quarta-feira, outubro 10, 2007

Morte certa para os grandes e lenta agonia para os pequenos...

- Costumam os amigos dizer que ao pregar o fim dos Campeonatos Estaduais eu estou pregando o fim das pequenas equipes e destruindo a possibilidade de se revelar novos jogadores. Alguns mais afoitos costumam me tachar de elitista e de não pensar que encerrando as competições estaduais em prol dos campeonatos nacionais, estou tirando o direito das pequenas cidades de ter seu time e sua diversão dominical. Sempre que ouço isso prefiro silenciar a iniciar uma longa e estéril discussão. Muitas vezes já me perguntei se esses amigos chegam realmente a pensar antes de reagir, mas muitas vezes também já imaginei que meus argumentos é que eram frágeis e inconsistentes. Hoje mais amadurecido e menos inclinado a aceitar a hipocrisia, calo-me apenas por entender que os meus amigos defendem o indefensável por razões ou clubisticas ou para sustentar a tolice da igualdade forçada e não meritória. O futebol profissionalizado não comporta mais o belo romantismo dos anos 40, 50, 60 e 70. Não há mais como manter as equipes isoladas em suas “ilhas estaduais” competindo contra seus próprios conterrâneos. Não há como manter como outrora, o romântico e charmoso campeonato carioca e seus doze clubes (todos do Rio de Janeiro), nem é mais possível ver o Santos se digladiando com o Jabaquara, Portuguesa Santista e Juventus, sem que isso não signifique a diminuição da estatura do Santos e a morte dos outros. O Santos precisa enfrentar seus iguais e os outros só poderão crescer se puderem entender que sua missão é formar novos talentos e aos poucos ir construindo uma estrutura racional, profissional e eficiente. Todos os clubes têm o direito de sonhar com a Série A, isso é sagrado e ninguém tem o poder de impedir que esse sonho se realize. Mas há que se racionalizar isso, não se pode deixar que clubes que são patrimônio de um bairro, de uma cidade e de um estado, sejam destroçados e liquidados por causa desse sonho. Apenas para ilustrar, vou citar alguns clubes que sucumbiram diante da volúpia de conquistar uma grandeza que estava muito além de suas possibilidades... Lembram do Operário de Campo Grande? Do Rio Negro de Manaus? Quem não lembra, foram fortes, mas o tempo e a irresponsabilidade os transformaram em fantasmas, em indigentes agarrados a álbuns de fotografia e páginas amareladas de jornais onde suas glórias mofam. Sei que muitos vão discordar, sei que a maioria se move guiada pelas mãos temerárias do emocionalismo, mas vou continuar pregando no deserto, pois sei que a razão sempre se impõe, mesmo que para isso alguém tenha que perecer.

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