segunda-feira, junho 15, 2009

O empresário e vice-prefeito de Natal, deu uma entrevista sem meias palavras...

Ouvi a entrevista que o atual vice-prefeito de Natal, Paulinho Freire concedeu ao programa Esportes em Debate da Rádio Globo, no domingo pela manhã.


Interessante a entrevista, pois o entrevistado foi muito objetivo em suas respostas e não se esquivou de opinar sobre temas “delicados”.


Paulinho foi realista em relação à situação do América, clube que ajuda a bancar em conjunto com outros americanos.


Questionado onde o América deveria jogar no próximo ano em virtude da demolição do Machadão, foi direto:


“No Maria Lamas Farache”!


Sua resposta enfática e sem rodeios, se baseou na lógica empresarial, onde negócio não pode ser tratado com arroubos emocionais...


A coisa é simples:


O América não tem onde jogar, ficar esperando que a prefeitura A ou B, tome a iniciativa de reformar ou construir um estádio, apenas para os rubros jogarem, é temerário, pois as prefeituras não fabricam dinheiro e, não podem sair por aí, gastando dinheiro sem maiores explicações.


Foi lúcido em resumir a coisa ao seu denominador comum:


“o ABC diz quanto cobra pelo aluguel do estádio e o América paga, porém o preço deve o justo, sem mais nem menos”.


Ganham todos, desde que o acordo seja firmado via contrato, preto no branco e colocado bem visível a todo e qualquer cidadão.


Paulinho foi elegante quando se referiu ao ABC, tratou o rival pelo nome, elogiou seu estádio, reconheceu à superioridade do adversário na final ente as duas equipes, jogada no Maria Lamas Farache:


“naquele jogo, o ABC não venceu por ter jogado em seu estádio, venceu por que jogou muito melhor e venceria, no Maria Lamas Farache, em Mossoró ou em qualquer outro lugar”!


Em outro momento, Paulinho “jogou um balde de água fria” na cabeça dos bobocas que ficam por aí, afirmando que a futura Arena das Dunas, será a casa do América...


Paulinho sabe, assim como qualquer cidadão medianamente informado deveria saber, que a tal Arena, não será pública e sim privada...


Durante 30 anos, a Arena irá pertencer a quem a construir e só voltará às mãos do Estado ou do Município antes desse prazo, caso um dos dois, resolva desembolsar alguns milhões de euros...


Duvido muito!


Portanto, jogos na Arena, só aqueles que cobrirem seus custos.


Particularmente, não sei nem se o clássico local disputado durante o estadual levaria tanta gente assim ao estádio aponto de compensar seu aluguel.


Confesso que não sei, se jogos da segunda divisão compensariam tal custo.


Arena só na Série A e olhe lá.


Paulinho sabe que de agora para frente, o América vai ter que correr atrás de um lugar para mandar seus jogos...


E disso isso sem meias palavras.


Mas o melhor ficou para o final, quando Paulinho deixou escapar uma velada critica ao atual Secretário da SEL (Secretaria de Esporte e Lazer do Município)...


Respondendo sobre o órgão e seu gestor, Paulinho fez os elogios de praxe e disse que uma verdade:


“ninguém que assumir a SEL, fará muito melhor, pois órgão não tem verba própria e não existe uma política esportiva para ser posta em prática”.


E acrescentou:


- “Joquinha (secretário da SEL), é um homem bem intencionado, humilde (considero essa palavra um eufemismo, mas...) e sério, porém, sempre que conversei com ele, eu o orientei no sentido de apresentar um bom projeto”.


- “Faça um bom projeto e o apresente a prefeita ou leve a Brasília, certamente você irá encontrar receptividade”.


Par bom entendedor, essas palavras bastam, mas os entrevistadores perderam uma ótima oportunidade de questionar se o secretário estaria pronto ou se teria uma assessoria preparada para tal empreitada.


Sobre seus negócios envolvendo o futebol, Paulinho declarou ter sim, os direitos federativos de vários jogadores, confirmou que assumiu um clube e que lá trabalha com jovens e os coloca no mercado, mas fez questão de dizer que evita envolver o América, pois com justa razão, não deseja ser acusado de usar o clube em benefício próprio.


Mas num determinado momento, contou como a necessidade de pais carentes, pode ser um risco na vida de jovens com algum talento no trato com a bola...


- “Um pai olha para a gente e diz: você leva meu filho, mas eu preciso ajeitar minha casa”...


Não é o caso de Paulinho, mas ao pé da letra, isso significa que o pai por um punhado de reais, entrega seu filho nas mãos de quem “ajeitar” melhor a casa onde vive...


Essa é a triste realidade de um país onde carência e ganância, andam em paralelo e na mesma velocidade.


Paulinho Freire deixou claro que sabe o tamanho da responsabilidade.


Quando pensei que as coisas iriam terminar, Paulinho revelou sem nenhum constrangimento um velho e péssimo habito de nossa sociedade pouco cidadã e ainda terrivelmente atrelada às relações pessoais e ou, calcadas na subserviência ao poder...


Falando sobre Ciel e sua malfadada passagem por Natal, Paulinho disse o seguinte:


“Um delegado (policia) amigo meu, me ligou por volta das 10 horas da noite e me falou que estava com Ciel na delegacia e me perguntou o que fazer com ele”...


- “Respondi que fizesse o que quisesse”.


Ao ouvir, sorri e imaginei quantos delgados “derrapam” em suas funções ao ligar antes e cumprir a lei dependendo do ouvem durante a ligação...


Bem, gostei da entrevista, gostei das respostas sinceras e gostei da visão de quem consegue enxergar além das fronteiras da província.

Um comentário:

Marcelo Régis disse...

Olha! Confesso que não tinha muita simpatia pela figura de Paulinho Freire, mas gostei também da entrevista, principalmente, por sua franqueza e lucidez!