quinta-feira, abril 29, 2010

Um fato isolado não serve para sustentar uma afirmação...


Ricardo Couto e Silva é leitor desse blog, torcedor do ABC e costuma fazer alguns levantamentos que envia para a imprensa no intuito de colaborar e, diga-se antes de tudo, que Ricardo muitas vezes consegue seu intento...


Mas dessa vez, confundiu.


Ricardo somou as arrecadações do ABC no campeonato estadual de 2010 e nos campeonatos brasileiros de 2009 e 2008...


O intuito de Ricardo foi provar que o campeonato estadual é lucrativo, pois é o que afirma no final de seu e-mail.


Pois bem, vamos aos números:


Campeonato Estadual 2010:


Em dez jogos como mandante, o ABC arrecadou R$ 746.505,00 – média mensal de R$ 248.835,00.


Série B 2009:


Em 19 jogos, o ABC arrecadou R$ 1.168.107,00 – média mensal de R$ 166.872,00.


Série B 2008:


Em 19 jogos, o ABC arrecadou R$ 1.603.746,00 – média mensal de R$ 229.106,00.


Se olharmos apenas para os números absolutos, seremos facilmente induzidos a crer que o campeonato estadual é sim, atraente e lucrativo – ao menos para o ABC –, mas é preciso também, ter em mente que não foram computados a esses números da Série B, os 800 mil reais recebidos além das rendas dos jogos...


Creio que os valores recebidos dos patrocinadores, sejam também, bem superiores nos jogos da Série B...


Os mesmos números se atêm apenas a receita, mas omitem as despesas...


Houve superávit, e as outras equipes, tiveram médias parecidas?


Se houve superávit, então por que a direção do ABC fala em prejuízos em torno de 300.000,00 reais?


Teria sido interessante incluir a média do Campeonato Estadual de 2009...


Por outro lado, ninguém considerou que o levantamento não leva em conta a campanha do clube nas três competições usadas como parâmetro...


Campeonato Estadual de 210: ABC campeão.


Campeonato Brasileiro da Série B de 2008: ABC décimo terceiro colocado.


Campeonato Brasileiro da Série B de 2009: ABC vigésimo colocado – rebaixado.


Tendo em mente que o torcedor brasileiro tem o péssimo hábito de só “amar” seu clube e lotar estádios nas vitórias, cabe a mim, um questionamento: o título de campeão, a fuga do rebaixamento em 2008 e a queda em 2009, não foram fatores importantes para os diferentes números?


Apesar do respeito que nutro por cada leitor e em especial por aqueles que assiduamente frequentam essas páginas, não posso concordar com a afirmação de Ricardo Couto...


Sua pesquisa se limita somente a uma vertente das muitas possíveis...


Sua pesquisa não leva em consideração a totalidade dos clubes e nem tão pouco toca na questão dos gastos...


E por fim, sua pesquisa não considera o desempenho da equipe em nenhuma das competições.


Mesmo sem ser um especialista em finanças – acredito que se algum especialista se debruçar sobre o assunto, terá uma conclusão totalmente diferente de Ricardo – sei diferenciar um argumento sofista...


Conclusão:


Como diria qualquer dono de bodega:


“confundir apurado com lucro, é tudo que um comerciante precisa para ir à falência”.


6 comentários:

Anônimo disse...

Acredito que o leitor Ricardo Couto não tem a pretensão de afirmar com toda a certeza do mundo que o estadual é mais lucrativo do que o brasileiro.

Acredito que o leitor Ricardo Couto apenas mostra com dados incontestáveis o potencial que o estadual tem.

E que pode sim ter o apoio do público, o apoio da imprensa, dos patrocinadores e ocupar com êxito o espaço que sempre ocupou no calendário brasileiro.

Se com tanta gente da imprensa e sem informação espalhando o mito d que o estadual é um fracasso ainda é possível esses numeros fabulosos em pleno ano de 2010, imaginem, caros leitores, oq seria possível com o apoio dessa gente.

Anônimo disse...

O levantamento mostra claramente que o ABC, por ter desenvolvido um trabalho competente obteve sim um retorno de investimento no estadual.

As entrevistas em que dirigentes do ABC afirmam que previam um deficit de R$ 300.000,00 no estadual foram concedidas ainda no mês de fevereiro, não tendo portanto nenhum valor como informação, sendo entrevistas baseadas simplesmente no coro comum difundido pela midia e no sentimento de preparar desculpas para um possível fracasso, comum do ser humuno e mais comum ainda em dirigentes.

