A matéria abaixo é do site
Trivela...
A matéria mostra como uma pequena
equipe do pequeno futebol suíço está buscando alternativas para se manter
viva...
A direção do pequeno Thun, assim
como outras equipes do velho continente, não ficam esperando auxílio público...
Não mendigam por verbas que não
lhe pertencem.
Na Suíça, as pessoas não aceitam
que o dinheiro de todos seja utilizado para agradar alguns e beneficiar empreendimentos
privados...
Quer se manter na tona?
Seja criativo, ganhe a confiança
de quem pode investir no seu negócio...
Não fique sentado esperando ser
sustentado pelo estado.
É fácil se manter com dinheiro que
não vai precisar ser contabilizado ou explicado cada centavo gasto...
Assim, não é preciso pensar, não
é necessário profissionalizar sua comunicação e nem tão pouco se tornar
eficiente e atrativo o bastante para justificar patrocínios...
Basta fica sentado e gastar o que
vai faltar para alguém...
Nem precisa de público...
O estado garante a gastança e o
sucesso da incompetência.
Torcida suíça se une para bancar
o patrocínio que o clube não consegue
Por Leandro Stein
Para o site Trivela
Por mais que os românticos digam
que há outro caminho, não tem jeito: é impossível para um clube sobreviver sem
dinheiro, ainda mais em alto nível.
O que não significa que é preciso
se vender para toda e qualquer iniciativa em busca de trocados.
O grande exemplo da semana veio
do Peñarol, que recusou o patrocínio do governo do Azerbaijão por não admitir a
proposta etnofóbica.
Mas por que não transformar a
paixão pelo clube em um meio de sobrevivência?
Os programas de sócio existem
para isso.
Há também os exemplos de
Panathinaikos e Rangers, que tiveram suas ações compradas pelos torcedores.
E, nos últimos dias, o Thun
lançou uma ideia para se manter competitivo no Campeonato Suíço.
Embora tenha participado das
copas europeias quatro vezes na última década, o clube da cidade de 40 mil
habitantes está longe de ser uma potência na primeira divisão – a qual chegou
pela primeira vez apenas em 2002.
Dentro de um mercado reduzido e
sem muita exposição com os resultados, o Thun vem sofrendo para encontrar um
patrocinador principal para a sua camisa.
Para piorar a situação, a
proximidade da capital Berna costuma deixar o pequeno time à sombra do
tradicional Young Boys.
Um problema de difícil solução,
mas que a torcida tenta resolver através da própria união.
Os torcedores lançaram o programa
“Härzbluet für üse Thun” (em português, Sangue para nosso Thun) buscando
arrecadar dinheiro e bancar o patrocínio.
Segundo a imprensa local, o Thun
teria dinheiro o suficiente para bancar suas contas só até fevereiro, e
precisaria de cerca de US$ 1 milhão para fechar o caixa na temporada – o
orçamento do clube é o segundo menor entre os participantes do Campeonato
Suíço.
Até o momento, já foram arrecadados
cerca de US$ 100 mil pela torcida.
“A ideia é deixar os torcedores de diferentes camadas sociais ter igual
parte em um plano maior. Qualquer contribuição já vale e todos que doam têm o
reconhecimento, não importa a quantia. Esse ato de solidariedade das pessoas é
que pode salvar um time que pertence a todos os torcedores”, afirma Luki
Frieden, o criador do Härzbluet für üse Thun.
Nada mais natural do que a aposta
em uma torcida pequena, mas apaixonada.
A grande mostra disso aconteceu
na Champions League de 2005/06, a primeira vez que o Thun chegou ao topo do
futebol continental.
Na última partida da fase
qualificatória, os alvirrubros esgotaram pela primeira vez os ingressos no
Estádio Wankdorf, após a reforma para a Euro 2008 – algo que nem mesmo o Young
Boys, dono da casa, havia conseguido ainda.
Já em 2010, o clube inaugurou a Stockhorn Arena, seu estádio próprio,
com capacidade para 10 mil torcedores.
A arena multiuso, aliás, só foi erguida graças às parcerias privadas
feitas pelos dirigentes, já que os cidadãos de Thun recusaram financiar a obra
com fundos públicos.
A iniciativa dos torcedores,
obviamente, conta com o apoio dentro do clube.
Na volta do Campeonato Suíço após
a pausa de inverno, a camisa alvirrubra deverá estampar a marca do Härzbluet
für üse Thun – atualmente, a logomarca exibida é a do shopping que funciona ao
lado da Stockhorn Arena.
E não seria surpreendente se a
diretoria adotasse de vez a campanha no uniforme.
O que, convenhamos, seria
bastante justo diante da iniciativa.
Para um clube que costuma
terminar o Campeonato Suíço na parte de cima da tabela, mesmo com um orçamento
dez vezes inferior ao dos principais concorrentes, a sobrevivência já é uma
grande vitória.
E os exemplos do Eibar e do
Oviedo, que não fecharam suas portas na Espanha graças às doações, reforçam a
iniciativa.
Mais do que um esporte, o futebol
é um símbolo da sociedade, que se tornou tão grande graças às paixões que
movimenta.
Isso, nem mesmo o dinheiro pode
tirar.
E é o que garante toda a sua
essência.
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