sábado, dezembro 17, 2022

Alexander Villeplane, capitão da seleção francesa, boêmio, fora da lei e traidor de seu país

Imagem: Autor Desconhecido

A França, uma das poucas seleções europeias que participou da primeira Copa do Mundo, disputada no Uruguai em 1930, tem a honra de ter marcado o primeiro gol da história do torneio...

Lucien Laurent marcou em 13 de julho contra o México: essa partida também foi disputada por Alexander Villaplane (foto: segundo, em pé, da direita para a esquerda), capitão da seleção francesa e protagonista de uma história turbulenta com um final não exatamente feliz.

Villeplane nasceu em 1905 em Argel, então uma colônia francesa.

Aos 16 anos, mudou-se para a França para jogar no Sète (Cette, na terminologia da época; a mudança de nome da cidade só ocorreu em 1928), onde demonstrou talento, mas também um caráter complicado e uma ambição sem limites...

Da equipe Cette, saiu para o Vergèze.

Em 1926 foi convocado pela seleção francesa e participou das Olimpíadas de Amsterdã em 1928...

O futebol ainda não era totalmente profissional na França, mas Villaplane conseguiu receber dinheiro nos bastidores disfarçando sua renda com empregos fictícios.

Ele era um bom jogador de futebol e vários times o disputavam...

Em meio as muitas ofertas, Villeplane escolheu o Nimes e posteriormente foi para o Racing de Paris.

Na capital, levou uma vida boêmia...

Gastava muito dinheiro em cabarés e, sobretudo, em apostas nas corridas de cavalos.

De escândalo em escândalo

Após participar da Copa do Mundo de 1930, Villaplane assinou contrato com o Antibes...

Em 1932, a federação francesa implantou o profissionalismo, mas naquela mesma temporada Villaplane se envolveu em um escândalo de compra de partidas.

Expulso do Antibes, assinou pelo Nice, mas seu comportamento deixou muito a desejar: passou mais tempo apostando do que treinando.

A equipe caiu para a segunda divisão e ele foi dispensado...

Tinha 29 anos quando deixou o futebol: foi quando começou a aparecer nas manchetes por seu envolvimento em casos escusos (apostas clandestinas e ligações com o crime organizado).

A eclosão da Segunda Guerra Mundial revelou a face mais cruel de Villaplane...

Quando a Alemanha invadiu a França, Villaplane juntou-se às forças de Henri Lafont, um dos líderes da 'Carlingue', a Gestapo francesa que perseguia os membros da resistência.

Villaplane se especializou em uma tarefa perversa: ele chantageou judeus, pedindo-lhes grandes quantias para salvá-los dos nacional-socialistas, e quando foi pago, impiedosamente os delatou ou os entregou diretamente aos alemães...

O ex-capitão da seleção francesa tornou-se um dos chefes de uma milícia ligada aos alemães chamada Brigada do Norte da África, formada por colaboradores de origem norte-africana que perseguiam os judeus.

O massacre de Oradour-Sur-Glane

Ele também estava ligado ao massacre de Oradour-sur-Glane, uma pequena cidade francesa na qual todos os seus habitantes (643) foram brutalmente assassinados...

Em meados de 1944, Villaplane sentiu que Hitler perderia a guerra.

Ele tentou camuflar seu passado e sua imagem ajudando alguns judeus, mas os membros da resistência já conheciam sua história...

Ele estava prestes a ser linchado em agosto de 1944, quando Paris foi libertada.

Salvo pelos membros da resistência foi julgado por ter colaborado com o invasor e condenado à morte em 1º de dezembro de 1944...

Villeplane foi fuzilado em 26 de dezembro do mesmo ano no forte de Montrouge, nos arredores de Paris.

Um comentário:

jornal da grande natal disse...

O outro lado da história.