Sobre os gastos, não é preciso ser especialista em finanças para saber que os do estadual são bem menores.....Ou alguem acha que o almoço do hotel Tungstênio de Currais Novos é mais caro do que o almoço num hotel catarinense ou paulista?

Ou acha que o arbitro Italo Medeiros recebe mais do que o Carlos Eugênio Simon?

Ainda há a alegação de que para os outros clubes a arrecadação foi baixa.

Ora, é muito pior para estes clubes não existirem os campeonatos estaduais.

A participação no estadual é voluntaria, participa, quem quer.

E por incrivel que pareça, pra estes clubes e pra tantos talentos do interior é a única opção.

Que como mostra os números de Ricardo Couto premiam sim a competência.

Anônimo disse...

Por último é importante destacar mais um dado não divulgado pelo Ricardo Couto e que merece ser incluídos nesses números.

Graças ao trabalho demonstrado no estadual ABC e Corintians de Caicó serão os representantes do RN na Copa do Brasil.

No ano de 2010 cada clube recebeu R$ 60.000,00 por participar de apenas dois jogos na primeira fase.

Esse valor aumente significativamente em cada fase, dobrando e até triplicando.

Além disso as rendas na Copa do Brasil(alcançada graças ao estadual) também costumam ser altíssimas e se multiplicarem na mesma proporção em que se passa de fase.

Ricardo Couto e Silva disse...

Prezado Fernando Amaral,

Não tive a pretensão de dizer que no Estadual deste ano o lucro obtido pelo ABC foi maior do que o conseguido na Série B do ano passado.

O que afirmo, e posso dizer que com quase certeza, é que o ABC teve lucro neste Estadual e não foi pequeno, tendo em vista que sua folha salarial era de apenas 150 mil reais por mês e só com as rendas dos jogos obteve 248 mil reais por mês.

Quando o Presidente Rubens Dantas falou em prejuízo de 300 mil reais, era uma previsão feita no início do ano, quando com certeza ele não esperava arrecadar quase 250 mil reais em apenas um jogo, como aconteceu na final, inclusive acho que merecia um maior debate este fato bastante improvável que occoreu nesta final, que foi o recorde de público do Frasqueirão, superando jogos contra Flamengo, Corinthians, América e muitas outras partidas mais importantes. Merece um estudo mais aprofundado dos seus motivos. Acho que é fruto do bom trabalho de marketing feito atualmente pelo ABC.

Mas voltando ao assunto da comparação de receitas e despesas, concordo plenamente quando você diz que algumas receitas obtidas na Série B são maiores, como os 800 mil reais recebidos por cada clube e os valores dos patrocinadores, mas também não podemos esquecer que as despesas também são maiores, aliás muito maiores do que no Estadual, pois são muitas passagens aéreas e hospedagens, além da grande diferença entre uma folha salarial na Série B, que no caso dos clubes do RN gira em torno de 400 mil reais, e no Estadual, que neste ano a do ABC foi de apenas 150 mil reais.

Sendo assim, embora não tenha tido a pretensão de afirmar que o lucro obtido pelo ABC no Estadual deste ano foi maior do que o obtido na Série B do ano passado, não acho difícil que tenha sido.

Um abraço,

Ricardo Couto e Silva

Marcelo Régis disse...

Perfeito Fernando!
Penso exatamente assim!
Essa forma de pensar criteriosa é típica dos bancos acadêmicos (sem menosprezar aqueles que por qualquer motivo não tenham tido a oportunidade de frequenta-lo).

Marcelo Régis disse...

Para poder concluir com segurança é necessário trabalhar com os dados do ESTADUAL.
Não pode-se concluir que o ESTADUAL é lucrativo pesquisando apenas UM CLUBE.
O que podemos concluir com grande confiança e que as campanhas das equipes influenciam bastante na renda dos mesmos.
Não espere lucros dos clubes brasileiros... a nossa cultura ainda não é voltada para isso...
Se dermos 1 milhão mensais nas mãos dos dirigentes do nosso futebol, certamente eles "encontrarão" despesas, sem necessariamente ganho de desempenho, de forma a reduzir (o lucro) ou inviabilizar financeiramente o clube.
Para não me alongar mais, no ano passado nenhum clube deu lucro no brasil, segundo o futebol finance.