Os alemães sabiam que só havia uma maneira de vencer a Espanha: desgastando-a.
E foi isso que tentaram fazer...
Mudaram a maneira de jogar, pois enfrentar uma equipe coesa, tecnicamente qualificada e cujo individualismo estava a serviço do coletivo, jogando de forma aberta: seria mortal.
Optaram os germânicos por usar contra a Espanha as virtudes espanholas – isto é, plantaram-se na defensiva deixaram que a “fúria” toca-se a bola por todo o campo...
A ideia era cansar os espanhóis...
Fazê-los correr inutilmente até que o tempo passasse e viesse à prorrogação.
Lá imaginavam os alemães: venceremos.
Tudo ia bem, pois Iniesta, Xavi Alonso e companhia, trocavam de posição, tocavam a bola com perfeição, tinham o domínio do jogo, do campo e da bola, mas pouco, conseguiram produzir...
É bem verdade que Puyol quase conseguiu marcar ainda no primeiro tempo e que David Villa foi parado por Neuer...
Porém, tais situações fazem parte do risco calculado.
Tudo ia bem...
Até que o imprevisto e o imponderável deram as caras e mudaram definitivamente a os planos e a história da partida.
Puyol, o pequenino Puyol, aproveitou um único vacilo dos marcadores e num escanteio, correu solitário ao encontro da bola...
Saltou com se um gigante fosse e meteu de cabeça a bola no fundo das redes alemãs...
Pela expressão de Neuer e Schweinsteiger ao ver o gol, ficou perceptível que a derrota era irreversível.
O tipo de jogo jogado deixava evidente que aquele que marcasse um gol, venceria.
Alemães e espanhóis se respeitaram o tempo todo, nenhum dos dois arriscou além do necessário e nenhum dos dois, repetiu partidas anteriores.
Sem nada mais a fazer, a Alemanha fez o que sempre fizeram os alemães ao longo de sua história: lutaram com bravura e venderam caro a derrota.
Ao terminar o jogo, não houve lágrimas nos olhos dos jogadores alemães, houve sim: tristeza, desapontamento, sensação de vazio e a certeza que a cada um tinha feito o seu melhor.
Os alemães são assim: na luta, são incansáveis, são frios, são determinados, valentes e cada passo cedido ao adversário custa caro...
Na derrota, são resignados, mas essa resignação não é sinal de desistência ou entrega...
Os olhos no vazio, na verdade miram o futuro, pois eles sabem ser capazes de reconstruir seu amanhã...
Fizeram isso ao longo de sua história.
A Espanha mereceu a vitória, mereceu a glória de ir a sua primeira final de Copa do Mundo e tem sim, equipe para sonhar com o título...
A Espanha jogou um futebol de alto nível e calou os céticos, os maldosos e os maliciosos, que foram incapazes de perceber o futebol jogado em suas terras, mudou e mudou para muito melhor...
Domingo, uma final inédita e cheia de história estará decidindo o mais novo membro do seleto grupo de campeões mundiais...
De um lado, os Países Baixos, outrora servos do Rei Felipe II de Espanha...
Do outro, a Espanha, que tentará submeter ao menos no futebol, a altiva Casa de Orange-Nassau.
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