Imagem: Autor Desconhecido
“Justiça Seja Feita”
Sobre O Futebol Feminino
Por Laurete Godoy*
Texto pinçado do Blog sobre o
Movimento Olímpico de Alberto Murray
Tenho, ao longo dos anos,
assistido à evolução da prática do futebol feminino ao redor do mundo.
Estádios lotados, chutes
portentosos, dribles e jogadas sensacionais.
Diante dessa evidência volto no
tempo e hoje pensei em dois acontecimentos, que merecem ser lembrados.
Na década de 1980, envolvida e
comprometida com o esporte, eu participava de eventos promovidos,
especialmente, pelo Panathlon Club de São Paulo, que primavam pela excelência,
graças à competência e entusiasmo do querido e saudoso professor Henrique
Nicolini, fundador, alma e coração da entidade por várias décadas.
Em face da sua amizade com o
doutor João Havelange, este prestigiava sempre que possível, as solenidades
panathléticas paulistas.
Por isso, algumas vezes tive
oportunidade de estar com o antigo nadador brasileiro que, eleito para a
presidência da FIFA em 1974, nessa condição permaneceu por vinte e quatro anos.
Em um desses encontros, sabendo
do incentivo que ele estava dando à prática do futebol para mulheres e planejando,
inclusive, criar um Campeonato Mundial de Futebol Feminino, atrevi-me a
questionar:
- “Doutor Havelange, por
favor! Futebol para as mulheres? O senhor não acha que será violento demais?
Pelo tamanho do campo, pelo tempo de jogo, peso da bola e características da
modalidade? Acredito que assim será brutal e impraticável para as mulheres!
Desculpe, mas não creio que dará certo.”.
Ao que ele respondeu:
- “Você está redondamente
enganada. De início poderá ser lenta a aceitação, mas, com o passar do tempo,
verá que as meninas serão um verdadeiro sucesso. Elas jogarão tão bem quanto os
homens. Pode acreditar em mim.”.
Confesso que, apesar do
entusiasmo do ilustre presidente, duvidei, achei que a ideia era inviável e
seria um tiro na água.
Doutor Havelange continuou
investindo em sua certeza, o tempo foi passando e em 7 de julho de 2019 foi
realizada a final da oitava edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino,
considerada “copa das copas”, pela impactante audiência, tendo o público lotado
o Parc Olympique Lyonnais, em Lyon, para assistir à disputa do título entre as
equipes da Holanda e Estados Unidos.
As norte-americanas venceram a
partida por 2 x 0 e conquistaram o título pela quarta vez: 1991, 1999, 2015 e
2019.
O segundo ponto que me
impressionou em tudo isso, foi ver a equipe feminina dos Estados Unidos
tornar-se Tetracampeã de Futebol.
Volto no tempo e chego ao início
da década de 1970, época em que os norte-americanos mal conheciam o Futebol e
não se interessavam por ele.
Porém, no dia 15 de junho de
1975, o New York Cosmos apresentou ao público um novo jogador: o brasileiro
Edson Arantes do Nascimento.
Dez milhões de espectadores
assistiram pela CBS, a partida de estreia do Pelé, realizada no Estádio Downing
em Nova York, o que representou, na época, um recorde para jogos de Futebol.
A partir daí, o Cosmos ficou
famoso internacionalmente, por ser “a equipe de Pelé”.
Foi com Pelé que tudo começou por
lá e, no dia 14 de agosto de 1977, ocorreu recorde de público para o Futebol na
América do Norte: 77.691 pessoas assistiram, no estádio, o jogo entre o Cosmos
de Nova York e a equipe de Fort Lauderdale.
No ano de 1984, durante os Jogos
Olímpicos de Los Angeles, o torneio de Futebol superou as mais otimistas
perspectivas.
O povo afluiu maciçamente, a
frequência aumentou a cada partida e foram quebrados todos os recordes de
público registrados até então.
Nesse bonito espetáculo esportivo
realizado na França, visto por milhões de espectadores do mundo inteiro, fico
alegre por pensar que existem dois brasileiros que também merecem receber
nossos aplausos.
O Doutor João Havelange, que
acreditou e incentivou a prática do Futebol pelas mulheres e Pelé, nosso eterno
Rei, que com seu talento, apresentou o futebol aos Estados Unidos e levou os
norte-americanos a gostarem tanto do esporte, que sua equipe se tornou
Tetracampeã Mundial de Futebol Feminino.
*Laurete Godoy é ex-atleta,
professora, estudiosa do Movimento Olímpico, escritora e Panathleta.
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