sexta-feira, abril 17, 2020

Os bastidores quase sempre feios do futebol...

Imagem: Autor Desconhecido

Mais revelações colhidas na imprensa europeia...

O ex-diretor do AC Milan, Paolo Taveggia (na foto com van Basten) fez revelações surpreendentes de como eram os bastidores do futebol há trinta anos, precisamente quando fez parte da direção de uma das equipes mais importantes do futebol europeu.

Numa longa entrevista ao portal ‘Milan News’, Taveggia que foi diretor do clube entre 1986 e 1993, lembrou de vários episódios...

Porém, três que sobressaem, e todos envolvem árbitros.

As histórias vão desde subornos a saídas noturnas com 'meninas' acompanhadas de dirigentes rivais, Taveggia abriu “a caixa preta” ...

A primeira história diz respeito ao jogo diante do Real Madrid, pela Copa dos Campeões Europeus de 1988/89, ganha pelos italianos por 5 a 0.

"Além dos jogos que nos deram títulos, o jogo que mais desfrutei foi quando batemos o Real Madrid por 5 a 0. No dia anterior ao jogo, o nosso goleiro disse-nos que na partida de ida o Sánchez lhe tinha cuspido sempre que tentava se antecipar a ele e tomar a bola. Por isso, antes desse jogo fui falar com o árbitro e lhe contei isso. Bem... ao fim da primeira etapa o Sánchez tinha tomado um cartão amarelo! Depois do jogo, os jogadores do Real Madrid estavam doidos por terem perdido de goleada. O Berndt Schuster virou-se para mim e disse que eu que tinha comprado o árbitro. E eu respondi: 'se o tivesse feito não teríamos ganho por 5 a 0. Não somos como os seus dirigentes, que estão sempre comprando árbitros'. E fui embora".

Na discoteca com o árbitro

Taveggia lembrou uma partida com o Estrela Vermelha, da Taça dos Campeões Europeus de 1988/89...

O jogo encontro que foi adiado por causa do nevoeiro, mas que teve uma história por trás.

"O árbitro suspendeu o jogo e disse-me para esperar 45 minutos para ver o nevoeiro se dissipava. Fui ao vestiário após fumar um cigarro e vi uns quatro ou cinco jogadores tomando banho. Eles não tinham percebido que era uma suspensão temporária! Agi então de forma desesperada e disse ao árbitro que tinha compreendido mal o seu inglês e que a minha carreira estava arruinada por causa daquilo. Nesse momento ele olha para mim e me diz: 'bem, então jogamos amanhã'. Não disse isto a ninguém, só agora", assumiu o dirigente, que nessa mesma noite acabou numa discoteca de Belgrado... onde também estava o mesmo árbitro.

"Não conseguia dormir e, por isso, perguntei ao recepcionista qual era a melhor discoteca da cidade. Entrei num táxi com o assessor de imprensa, que me convenceu que o árbitro estaria lá também. Curiosamente, uns 30 minutos depois de lá chegar, aparece um Mercedes branco com o árbitro, os auxiliares e umas meninas, acompanhados por dirigentes do Estrela Vermelha".

A comida envenenada

A lista de histórias de Taveggia é longa...

Entre elas está a que se refere a semifinal da Copa dos Campeões Europeus de 1990/91, que os milaneses abandonaram o campo diante do Marselha, devido à queda de energia no estádio.

A decisão resultou no afastamento do clube das competições da UEFA por um ano e ainda a suspensão por duas temporadas de Adriano Galliani, dirigente máximo do Milan...

O relato de Taveggia, faz parecer que tudo nessa viagem foi retirado de um filme de espionagem.

"Nunca ninguém teve a coragem para contar o que se passou. Uns dias antes do jogo, o Uli Hoeness, do Bayern Munique, ligou-me para me dizer que o Beckenbauer (naquele tempo diretor do Marselha) lhe tinha dito que iam aprontar com a gente França, incluindo até a possibilidade de contaminarem a comida no hotel. Como eu era o responsável pela logística, decidi mudar o hotel à última hora. Nem o motorista sabia! Nessa noite fomos ao Velodrome para treinar e as portas estavam fechadas. Quando entrámos, demorámos uma eternidade para encontrar bolas e ao mesmo tempo avistamos umas pessoas a fazer algo junto do túnel", recordou...

O Marselha vencia por 1 a 0 e faltavam três minutos para acabar a partida quando o árbitro foi forçado a suspender o jogo devido a uma invasão de campo.

Taveqqia, conta o que aconteceu a partir daí...

"Fui ter com o árbitro e ele disse que sabia que o jogo não tinha acabado. Enquanto isso, os jogadores estavam a trocar camisas, enquanto tentávamos decidir o que fazer. Neste momento uma das torres de iluminação apagou. Foi quando o árbitro disse que as equipes tinham de voltar aos vestiários para que os torcedores fossem retirados e aí poderíamos recomeçar o jogo".

"A caminho do vestiário encontramos as portas do túnel fechadas. Foi um caos absoluto. Estávamos ali presos e o Jean-Pierre Papin começou cuspir em nós. A iluminação foi voltando aos poucos e o árbitro decidiu que o jogo tinha de recomeçar. Naquele momento, o Adriano Galliani desceu ao relvado, totalmente furioso. De repente as portas abrem-se e os jogadores entram para o túnel e correm para o vestiário. Naquele momento já era muito tarde para voltarmos ao campo, pois o árbitro tinha colocado a bola ao solo e apenas os jogadores do Marselha estavam em campo. Daí deu por terminado o jogo e aplicou-nos uma derrota por 3 a 0", relembrou, finalizando com uma acusação:

“A quebra de energia foi proposital. Pessoas que estavam junto ao túnel preparando os fogos de artifício para comemorar a vitória do Marselha deram ordem ao responsável pela iluminação para apagar os refletores com o intuito de dar maior impacto aos fogos.”

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