Se houvesse sido proposital, não teria sido tão perfeito, porém, quis o acaso que a televisão solicita-se a mudança de horário do clássico e com isso, o que por si só, já tinha uma forte dose de emoção, ficou ainda mais emocionante.
Abc e América entraram no Maria Lamas Farache, sem concorrência, todas as atenções estavam sobre eles, afinal a vitória de um dos dois, provocaria mudanças na tabela.
O Duque de Caxias, o Bahia e o Juventude, torceram pelo alvinegro, enquanto Fortaleza e Campinense torceram pelo rubro...
Azar dos dois, deu ABC!
Mas vamos ao jogo, ou melhor, “aos jogos”, pois quem foi ao Maria Lamas Farache, viu dois e pagou só um...
No primeiro, o América por 25 minutos mandou na partida, foi o dona da bola e das chances, mas quem tem Max, não tem nada e por isso, esse primeiro jogo terminou 0x0.
No segundo, o ABC começou a jogar com mais segurança e, calma e lentamente foi recuperando o terreno das “mãos” do adversário e impondo seu ritmo...
Não demorou e o resultado apareceu, pois se Junior Negão, atacante do ABC, estava solidário a Max na incompetência, Sandro não e, por isso, o segundo jogo terminou 1x0 para o ABC...
Permitam-me abrir um parêntese e ao seu final encerrar meu comentário, pois há gente mais competente que eu para tratar da “numerologia” tática e de como um treinador deve ou não agir para se tornar uma espécie de Alex Fergusson caboclo...
O parêntese que quero abrir é para falar do jogador Sandro, isso mesmo o “bichado” Sandro como alguns bocós alvinegros ou não, costumam chamá-lo...
Sandro, menino que bafejado pelo talento, não só lutou por sua afirmação como jogador de futebol, mas também pelo seu sonho de continuar a jogar, durante toda sua carreira.
Não sei ao certo, mas dizem que são oito as cirurgias que nele fizeram...
Ainda assim, ele não desistiu...
Continuou, acreditou, forçou a barra, ultrapassou o desanimo, à dor e as línguas ferinas...
Hoje, efetivamente, participou de apenas uma jogada, mas que deu ao ABC a vitória sobre seu mais ferrenho e respeitado adversário.
Eram decorridos 21 minutos da etapa final, o jogo parecia que caminharia para o empate, mas eis que a bola chega macia até seus pés...
Sandro a domina com delicadeza, olha a sua volta e decide que era hora de alguém decidir e arranca em direção ao gol do americano...
O primeiro marcador, se curva diante seus passos largos e Sandro avança...
Logo é cercado por mais dois defensores americanos, que ultrapassados pelo toque suave e exato, se esparramam pelo chão...
Sandro dá um último toque na bola para posicioná-la e, ao perceber a saída do goleiro Weverton, levanta a cabeça, escolhe o canto e com precisão, desvia a bola para as redes...
Silencio na torcida americana, silencio doído...
Dor que só foi superada pela imensa alegria dos alvinegros e pela elegância da comemoração de Sandro, que sem nenhuma explosão, mostrou que mesmo “bichado”, ainda conserva o talento que o vento soprou em sua direção e que as contusões não conseguiram “matar”.
2 comentários:
Parabéns Fernando.
Belo texto para um belo jogador.
Um craque, que jogaria novamente em qualquer time do Brasil se não tivesse sofrido tantas contusões.
Bonita homenagem ao jogador Sandro.
O que você quis afirmar em relação a Max quando escreveu "(...) quem tem Max,não tem nada, e por isso, esse primeiro jogo terminou ..."?
Inicialmente achei o termo muito forte para um jogador com grandes fragilidades técnicas...
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