quinta-feira, dezembro 29, 2022

A enxadrista Sara Khademalsharieh desafia as leis do Irã e se apresenta sem o véu islâmico

Imagem: Autor Desconhecido

A Federação de Xadrez da República Islâmica do Irã qualificou nesta quarta-feira como inesperada a decisão da enxadrista iraniana Sara Khademalsharieh, que se apresentou sem o véu islâmico na Copa do Mundo de Jogos Rápidos que acontece no Cazaquistão...

O presidente da Federação Iraniana de Xadrez, Hasan Tamini, disse que não esperava que a enxadrista removesse o véu “porque ela havia participado de torneios anteriores cumprindo as leis” do país, informou a agência de notícias local iraniana Fars.

Tamini também informou que Khademalsharieh, de 25 anos, não participou do campeonato representando a federação, mas de forma “independente” e sem véu...

O Irã vive protestos antigovernamentais e protestos contra as normas religiosas islâmicas desde meados de setembro, após a morte sob custódia policial de uma jovem curda chamada Mahsa Amini, que havia sido presa por usar o véu incorretamente.

A lei iraniana exige que todas as mulheres usem o lenço na cabeça, incluindo atletas em competições internacionais...

Desde o início dos protestos, vários atletas iranianos em demonstração de apoio se apresentaram sem o lenço islâmico em competições de outros países, como foi o caso de Elnaz Rekabí, alpinista que escalou sem lenço em outubro passado.

Curiosamente, as jogadoras de xadrez do Irã desafiam a regra do hijab há vários anos...

Dorsa Derakhshani, Mestre Internacional e Grande Mestre Feminino desde 2016, foi banida da seleção nacional após se recusar a usar o lenço na cabeça durante o Festival de Xadrez de Gibraltar 2017, enquanto residia temporariamente na Espanha.

A enxadrista de 19 anos mudou-se então para os Estados Unidos, onde frequentou a Saint Louis University para representar oficialmente o país...

Em 2020, a Federação Iraniana de Xadrez expulsou a enxadrista veterana Mitra Hejazipour, também Grande Mestra Feminina desde 2015, por retirar o hijab durante o Campeonato Mundial de Rápidos e Blitz em Moscou, em 2019.

A enxadrista iraniana de 27 anos foi proibida de jogar por seu país por 18 anos e agora joga pela França...

O mais difícil, porém, é a pressão que recai sobre quem toma a decisão de não usar o hijab.

Um comentário:

jornal da grande natal disse...

Otimo! Parabéns para a destemida atleta do raciocínio.