sábado, dezembro 23, 2006

Não somos merdas!

Quando recebemos a notícia da paternidade, o peito parece que vai explodir de contentamento, mas também fica apertadinho, cheio medo e angústia. A primeira pergunta é... Será que vou saber lidar com isso? Será que farei o certo? Enfim, recebemos o novo “sujeitinho” e descobrimos que não mandam um manual, nem aceitam devolução. É nosso e pronto!
Mas hoje, sei que meus erros foram um pouco menores que meus acertos, meu filho, têm 26 anos, é um rapaz terno, sem maldade e limpo moral e espiritualmente. Estamos separados há algum tempo, ou melhor, há muito tempo e a saudade é sempre imensa e o vazio sempre maior. Porém estou orgulhoso e gostaria de dividir esse orgulho com meus leitores. Li semana passada um texto escrito por Alexandre, em resposta a um torcedor da Tuna Luso Brasileira, que inconformado, por ver o time debandar, depois da campanha na terceira divisão, disse na imprensa: “Podem ir, são todos uns merdas”! Em resposta, Alexandre produziu o texto que publicarei abaixo e que foi publicado em jornais do Pará e divulgado em emissoras de rádio. Fiquei orgulhoso, feliz e me senti em paz, criei um homem, criei alguém de caráter, honra e coragem. Criei um rapaz, que não se esconde, nem desce ao nível mais baixo... Me sinto realizado.
Este grupo que a Tuna Luso formou, desde os primórdios da Série C, foi certamente um dos grupos, mais íntegros e profissionais, com quem já trabalhei. Nunca mesmo, apesar das dificuldades financeiras, qualquer um de nós fez corpo mole. Dentro das limitações financeiras e de locomoção, que passamos, sempre tivemos o apoio do nosso presidente (chegou mesmo a viajar com o grupo, experimentando os mesmos dissabores e o mesmo desconforto), nunca se negou a nos atender, mesmo quando ligávamos a cobrar para seu celular, atendia-nos de forma solicita e gentil.
Quanto a minha saída, se deve ao fato de haver recebido um convite para disputar o campeonato paulista (A2 ou A3). Como aqui, infelizmente não tive maiores oportunidades, a não ser em alguns jogos e amistosos isolados, por não contar com a simpatia pessoal do comandante e técnico (pessoa que respeito, pois mesmo não me tendo maior atenção, é um profissional capaz e competente). Vou seguir meu caminho, mas certo de que fiz amigos, conquistei o respeito dos meus companheiros, do meu presidente, da diretoria e de uma grande parcela da torcida. Portanto, saio pela porta da frente e sei que ela permanecerá aberta, caso um dia deseje voltar.
Antes de criticar, agredir e tentar desqualificar os que estão partindo, entenda que vivemos uma profissão com prazo de validade e se formos nos pautar, sob a ótica passional do jogar apenas por simpatia clubistica, não atingiremos jamais, estabilidade financeira e ou emocional (sou vascaíno, mas vesti com respeito à camisa do Flamengo do Piauí, onde fui campeão estadual). Deixo a Tuna, mas levo-a em meu coração (tenho um bisavô português, meu pai e meu avô paterno são vascaínos), me tornei tunante e aonde quer que esteja, vou torcer pela “Águia guerreira”. Quem acompanhou minha trajetória, sabe o quanto fui hostilizado por alguns (aliás, no futebol, são sempre as mesmas figurinhas mesquinhas e dispostas a qualquer coisa para conquistar um milímetro), mas permaneci firme e o fiz por duas razões; por minha esposa e pela amizade, carinho e respeito que nutro pelo Senhor Pepe Larrat, que mais que um presidente, foi integro e decente para comigo. Desejo ao Senhor Marcos Moraes, novo presidente do clube, toda a sorte do mundo, pois o que vi e vivi na Tuna, me dão à convicção da dura empreitada que ele terá pela frente. A Tuna vive hoje dias sombrios, deficitária e endividada, cheia de “corneteiros” a lançar criticas, mas poucos são os que aparecem para dar alguma sugestão viável, poucos são os que colocam a mão no bolso ou sacam um talão de cheques em benefício do clube. Nada tenho haver com a política da Tuna Luso, sou apenas um empregado, mas me darei ao direito de fazer uma pergunta; onde estavam os críticos, quando precisamos?
Que a Tuna se erga, que reconquiste seu espaço no futebol paraense, regional e nacional, mas ao findar, peço... Apóiem a Águia Guerreira do Norte e exijo... Respeite o grupo que enfrentou o descrédito, a falta de dinheiro, o desconforto e vestiu com hombridade e dignidade a camisa alviverde, que honrou a cruz de malta sobre o peito e que mesmo na Série C, colocou a Tuna na mídia nacional.

Alexandre Erhadt - Goleiro

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