quinta-feira, setembro 17, 2009

Quem paga manda, quem recebe obedece...

Um dia, ainda verei as pessoas compreenderem sem tanto sofrimento algumas leis não escritas, mas que para o bem ou para o mau, regem a natureza e o mercado...

Uma leoa, uma loba, uma gazela e ou qualquer outra espécie animal, ao parir, observa seus filhotes enquanto lambe a placenta...

Por que fazem isso?

Amor maternal?

Não só, mas talvez...

Porém, fundamentalmente, observam sua cria na busca de imperfeições...

Os filhotes imperfeitos são impedidos de sugar o leite nas tetas da mãe...

Crueldade?

Não!

Pragmatismo...

Simples assim, sem discussões estéreis, sem dores e sofrimentos inúteis.

A mãe sabe que um filhote imperfeito não verá o por do sol se tiver nascido pela manhã, assim como não verá o alvorecer se tiver chegado nas horas escuras.

A decisão de não alimentá-lo impedirá que o filhote seja “morto” por algum predador, evitará que o filhote sirva ainda vivo de alimento, evitará dor inútil.

Sua morte será morte de qualquer maneira, mas sem o desespero de ter que esperar passivo sem ao menos poder tentar fugir.

Leões, não atacam manadas compactas e nem animais saudáveis...

Procuram os retardatários, os velhos, os doentes ou os muito jovens...

E por que fazem isso?

Por serem estrategistas brilhantes?

Não!

Pragmatismo puro e simples...

Uma manada compacta ao ser atacada, dispara e ao disparar, não indicará a direção, correrá e ao correr, pisoteará tudo o estiver entre ela e sua rota de fuga...

Nenhuma leoa irá correr um risco tão alto por “prato de comida”.

O ataque se dará quando o bando perceber que a vantagem é sua e os riscos são mínimos.

Os comunistas que acreditavam na força do planejamento estatal geriam as economias de seus países baseados em planos plurianuais, tudo era minuciosamente detalhado, mas quase sempre, fracassavam...

Nos seus bem elaborados planos, eles sempre se esqueciam de combinar com as forças da natureza e aí, uma chuva burguesa, um vendaval plutocrata ou uma nevasca derrotista, acabavam em segundos com as grandes colheitas pré-estabelecidas nos sisudos comitês populares.

O Brasil patinou durante anos a fio na crença que planos econômicos impostos por decretos lei, domariam o mercado e findariam como um passe de mágica com a inflação e seus males...

A reserva de mercado vigorou nas terras ensolaradas como um poderoso escudo protetor aos empresários locais...

Os monopólios e os oligopólios reinaram sobre tudo e sobre todos...

O resultado foram décadas e décadas de atraso, para tudo e todos...

Mas percebo que essa visão ainda resiste, basta ver as reações aqui em Natal, a mudança de horário do jogo América e ABC, feita pela CBF a pedido da emissora de televisão patrocinadora do evento.

Ninguém consegue entender o mais simples o mais óbvio...

O campeonato brasileiro é organizado pela CBF, mas patrocinado pela televisão e, portanto, é a televisão que decide qual o horário lhe é mais conveniente...

Simples assim!

Os executivos da rede de televisão compradora do evento estão pouco se lixando se América e ABC, Internacional e Grêmio, Vasco e Flamengo, Palmeiras e Corinthians são clássicos ou não...

Eles trabalham com interesses de ordem comercial e ponto final.

Por outro lado, aos clubes cabe aceitar, pois a maioria só está jogando, graças à grana colocada em seus bolsos pelo contrato firmado entre a TV e CBF...

Mas há uma solução: qualquer clube pode recusar sua parte nas cotas e bancar sozinho, sua participação no campeonato...

Mas, duvido muito que exista tal herói dando sopa por aí...

Eu pessoalmente até concordo que esses contratos deviam ser mais bem elaborados, deviam ser mais discutidos e fundamentalmente, deviam buscar o melhor para os clubes, mas por enquanto, é o que temos é isso e é com isso que teremos que conviver, até que os clubes resolvam unidos, mudar essa realidade.

Até lá, América e ABC, Ceará e Fortaleza, Atlético e Cruzeiro, Bahia e Vitória e quem mais aparecer, irá jogar no horário em que quem banca estabelecer.
Todo o resto é conversa fiada.

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