sexta-feira, novembro 02, 2007

O mundo se curvará diante de nossa grandeza... BRASIL 2014.

A Copa do Mundo de 2014 no Brasil alegrou o país como um todo. Democraticamente encheu de alegria todas as camadas sociais e está causando ebulição nos meios acadêmicos.

Empreiteiros, lobistas, governadores, senadores, deputados e freqüentadores das edições da revista caras se regozijarão. Afinal, irão ganhar dinheiro a rodo com licitações fraudadas, parcerias público-privadas previamente combinadas e, ainda, pousar ao lado de Toti, Buffon, Thierry Henry, Lampard, Gerrard, Raúl, Fernando Morientes, Messi, Riquelme e tantos outros (as "socialites" em particular, irão torcer desesperadamente para que Beckham venha).

Na música, os baianos poderão ter verdadeiros africanos em cima de seus trios. Imaginem Eto’o e Drogba requebrando ao lado do Timbalada. Nigerianos serão tratados como reis e desfilarão com o Olodum. A África do Sul virá e com ela Mandela, que cantará junto com Gilberto Gil e a secretária da igualdade racial, Black Is Beautiful... A Bahia vai ser um orgasmo só.

Na USP, teses e teses serão produzidas para explicar o fenômeno do futebol. Os mais conservadores dirão que o futebol é a quintessência da alma nacional e que sem a bola o brasileiro seria um homem apático, tristonho e nu. Os esquerdistas vão bater com vontade e afirmarão que nada é mais deprimente que uma sociedade oprimida por uma esfera, e que não é digno um homem livre aceitar a escravidão do futebol... Afinal para a esquerda, o futebol é o ópio que a burguesia introduziu no seio das massas para torná-la manobrável.

Mas nem todos irão se comportar assim. O PT dirá que “nunca antes, na história desse país, um presidente teve a coragem de aceitar tão gigantesco desafio” e se a Copa do Mundo é uma realidade, essa realidade se deve a coragem do então presidente e agora candidato, Luis Inácio Lula da Silva.

A Veja, em sua capa, estampará fotos da seleção americana sob o titulo: “Governo torce o nariz, mas americanos desembarcam sob proteção do FBI”.

Já a Carta Capital, mostrará Maradona abraçado a Hugo Chávez (ele vem só para aporrinhar) e seu titulo será: “Maradona e Chávez pregam uma América Latina fiel aos princípios de Guevara e livre do imperialismo Euro Americano”.

Porém, nos meios estudantis haverá grande torcida pela presença da China Comunista, da Coréia do Norte e do Iran. A UNE e os Diretórios Acadêmicos de todo o Brasil vão preparar grandes demonstrações de apoio à ocupação do Tibete, dos mísseis norte coreanos e da bomba iraniana.

Para a nossa elite financeira e intelectual, será o nirvana.

A classe média manterá sua tradição... Ficará entre os que reclamam, mas não se metem, e os que apóiam, mas também não se metem.

Os membros das classes menos favorecidas agradecerão a Deus pela oportunidade de poder tomar as ruas e acenar patrioticamente milhares de bandeirinhas brasileiras. Ficarão felizes em poder ficar circulando em volta dos estádios, pedindo a um e a outro que os ponham para dentro. Milhares de banquinhas de churrasquinho e caipirinha serão montados. Milhões de caixas de isopor serão alegremente carregadas por seus felizes proprietários, que verão sua renda triplicar com a venda de cerveja, água e refrigerante...

O efeito de uma Copa do Mundo verde e amarela será devastador... Nós brasileiros nos sentiremos absolutos na América Latina, olharemos para a Europa com desdém. Os americanos e canadenses verão a força de nossa vontade férrea e, quem sabe, consigamos definitivamente nosso lugar no conselho de segurança da ONU.

Viva o Brasil, viva a Copa do Mundo. Vamos mostrar ao planeta que um povo semi-alfabetizado, unido a uma elite oportunista e à lideranças corruptas, pode realizar um evento de tal magnitude.

Não serão uns poucos antipatriotas a argumentar contra e mostrar desvio de dinheiro público, a tornarem-se capazes de frustrar a Copa do Mundo, feita para nenhum argentino botar defeito...

Um comentário:

Anônimo disse...

Nem de longe utópico é o prognóstico que você fez. Essa Copa, como foi o engodo do Pan, servirá, entre outras coisas como cabo eleitoral, nada mais. Assim como na década de 70, o futebol continua sendo o ópio do povo. Uma lástima.

Um abraço.