Como era de se esperar, os
dirigentes de federações foram os primeiros a espernear contra o manifesto dos
jogadores...
Donos de capitanias quase que
hereditárias, esses senhores feudais se arrepiaram todos diante da
possibilidade do movimento dos futebolistas ganhar força e conseguir mudanças
no atual calendário do futebol brasileiro.
Os presidentes das federações
gaúcha, paranaense e pernambucana de imediato se colocaram contra o
manifesto...
Nervosos, sugeriram que a redução
do número de jogos deveria por consequência ser acompanhada de uma redução
salarial...
Apelaram para comparações esdrúxulas
com o basquete e voleibol sem que suas mentes brilhantes atentassem para as
diferenças de intensidade, esforço, duração de cada atividade esportiva, ou para
as que são predominantemente eróbias ou anaeróbias, como bem citou o jornalista
Juca Kfouri...
Como exemplo da falta de
conhecimento dos cartolas que presidem as federações, faço a seguinte pergunta:
Quantas vezes, você leitor, já
ouviu falar de alguma reunião desses senhores com pesquisadores das ciências do
esporte e com fisiologistas para tentar entender um pouco mais sobre o efeito
do excesso de partidas na saúde dos atletas?
Quantos estudos existem nas
federações sobre os prejuízos causados aos clubes por contusões causadas pela
excessiva quantidade de jogos?
Sou capaz de apostar quem a
primeira pergunta terá resposta, assim como nenhum estudo será encontrado em
nenhuma federação.
Na verdade, a reclamação dos
presidentes de federação não está calcada em nenhum motivo nobre e sim, no medo
que o sucesso das reivindicações venha roubar datas dos seus medíocres
campeonatos estaduais e consequentemente, torná-los figuras dispensáveis.
Curiosamente, o Cruzeiro e o
Atlético Mineiro que se livraram de boa parte do campeonato mineiro, são hoje
os clubes que melhores resultados alcançaram nesta temporada...
O Atlético Paranaense que
boicotou o campeonato de seu estado, faz um excelente Campeonato Brasileiro.
Em tempo:
O presidente da Comissão Nacional
de Direitos Humanos da OAB, Wadih Damous, declarou seu apoio o manifesto dos
jogadores do Bom Senso F.C.:
“Os jogadores têm toda a razão. O
calendário que a CBF impõe é absurdo e atenta contra a dignidade da pessoa
humana, pois sujeita os atletas a lesões graves, já que não haverá pré
temporada, e desrespeita um direito sagrado de todo trabalhador brasileiro: as
férias de 30 dias. Os craques são os artistas e protagonistas do espetáculo e
devem ser tratados com respeito. Já a CBF é uma entidade parasitária, que nada
em dinheiro enquanto a grande maioria dos clubes se encontra na bancarrota,
além de estar permanentemente envolvida em escândalos de corrupção. É hora de
os clubes apoiarem os seus jogadores e também dizerem não à CBF. Os nossos
craques, que tantas alegrias dão ao povo brasileiro, podem contar com o apoio
da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB”.
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