terça-feira, março 20, 2007

Discordar de quem se respeita, é sempre mais difícil...

- Hoje me vejo na posição de discordar de dois dos mais competentes, sérios e corajosos membros da imprensa esportiva do nosso estado. Marcos Lopes e Lupercio Luiz. Mas não se preocupem meus caros leitores, nada irá abalar meu respeito pessoal e profissional por ambos, nada irá modificar meu conceito em relação a eles (até por ser leitor assíduo de ambos e muitas vezes pautar meus comentários com base em seus textos). Porém, se faz necessário algumas correções sobre o conceito de culpabilidade, de responsabilidade e do clichê, “faz parte da cultura do nosso futebol”.

- No blog do Lupercio, me deparei com o texto “Judas Tadeu”...

Nele o velho guerreiro mossoroense, afirma que Judas não errou só, concordo! Afirma também, que Judas tem um conselho deliberativo omisso, discordo! E discordo por compreender que tal afirmação é generalista e, portanto, como toda generalização injusta. Creio que existam os omissos sim, creio até que seja a maioria, mas devem existir os que procuram influir, opinar, participar...
Lupercio é um homem experiente e vivido, dirigiu a Liga Mossoroense, é respeitado e influente junto ao Potiguar, clube do seu coração e sabe perfeitamente que os tais conselhos deliberativo, são verdadeiros ninhos de cobra, que a maioria de seus componentes é gente sem preparo algum, normalmente em busca de status social. Mas que também acolhem homens dedicados e sérios.
Lupercio também sabe que a presidência seja lá do que for, é faca afiada dos dois lados, pois tanto pode o mandatário ser um homem afeito a democracia, como pode ter pendores ditatoriais. No futebol brasileiro tais posturas ficam muito evidenciadas, já que nossos clubes em sua maioria são instituições falidas e portando sujeitas a presidentes e diretores “abnegados”, gente que bota a mão no bolso e que por fazê-lo se sentem donos.
Mas é preciso também dizer que Judas Tadeu, é um homem decente, honesto, integro e dedicado. Capaz de rompantes a arroubos na defesa do seu ABC, considerado por todos os técnicos, membros de comissão técnica e jogadores, como homem sério e cumpridor de sua palavra.
Mas meu caro Lupercio, Judas errou sim, se só ou não, é questão secundária. Mas errou e errou exatamente por suas qualidades, errou por acreditar que tudo o que já fez pelo ABC, lhe dá imunidade, não dá Lupercio! Infelizmente no futebol, a última impressão é a que fica.
Errou agora, como errou com Arnaldo Lira e Mauro Fernandes e errou por demorar a reagir e finalmente errou, assim como erra, quando não consegue separar a critica construtiva, da critica maldosa e sem substância...
Sabe meu amigo querido amigo, Judas errou como você também errou ao acreditar que propostas sérias e vida limpa podiam vencer as eleições da FNF, quando diante do “furacão” que avançava, se negou a jogar o jogo sujo, se negou a ser igual...
Judas errou sim, isso não o desqualifica e é bem provável que daqui a trinta anos, seu nome seja lembrado com saudade, mas ele errou como erramos eu e você em muitas circunstâncias de nossas vidas.

Já no blog do Marcos Lopes, li sobre as declarações do presidente do Alecrim Edvaldo Gomes e sobre a opinião de Marcos sobre o trabalho do treinador vereador.

Sobre a primeira parte da postagem, concordo em número, gênero e grau com o Marcos, entrar num campeonato apenas com a meninada não poderia dar mesmo certo. Mas o que Marcos não sabe, é que antes de começar o campeonato, estive com Edvaldo em um jantar do Alecrim, onde ele me apresentou o atual presidente do Remo e num papo informal, lhe falei sobre alguns jogadores da Tuna Luso que poderiam vir para o Alecrim, pois a Tuna passava por sérias dificuldades financeiras e precisava enxugar sua folha.
Falei também sobre Felipe Mamão, um dos artilheiros da Série C e que pertencia ao Remo, mas estava emprestado a Tuna. Cheguei mesmo a perguntar ao presidente do Remo se ele facilitaria a vinda do jogador e esse respondeu que seria possível, já que gostaria de ajudar ao Alecrim. Posteriormente quando levei Vereador ao TVU Esporte, voltei a tocar no assunto, cheguei a passar os telefones de Flamel, Preto Marabá e lembrei a ele sobre o Felipe Mamão... Até hoje não sei se ele ligou.
Mas Edvaldo tem razão quando diz que no futebol tem muita malandragem, tem sim presidente, tem até em demasia.
Mas vamos ao meu ponto de discordância com meu amigo Marcos Lopes... Edvaldo e Vereador têm culpa sim, e a culpa de ambos fica clara na frase final do presidente, que afirma o seguinte: “Quando faltavam quatro rodadas disse a Vereador que ele tinha perdido o comando, mas ele quis continuar”.
Nesse encontro, um deveria ter pedido para sair e o outro não deveria ter permitido a continuação. A demissão de um comandante, não é parte da cultura do nosso futebol, é parte da cultura da própria vida, se um policial na rua comete um desatino, é punido, mas seu superior perde o comando, se uma empresa por descuido de seus executivos dá prejuízo, todos são demitidos, inclusive seu presidente.
Conheço uma história que ilustra bem isso – Um coronel do exército perdeu sua estrela de general por ter sua filha sido flagrada na escada do edifício onde morava praticando felação em seu namorado. Alguém pode perguntar, mas o que o coronel tinha a ver com isso, como poderia evitar tal ato? Em tese, o questionamento é válido, mas ao ser chamado por seu superior, o oficial ouviu humilhado a seguinte justificativa:
“Se o senhor foi incapaz de conquistar o respeito de sua própria família, se não conseguiu ensinar princípios de pudor e moral dentro do seu lar, não creio que esteja apto a ascender ao generalato”. Toda uma vida dedicada a sua profissão e ao sonho de atingir o ápice da carreira, escorreram pelo ralo, apenas por um ato tresloucado de uma filha adolescente e irresponsável. Portanto meu caro Marcos, Vereador é culpado, não por ser incompetente, mas por não saber ainda comandar.
A única coisa que faz parte apenas da cultura do nosso futebol, é que só os treinadores e atletas são demitidos. No mundo civilizado, os presidentes também caem.

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