- O Alecrim viveu muitos anos entre a cruz e a espada, perdeu patrimônio, perdeu prestigio e viu seu lugar de rival dos dois grandes ir parar em Mossoró. Agora, ironicamente quando conseguiu alguém para investir e administrar com algum profissionalismo, se vê a beira do precipício e milímetros o separam da queda para o inferno da segunda divisão. Essa situação me remete a um caso que se costumava contar em Brasília na década de 70 quando Antônio Venâncio, um cearense sem nenhuma cultura ou escolaridade e que fez fortuna com seu trabalho, visão e algumas mutretas durante a construção da cidade, enveredou pelo mundo da construção civil. Dizia-se há época que o “Doutor” Venâncio recebeu dois jovens em seu escritório trazendo cartas de apresentação de políticos influentes e essas cartas pediam emprego para os rapazes. Venâncio em consideração as “patentes” dos missivistas, pessoalmente entrevistou os candidatos. Ao primeiro, um engenheiro formado em São Paulo, Venâncio perguntou: Quantos casarões de mais de cinco andares você já fez? O jovem encheu o peito e disse: O senhor quer dizer edifício não é? Venâncio com seu jeitão bronco, respondeu: Meu filho, com o dinheiro que tenho construo pontes, estradas, casas e meus casarões e você com seu diploma ainda não consegue nem morar por conta própria, por isso está aqui. Afinal, você já construiu ou não casarões de mais de cinco andares? O engenheiro ficou e foi construir os casarões do “Doutor” Venâncio... O segundo um administrador de empresas com diploma conquistado no Rio de Janeiro e vários cursos pelo mundo a fora, Venâncio fez o seguinte questionamento: O que é um administrador de empresas? O rapaz olhou para ele e disse: Alguém com conhecimento e capacidade para lidar com a complexidade de grandes negócios e ainda apto para organizar, gerir e comandar esses mesmo negócios. Venâncio coçou a cabeça e disse: Menino, não vou precisar de você não... É que aqui, quem manda e desmanda sou eu!
O presidente do Alecrim é um homem de bem, mostrou ter boa visão e ótimas idéias, foi corajoso quando assumiu o barco e o fez com seriedade. Edvaldo deu condições mínimas ao elenco contratado e pagou religiosamente em dia os salários. Bancou o conforto que podia bancar e manteve mesmo sem jogos seus jogadores em atividade. Mas Edvaldo assim como a maioria dos que fazem o Alecrim, pouco ou quase nada entendem do assunto futebol, são pessoas puras, são enamorados, com uma visão muito provinciana do esporte e por isso vitimas fáceis do discurso do engenheiro e do administrador...
O futebol do Rio Grande do Norte, precisa de modernidade e amplidão de horizontes, mas também falta um pouco de Antônio Venâncio por aqui.
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