Imagem: EFE/EPA/Giorgio Benvenuti
A aliança
entre Bologna e Mihajlovic
No intervalo
do jogo, internado para tratar uma leucemia, o treinador ligou para seu
auxiliar e pediu para falar com seu time que perdia fora de casa para o Brescia
por 3 a 1.
Ninguém sabe
o que Mihajlovic falou no telefonema que durou poucos minutos, mas na volta ao
gramado uma extraordinária reação do Bologna que virou o placar para 4 a 3, e
depois um grupo de jogadores que parou o ônibus na frente do hospital para
festejar a vida de Mihajlovic.
Pedro
Henrique Brandão Lopes
Quando o Bologna
desceu as escadas dos vestiários do Estádio Mario Rigamonti, na cidade de
Bréscia, depois dos primeiros 45 minutos de jogo, o placar marcava 3 a 1 para
os donos da casa.
O arrebatador
início de campeonato que empolgou o torcedor do clube bolonhês que viu uma
vitória e um empate nas duas primeiras rodadas, parecia que sucumbiria à visita
ingrata ao Brescia.
Internado
para o segundo ciclo de tratamento de uma leucemia, Sinisa Mihajlovic não pôde
viajar com seu time e estar à beira do gramado apoiando e orientando seus
comandados como fez contra o SPAL, depois de mais de 40 dias de outra
internação.
Normalmente o
clima no vestiário numa situação dessas é de completo abatimento.
Em apenas 45
minutos a expectativa pela vitória que representaria a continuidade da boa
campanha se transformou em uma frustrante e, por jogar fora de casa, quase
irreversível derrota por 3 a 1.
Ao ver pela
TV a fisionomia de seus jogadores, Mihajlovic ligou para seu auxiliar técnico e
pediu para conversar com o time no vestiário.
O que foi
dito pelo comandante aos comandados permanecerá como segredo pelo contrato de
honra firmado entre treinador e atletas.
Cabe ao
leitor imaginar o que alguém na situação de Mihajlovic diria para incentivar 11
jogadores a quase 200 km de distância e que perdiam por dois gols de diferença.
Fato é que a
conversa surtiu efeito e o Bologna partiu para a segunda etapa disposto a levar
a vitória na bagagem de volta.
Os jogadores
que subiram as escadas em direção ao gramado levavam consigo a certeza do triunfo.
Em apenas 15
minutos o que era improvável aconteceu: o Bologna empatou.
Primeiro com
Palacio, aos 11 minutos, e depois com Sabelli.
Vale usar a
imaginação mais uma vez para formar na mente a imagem de Mihajlovic em seu
quarto de hospital no momento do empate.
Se o empate
era improvável, a virada era impossível.
Porém
impossível é uma palavra que não existe no vocabulário de um treinador e seu
time que fizeram uma aliança de lealdade.
Aos 35
minutos da etapa final, Orsolini varreu de uma vez por todas a impronunciável
palavra do dicionário bolonhês escrito por Sinisa Mihajlovic e seus jogadores.
O placar de 3
a 4 poderia ser a maior expressão do carinho e respeito que existe no Bologna
de Sinisa, mas a aliança firmada teria sua cena mais bonita no retorno a
Bolonha.
Os jogadores
fizeram questão de parar o ônibus do clube na frente do hospital Sant’Orsola,
onde Mihajlovic está internado, desceram e na calçada mesmo cantaram e pularam
para festejar a vitória.
Na janela de
seu quarto, o treinador apareceu e comungou da felicidade do grupo acenando aos
atletas.
A festa que
começou pelo resultado em campo se transformou em uma celebração pela vida.
Enquanto o
tratamento contra a leucemia corre, o Bologna inteiro corre por Mihajlovic e
ele luta para sobreviver pelo incentivo que recebe dos atletas e da torcida que
levou uma faixa ao estádio com a frase:
“Combattiamo
ogni battaglia per Sinisa e per la maglia” “Vamos lutar essa batalha por Sinisa
e pela camisa”.
Com a vitória
frente ao Brescia, o Bologna alcançou a vice-liderança da Série A que está
somente na terceira rodada, com 7 pontos e atrás apenas da poderosa Internazionale,
que ninguém duvide do que pode fazer o Bologna de Sinisa e muito mais do que
isso, o que pode fazer o Bologna por Mihajlovic e vice-versa.
Imagem: Twitter Oficial Bolonha
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