Imagem: TV Record
Morreu na manhã de hoje, no Hospital de Base de Brasília, Nilton César de Jesus, 26 anos, baleado no último domingo (07/12/2008) na Cidade Satélite do Gama, no Distrito Federal, pelo sargento PM, José Luiz Carvalho Barreto, durante confronto entre a PM do Distrito Federal e uma torcida organizada do São Paulo.
O roteiro dessa trágica história é marcado por atos estúpidos, violência desnecessária, trapalhadas e culmina com um policial sem nenhum preparo para conter distúrbios de rua, baleando acidentalmente um jovem que por sua vez, bem que poderia ter adentrado ao estádio sem se unir a um bando de idiotas que se arvoraram no direito de intimidar torcedores adversários atirando sobre suas cabeças, pedras e pedaços de pau.
Tudo começa com falhas no planejamento da PM do DF na montagem do esquema de segurança em torno do estádio...
Decantada em prosa e verso como uma policia de alto nível intelectual (hoje, para se entrar na PM de Brasília, é preciso ter graduação universitária), dona de equipamentos dos mais modernos e segundo afirmam seus oficiais, rígida na formação profissional de seus homens, a PM do distrito federal tratou o jogo como um evento banal e acabou manchada diante da opinião publica nacional e mundial.
Como explicar para a opinião pública o espaço deixado para que vândalos usassem livremente a via publica como “teatro de guerra”?
As proximidades do estádio e sua entrada deveriam estar sob a garantia da tropa de choque e não, guardada por policiais convencionais, pois esses estão aptos para lidar com as ocorrências do dia a dia e não para enfrentar um confronto de massa.
Como justificar um sargento com mais de vinte anos de serviço, investindo contra um homem desarmado, portanto uma pistola calibre. 40 em posição de tiro e dedo no guarda mato?
Pelo que me consta, até um vigilante sabe que só se pousa o dedo no guarda mato, para acionar o gatilho, se houver a necessidade de efetuar disparo.
Não me parece que o sargento José Luiz Carvalho Barreto tenha tido a intenção de matar Nilton César de Jesus, pois seu desespero diante da trapalhada é evidente, mas o sargento teve sim, a intenção de ferir e humilhar Nilton César (um vício que as policias ainda não conseguiram eliminar)...
Preste atenção no vídeo meu caro leitor, você verá que ao se aproximar de Nilton, o sargento José Luiz Carvalho Barreto, vira a pistola e atinge a cabeça de Nilton com a coronha e por essa razão, a bala penetra na nuca do rapaz...
Que justificativa irá apresentar o sargento José Luiz Carvalho Barreto, para explicar a coronhada em um homem que atende a ordem de parar e em sinal de rendição e submissão, ergue os braços?
Imprudente, açodado e descontrolado, o PM, acabou destroçando a vida de uma família, a sua própria (não creio que será o mesmo, depois de seu injustificável ato) e destruindo o mito de que o Distrito Federal tem a melhor e mais bem treinada tropa policial do Brasil.
O site oficial da corporação (http://www.pmdf.df.gov.br/) publica sob o titulo “Caso Bezerrão” os e-mails abaixo:
Os e-mails estão na sua forma original, não fiz nenhuma correção, mantive todos os erros de grafia, pontuação e concordância.
Cartas de otimismo ao sargento José Luiz Carvalho Barreto
A vida profissional policial militar é muito difícil.
Temos que suportar todo tipo de comportamentos de grupos e de pessoas mal intencionadas.
No caso bezerrão policiais militares estavam recebendo pedradas, no meio de uma confusão de torcidas.
Os policiais ficaram no meio da baderna, atingidos por pedras, sendo violados em sua integridade física para dar segurança às pessoas de bem que ali se encontravam.
Há de se atentar para o fato de que o Sargento, que é um ser humano, perdeu a cabeça por alguns instantes face à desordem provocada, inclusive pela vítima, cometendo uma infração penal.
