sábado, dezembro 30, 2006

Eles estão evoluíndo, dirigentes, torcedores e imprensa não!

Eles ainda são minoria e devem continuar sendo por muito tempo. Eles ainda sofrem com as chacotas de companheiros pagodeiros e fãs de vídeo games. Ainda são vistos com reservas por dirigentes, que temem a melhora cognitiva e com ela a amplitude de horizontes. Eles ainda enfrentam o preconceito de treinadores boleiros, culturalmente medíocres e desconfiados com sua capacidade de concatenar idéias, exprimir pensamento e refutar absurdos. Mas aos poucos vão surgindo, vão florescendo, vão conseguindo se livrar arquétipo e do senso comum. Vão estabelecendo um novo padrão de atleta e de cidadão. Estou falando dos novos jogadores de futebol, gente que procura se profissionalizar, instruir e investir de forma inteligente no próprio futuro. Gente que busca contribuir para a melhoria de vida de jovens que são hoje o que eles foram no passado... A ampliação do mercado internacional e europeu, para nossos atletas em geral foi benéfica, lá eles se viram diante de uma outra realidade, de uma outra cultura e lá aprenderam muito. Ronaldinho Gaúcho, ainda carrega muito do velho meio, mas é fácil perceber as mudanças, basta comparar as entrevista dos tempos de Grêmio, com as de hoje. Kaká se identificou imediatamente com Milão e o norte da Itália. Edimilson, menino da pequena Taquaritinga no interior paulista, acaba de inaugurar na cidade a Fundação Semeando Sonhos, onde vai atender 500 crianças carentes e dar a cada uma delas, reforço escolar, oficinas culturais e artísticas. Edimilson gastou consigo com certeza, mas não esbanjou em noitadas, carros caros e mulheres duvidosas. Por ser sério, terá o apoio da Fundação Barcelona, que investirá pesado em sua fundação nos próximos quatro anos. Eles ainda são poucos, mas já não é difícil vê-los lendo nas concentrações livros de Jorge Amado, Augusto dos Anjos e até filósofos como Voltaire e Platão. Gente como o jovem Leandro Lasmar, que deixou o futebol brasileiro e foi marcar seus gols nos Estados Unidos. Esperto, propôs um salário baixo, mas exigiu que o clube lhe garantisse o pagamento de uma instituição universitária até a conclusão do curso (nos Estados Unidos, contratos são cumpridos integralmente). Gente como o lateral direito Nélio (estudante de direito) do pequeno Alexaniense, que ao ser indagado pelo treinador porque lia “aqueles” livros, respondeu: “Para no futuro, não ser igual ao senhor”. É dessa gente que falo, herdeiros de jogadores como o meio campista Afonsinho, hoje médico e na época, terror de dirigentes ricos, porém incultos. Herdeiros de Sócrates e Falcão, herdeiros de Raí e do goleiro Marco Aurélio, que na década de 60 vestiu a camisa do Flamengo. Bonito, rico e universitário, Marco Aurélio, abandonou o futebol em alto estilo... “Não estou pedindo muito, estou pedindo o justo. Muito eu já tenho, meu pai é um homem abastado, não jogo futebol por dinheiro, jogo por prazer. Soque sua proposta e seu Flamengo no c”... Hoje Marco Aurélio, é um próspero médico e industrial no Rio de Janeiro. Eles aos poucos evoluem, dirigentes, torcedores e imprensa não!

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