quinta-feira, julho 07, 2011

Boleiros e empresários...


Jogador em meio período.

Por FIFA.com


A carreira de um jogador de futebol de ponta costuma ser curta, mas intensa. Treinos, jogos, viagens e competições ocupam por completo a agenda e fazem com que muitos nem pensem em se dedicar a nada mais até se aposentarem. No entanto, também há aqueles que não estão dispostos a esperar e decidem conciliar o esporte com outras atividades, seja no mundo dos negócios, seja realizando sonhos de juventude (geralmente muito distantes da bola).


Um dos casos mais marcantes é de Fabian Boll, meia do St. Pauli, da Alemanha. Para ele, provavelmente, nunca passou pela cabeça que ser jogador era incompatível com a tradição familiar. Por isso, ele divide o seu tempo entre os jogos e o trabalho na 17ª delegacia de polícia da cidade de Hamburgo — o mesmo número que exibe na sua camisa como atleta do clube. Boll é policial, assim como a sua mulher e como haviam sido o seu pai e o seu avô. Trabalha meio período e, nos fins de semana, folga para disputar os compromissos da equipe, que esta temporada esteve na primeira divisão, mas acabou sendo rebaixada.


E não é só ele. O futebol feminino também conta com outra agente de segurança com dupla jornada. É Sandra Smisek, bicampeã mundial pela seleção alemã e atacante do Frankfurt. Apesar de ter deixado o selecionado nacional em 2008 para poder dedicar mais tempo ao trabalho na polícia, hoje a jogadora ainda defende o clube.


No entanto, nem sempre a diversidade de empregos segue razões sentimentais e, sim, motivos mais triviais. Foi o que levou Roar Strand, ídolo do Rosenborg, da Noruega, a compatibilizar os seus primeiros anos como jogador do clube da cidade de Trondheim com o ofício de limpador de chaminés. A razão foi que o técnico Nils Arne Eggen queria evitar que o sucesso subisse à cabeça do atleta. Considerando os 16 títulos nacionais que o meia conquistou, a estratégia deu resultado.


Empresários de sucesso


Alguns jogadores chegam a mostrar a mesma habilidade tanto dentro de campo quanto no mundo dos negócios. É o caso do ex-zagueiro chileno Javier Margas, que disputou a Copa do Mundo da FIFA França 1998 pela seleção do seu país e foi campeão da Libertadores de 1991 pelo Colo Colo. Desde o começo da carreira de atleta, ele se dividiu entre o esporte e a direção de uma fábrica de concreto. Treinava pelas manhãs e ia à empresa durante a tarde. Porém, não satisfeito, Margas também se iniciou no ramo de motéis, no qual tem uma sociedade com o pai. Atualmente é um empresário de sucesso e não sente falta do futebol.


Às vezes, as constantes idas e vindas, características da profissão de jogador, não facilitam o bom andamento dos negócios. É o que aconteceu ao lateral Cafu, que acabou fechando a sua empresa de guinchos em São Paulo pelas dificuldades em dirigi-la desde a Europa, onde jogava.


Quando um jogador decide investir parte do patrimônio em um negócio, o ramo dos restaurantes costuma ser uma opção comum. Porém, mesmo nesse caso podemos encontrar exemplos curiosos, como o de Steven Gerrard. O ídolo do Liverpool não teve dúvidas em oferecer ajuda financeira para recuperar aquele que sempre havia sido o seu restaurante preferido. Um típico pub inglês? Nada mais distante: se tratava de uma brasserie ao melhor estilo francês em Southport, a poucos quilômetros da cidade onde ele fez fama no futebol.


Outro exemplo é o egípcio Mohamed Zidan, campeão africano com a sua seleção em 2008 e atacante do Borussia Dortmund, atual dono do título alemão. O atacante também tem um moderno restaurante no Cairo, onde você pode tomar um café enquanto se diverte com os amigos em um jogo de Playstation.


Velhos sonhos realizados

Mas, sem dúvida, o prêmio ao negócio mais curioso fica com o italiano Gennaro Gattuso. No ano passado, o jogador do Milan chegou perto de realizar outro sonho de infância, além do de ser estrela do futebol: tornar-se pescador. De família humilde e ligada à pesca, o campeão mundial de 2006 nem precisou deixar a cidade, a 140 quilômetros do mar, e abriu lá mesmo uma luxuosa peixaria chamada "Gattuso & Bianchi".


Outra estrela do futebol que quis voltar às origens é o meia do Barcelona Andrés Iniesta. O autor do gol do título da Espanha na África do Sul 2010 vem há vários anos cultivando os próprios vinhedos, situados em uma região de tradição vinícola muito próxima à sua cidade natal, o vilarejo de Fuentealbilla. No começo deste ano, ele começou a comercializar as primeiras garrafas de vinho branco, com uma série especial que leva o nome da filha, Valeria.


O sucesso no futebol permitiu que o peruano Claudio Pizarro e o francês Robert Pirès se dedicassem a outra grande paixão: a criação de cavalos. Algo parecido fez o argentino Sergio Agüero, que investiu no mundo da velocidade fundando a equipe "Agüero Competición". Com ela, quer dar a oportunidade para que pilotos sem condições financeiras se iniciem no automobilismo.


Mas não podemos terminar esta recapitulação das "outras" profissões e paixões dos grandes nomes do futebol sem olharmos os casos de três jogadores do Campeonato Inglês com dotes artísticos. Eles são Theo Walcott e Andrei Arshavin, do Arsenal, e Rio Ferdinand, do Manchester United.


Walcott se revelou um bom escritor de histórias juvenis. Já publicou quatro romances sobre as aventuras de TJ (álter ego do jogador, que tinha o mesmo apelido quando criança) e a sua turma de amigos, todos integrantes da equipe de futebol da escola Parkview. Mas se a vocação literária de Walcott é interessante, a criatividade do russo Arshavin não deixa por menos. O meia é dono de uma linha de roupa feminina de sucesso no seu país natal e já chegou a desenhar algumas peças.


Ferdinand, por sua vez, é um verdadeiro guru do estilo na Grã-Bretanha, onde dirige e edita a revista virtual #5 Magazine (referência ao número da sua camisa no Manchester), que trata de moda e tendências. Além disso, toca os projetos da sua gravadora de discos, a "White Chalk Music".


Policiais, estilistas, donos de vinícolas... Fica evidente que até mesmo os grandes craques do futebol têm sonhos a realizar e inquietudes que vão muito além do mundo da bola.



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