Contudo, até mesmo pelas imagens, não quis matar.
É evidente nas imagens o desespero e o arrependimento do policial.
Espero que o colega seja sim julgado objetivamente por sua conduta e que aproveitadores não apareçam dando entendimento extensivo e subjetivo ao caso.
Lamento a morte do torcedor pela fatalidade ocorrida. Tenho certeza que em condições normais o policial não teria agido desta forma.
Altair Gonçalves da Silva, por e-mail
Vejo muitas críticas neste momento ao trabalho do PM José Luiz Carvalho Barreto.
No entanto, poucos são os dizeres que apóiam o Policial Militar, como por exemplo: avaliando o seu desespero, o seu desejo incontrolável em salvar a vítima, pedindo para chamar os Bombeiros, por estar inepto para tentar prestar socorro em virtude das circunstâncias.
É muito fácil, os apresentadores de jornalismo na TV, criticar, pois estão atrás de uma mesa e podem editar o que pretendem informar.
Ser Policial Militar, é lidar com fatos reais no momento que estes se passam.
São várias as interferências do dia-a-dia do cidadão José Luiz Carvalho Barreto e do PM José Luiz Carvalho Barreto, que mudam seu o estado psicológico de ser humano, proporcionando até mesmo a ele, indivíduo treinado, a incapacidade momentânea para o fato real.
Faço votos para que o cidadão/torcedor Nilton César de Jesus, que tem um nome tão espiritual, tenha uma súbita e total melhora, sem seqüelas, e não posso deixar de fazer votos para que a nossa imprensa, que tem noticiado se direcionando amplamente para a questão da imprudência e despreparo do PM, possa minimizar os seus ânimos e sua fome de noticia, e passe a demonstrar um pouco de solidariedade ao sargento José Luiz Carvalho Barreto, que no exercício da profissão, digamos de passagem, demasiadamente arriscada, estressante e realisticamente envolvendo situações violentas e inesperadas, trabalhou naquele momento, com insucesso.
Vale lembrar que cabe ao Policial responder pela parcela de responsabilidade que lhe cabe, no entando, que seja na medida de sua responsabilidade e avaliando os atenuantes, que são notórios.
Lamento o acontecido e espero que isto sirva de aprendizado para as instituições e as torcidas.
Espero ainda que cada indivíduo se pergunte se é necessário torcer loucamente, jogando pedras, quebrando bandeiras na cabeça de "rivais", chutando, espancando, pois nestes casos, sempre acontece de alguém inocente ou de boa-fé sofrer as conseqüências, seja como torcedor, ou como profissional.
E não será uma assertiva dizer que o PM José Luiz Carvalho Barreto não agiu como profissional, pois todas as profissões têm possibilidades de erro.
O que podemos fazer é diminuir ou até anular esta possibilidade com treinamento.
Homero Mattos, por e-mail
Carta de uma paulistana
Nós, a maioria dos paulistanos, apoiamos o sargento José Luiz de Carvalho.
Afinal, estava “tra-ba-lhan-do”, e não causando bagunça, algazarra e quebra-quebra.
Sou são-paulina, tenho um filho são-paulino e o outro corintiano.
Não temos o direito de ir no estádio torcer por nosso time, pois temos medo desses "torcedores?" que só querem "causar"...
Vimos pela imagem, que ele não queria atirar, foi totalmente sem querer, e vimos também seu desespero.
Deus está com ele e sua família.
Este torcedor vai ficar bem, e o sargento também.
Esta é a nossa torcida.
Todos somos seres humanos, acertamos e erramos, seja lá quem for.
Que seus mais de 20 anos na Policia Militar, trabalhando e defendendo o cidadão, seja levado em consideração.
De coração estamos com ele, seja lá o que vier a acontecer.
Nós gostaríamos se possível, que esta mensagem seja passada para ele.
O senhor está passando por uma provação de Deus, e com todo nosso pensamento positivo, passará bem, e será feliz, seja lá o que acontecer.
Lídia, por e-mail