quinta-feira, dezembro 08, 2022

A Jogadora de basquete norte-americana, Brittney Griner, transferida para uma das piores cadeias da Rússia, está com a vida em risco

Imagem: Autor Desconhecido

A situação de Brittney Griner é cada vez mais preocupante, uma vez que foi transferida para uma das piores cadeias da Rússia e os esforços dos Estados Unidos para libertar a jogadora, uma das melhores do país, têm tido sucesso...

De acordo com o jornal 'As', foi oferecida ao Governo russo uma troca de prisioneiros, mas a proposta não foi aceita. 

Condenada a 9 anos de prisão após ter sido detida a 17 de fevereiro no aeroporto de Moscou por posse de droga - foram encontrados na sua bagagem cartuchos com óleo de canabis, um produto ilegal na Rússia, que a jogadora alegou usar com fins medicinais -, Griner foi levada para uma colônia penal a cerca de 500 quilômetros da capital...

Os Estados Unidos temem pela sua integridade física, pois, a jogadora está numa prisão terrível, uma das mais duras do sistema prisional russo.

Olga Zeveleva, socióloga da universidade de Helsínqui, especialista em condições de vida nas prisões russas, tendo feito parte do projeto 'Ecos do Gulag', contou ao jornal 'The Guardian' que as prisões da República da Mordóvia, onde se encontra a norte-americana, são “reconhecidamente terríveis”...

“Sabe-se que ali há regimes muito duros e violações graves dos direitos humanos. É o lugar que qualquer preso quer evitar”, explicou, referindo-se à colônia penal IK-2, onde se encontra Brittney Griner. 

Herança de Stalin

Localizada numa zona desabitada, a quase 500 quilómetros de Moscou, a prisão foi construída nos anos 30 como parte do sistema gulag de Stalin e forma um dos maiores complexos penitenciários da Europa...

Judith Pallot, professora em Oxford, visitou o centro em 2017: “Quando você é como se entrasse numa sociedade diferente. Parece que o tempo parou 50 anos”, explicou também ao 'The Guardian'.

Pallot acredita que a jogadora norte-americana deve estar compartilhando uma cela com umas cem mulheres, num espaço reduzido...

“As prisioneiras não têm nenhuma privacidade. Não se pode ter objetos pessoais, como fotografias. Tudo é estéril e triste.”

As prisioneiras que ali chegam, passam duas semanas em quarentena, para controle de doenças infecciosas...

Entregam as suas roupas e recebem um uniforme e um lenço para cobrirem a cabeça, que têm de usar sempre.

Tudo está escrito em russo e ninguém fala outra língua...

O dia começa às 6 da manhã, com exercícios de grupo.

Depois seguem-se umas 12 horas de trabalho, basicamente de costura de uniformes do serviço penitenciário ou da força área russa...

Observadores internacionais denunciam há anos graves violações dos direitos humanos, como tortura e abusos sexuais nas prisões russas masculinas.

E embora nas femininas o nível de violência não seja tão elevado, há bullying entre reclusas e violência por parte das guardas...

Não há qualquer supervisão noturna e, segundo Pallot, o sistema não se foca na reabilitação, mas sim no castigo.

"Atmosfera de ansiedade e ameaça"

Nadezhda Tolokonnikova, que em 2013 fez parte da banda 'Pussy Riot' e que ali esteve detida durante dois anos, fez greve de forme, por causa da situação em que se encontrava...

Tolokonnikova denunciou jornadas de 17 horas de trabalho, bem como uma “atmosfera de ansiedade e ameaça”.

“Há privação permanente do sono, pressão para cumprir quotas de trabalho impossíveis, reclusas a ponto de desabar emocionalmente por completo, a gritar constantemente, sem parar, ou lutando por coisas mínimas”, explicou Tolokonnikova, em declarações à televisão norte-americana NBC.

“Mandaram a Griner para a pior prisão de toda a Rússia. Ali trabalha-se 16 horas por dia costurando e preparando uniformes. Há lesões porque o material e a maquinaria estão em más condições. São normais os espancamentos e as torturas, quase não há assistência médica. Se não estiverem a trabalhar nos uniformes as prisioneiras têm de fazer trabalhos físicos muito duros, como cavar valas ou partir blocos de gelo. Se alguém se negar, vai para uma cela de castigo, um espaço mínimo e gélido. Os barracões têm entre três e cinco banheiros para 100 ocupantes. Não há água quente... São lugares que não mudaram desde o tempo dos gulags. As condições são de escravatura. Algumas decidem suicidar-se, o que nem sequer é fácil num lugar destes”, acrescentou.

Uma ex-prisioneira, que quis manter o anonimato, contou, por sua vez ao 'Daily Mail' que a basquetebolista norte-americana corre perigo de vida: “Vão seguramente atacá-la durante o banho, será assaltada... O governo russo há muito que ensina ao seu povo que os norte-americanos são o inimigo da humanidade...”

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