamente.
É um círculo virtuoso: times da
Série D com calendário significa mais torcedores atendidos ao longo do ano,
mais clubes em atividade mais tempo, mais jogadores tendo emprego, maior chance
de vermos jogadores sendo formados, times mais fortes em cada federação,
torneios mais atraentes em nível estadual e nacional e, portanto, campeonatos
cada vez mais sustentáveis.
Mais do que isso: os torneios
menores passam a ser também produtos interessantes para TVs, mesmo que locais.
Com a fórmula atual, a política
de atender mais federações é atendida, mas não vemos melhoras efetivas.
Vemos o mesmo de sempre: política
sendo feita e o futebol fica em segundo plano.
Se ele melhorar, é por acaso.
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