terça-feira, dezembro 12, 2006

Parte II Final.
O que representa para mim o Juvenal Lamartine e o que penso sobre seu martírio.

...Esse período romântico sedimentou as forças que hoje lideram nosso futebol. América e ABC são frutos do velho Juvenal Lamartine, de suas arquibancadas, gerais, tribuna de honra e mangueiras que rodeavam seus muros, até mesmo a imprensa esportiva, deu seus primeiros passos no velho Juvenal. Sem o estádio, nosso futebol não teria se firmado e seu despontar, seria muito mais lento. Passados tantos anos, vejo que o desejo de demolir as carcomidas estruturas se torna incontrolável, os argumentos são os mais variados e honestamente, poucos se sustentam tanto na forma como no conteúdo... Dizem que sua venda iria proporcionar a quitação das dívidas da FNF, balela, mera conversa fiada... Não sei quais são as dividas, mas garanto que elas provem de gestões estapafúrdias, corruptas e mal intencionadas. Caberia recorrer à justiça e buscar ressarcimento, caberia administrar com honestidade e lisura, caberia cuidar do patrimônio com zelo e esmero. Falasse também, que o quinhão arrecadado, seria usado na construção de um estádio mais moderno na zona norte... Mais falação, mais conversa fiada. Caso se concretize tal idéia, logo teremos outro estádio abandonado, logo teremos outro estádio servindo a peladeiros de todos os matizes, afinal, a FNF, serve muito mais aos anseios políticos de seus ocupantes, que aos interesses do futebol como um todo. Vender o Juvenal é garantia de uma administração honesta? Eles honrarão seus compromissos com o INSS, CAERN, COSERN, passarão a saldar dividas com fornecedores? Não, sabemos que não! Vão continuar a mendigar ajuda do governo, vão continuar capachos da CBF, vão continuar seus desmandos e utilizando a FNF para sua política provinciana e assistencialista, continuarão a filiar qualquer um que possa ser encabrestado e mantido sob controle, é assim que as coisas vão continuar. Por outro lado, vejo colegas de imprensa defendendo o fim do Juvenal Lamartine, buscam argumentos sofistas, mas sem base de apoio lógica... “O Juvenal já não serve para os grandes clássicos”... Isso qualquer vestibulando de comunicação social sabe, mas o vestibulando, também sabe que só temos um grande clássico, o único, que dependendo da situação dos times, leva público aos estádios... “Não existe estacionamento para os automóveis que irão aos jogos”... Meu Deus, o Machadão não tem, e milhares de outros estádios no país também não. Por outro lado, quantos carros irão se deslocar para o Juvenal Lamartine, para assistir Alecrim e Corintians de Caicó? Teremos uma enxurrada de veículos, diante do estádio, para ver São Gonçalo e Baraúnas? Basta levantar o publico que freqüenta os jogos sem a presença de América ou ABC, para se ver que o tal argumento é pífio. Mesmo um jogo entre América e Potiguar de Parnamirin ou ABC e Guamaré, não causaria nenhum caos envolta do Juvenal. O único argumento real é o desconforto, mas é aí que quero chegar. Reformar, modernizar e reaproveitar o Juvenal, seria preservar a história, seria manter vivo no coração dos natalenses seu vínculo com o passado de seus clubes. Mesmo estando apertadinho entre a avenida e as residências, o Juvenal, poderia ser palco de jogos das categorias de base, talvez isso servisse como elo entre os jovens atletas e os torcedores, poderia ser utilizado em jogos de menor porte, três ou quatro mil pessoas no Juvenal, teriam o peso de vinte mil no Machadão. Reformado o estádio, poderia sediar um museu decente sobre o futebol norte-rio-grandense, poderia ser o ponto de encontro de todos... Mas sei que os niilistas, vão dizer que estou preso ao passado, que sou um anacrônico em defesa do velho. Talvez eles tenham razão, talvez eu e os ingleses estejamos errados, pois nas terras de Henrique VIII, o Crewe Alexandra, o Warrintgton Wolves, o Leyton Orient, o Motherwell e tantos outros, tem seus estádios encravados nos bairros, cercados de casas e ruas, mas vivos, cumprindo o seu papel no futebol britânico e não mortos, como o Riachuelo, o Globo, o Santa Cruz, o Vênus e todos aqueles que os mentirosos matam sob o argumento da modernidade, sob a indecente ideologia de que, só os grandes podem sobreviver... Talvez eu esteja ficando mesmo velho e saudosista, afinal, domingo fiz 51 anos.

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