Imagem: Autor Desconhecido
O que os
olhos não veem o coração sente
Pedro
Henrique Brandão Lopes
O jogo
acontece muito além do campo, nas arquibancadas a vida se faz presente e para
quem consegue enxergar isso é um presente.
Quando falo
em enxergar não pense nos olhos, mas sim no coração, na sensibilidade que
carregamos dentro de nós.
O Nickolas
tem 11 anos e não enxerga o jogo, mas vê tudo que sente quando está no estádio,
enxerga muito além do jogo, vê pelas palavras da mãe Silvia que vai narrando o
jogo e contando tudo que acontece em campo.
Silvia é o
José Silvério particular do Nickolas, com bordões, comentários, e com certeza,
gritos que arrepiam qualquer torcedor.
Nunca ouvi,
mas só de imaginar fico emocionado.
Muitas mães
contam histórias de livros aos filhos, Silvia e Nickolas têm um acordo um pouco
diferente.
Ela conta
lances que parecem pinturas, dribles que são valsas, furadas que mais parecem
comédias, vitórias que são aventuras, derrotas que são dramas, classificações
que são suspenses.
Tudo isso em
verde e branco, na arte que o Nickolas mais aprecia, o Palmeiras.
A Sociedade
não fica só no nome do clube, vai além e Silvia depois de dar à luz empresta os
olhos.
E diz
satisfeita ao repórter “o estádio é o lugar onde ele mais gosta de estar no
mundo”.
O repórter,
esse ser que deve ser invisível, que os manuais do bom jornalismo pregam que
não deve aparecer, mas foi por ele, pelo olhar atento de um grande profissional
que o mundo tomou conhecimento dessa cena linda.
Marco Aurélio
Souza, meus parabéns.
Você cumpriu
com maestria o papel do bom jornalista, contou uma história, viu pessoas além
do fato, enquanto todos olhavam para o gramado você decidiu olhar para a
arquibancada.
Genial.
Nickolas,
torça muito, divirta-se, aproveite cada momento no lugar que você mais gosta no
mundo.
Sinta a vida
como sei que você sente o Palmeiras e saiba que você me fez enxergar muito
melhor depois desse domingo à tarde.
Dona Silvia,
obrigado por dar amor, por ser amor e por fazer desse mundo um lugar melhor.
Enxerguei em
você minha mãe.
Ela não está
mais aqui, mas o tempo todo sopra umas coisas no meu ouvido para que eu possa
enxergar aquilo que não consigo.
Mãe é assim,
com açúcar e afeto faz os filhos verem o que não sabem ou conseguem ver, faz
dos filhos pessoas melhores e entregam para o mundo.
E futebol é
assim, é vida, é sentir com a alma o time de coração mesmo quando os olhos não
veem.
Nunca é
apenas futebol!
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