Não conheço,
mas já vi! #5
A influência
militar no Partizan Belgrado.
Por Dyego
Lima/Universidade do Esporte
Fundado no
dia 4 de outubro de 1945, o Klub Fudbalski Partizan tem como sede a cidade de
Belgrado, capital da Sérvia.
Surgiu como
um time militar do JNA (Jugoslovenska Národná Armijo), o Exército Popular
Iugoslavo.
O termo
Partisan tem como significado, literalmente, "grupo organizado em um partido
político".
Porém,
durante a 2ª Guerra Mundial, recebia esse nome todo o grupo paramilitar,
geralmente sem qualquer tipo de treinamento, formado com o intuito de resistir
à intensa ocupação das forças alemãs durante o conflito.
Foi assim
apelidado o Exército Popular da Libertação da Iugoslávia, que lutou contra as
forças do Eixo nos Bálcãs.
Por ter o
preto e o branco como cores predominantes, são conhecidos como Grobari
(Coveiros, em Português).
No entanto,
nos primeiros treze anos de existência, quando ainda fazia parte do Exército,
utilizava as cores azul e vermelho.
Hoje em dia,
elas são costumeiramente utilizadas em seus uniformes reservas.
Sua casa é o
Stadion Partizana, apelidado de O Templo, com capacidade para pouco menos de 33
mil torcedores.
Também
conhecido como Stadion JNA, foi herdado do antigo BSK Belgrado, clube extinto
durante a guerra, mas que posteriormente viria a formar o atual OFK Belgrado.
É lá que o
Partizan sedia O Clássico Eterno contra o Estrela Vermelha, seu principal
rival.
Esse é o
maior duelo do país e um dos mais violentos da Europa.
Em setembro
de 2009, em ranking elaborado pelo periódico britânico Daily Mail, o confronto
foi classificado como o 4° maior do mundo em termos de rivalidade.
Entre as
décadas de 1980 e 1990, grande parte dos torcedores do Partizan tinha um
comportamento racista e homofóbico, fomentados pela Igreja Ortodoxa Sérvia.
Isso porque
grande parcela da torcida do Estrela Vermelha era miscigenada, enquanto a do
clube era de maioria branca.
É comum ouvir
os adeptos do Partizan se referirem aos do rival como "ciganos'', algo
imperdoável entre os Sérvios.
Deixando a
paixão ultrapassar todos os limites, houve até um episódio em 2016 no qual
ultras do clube agrediram um dirigente em frente ao estádio.
Um
grande início
O Partizan
começou sendo dirigido por um grupo de jovens oficiais do Exército Popular
Iugoslavo, juntamente com alguns veteranos da Guerra Civil Espanhola.
Em agosto de
1946, a Liga Iugoslava foi iniciada e o clube fez a sua 1ª partida oficial,
batendo o Pobeda Skoplje por 1 a 0.
Apenas em
1953, o clube encerrou oficialmente a sua ligação com o Exército.
E foi justo
nesta década que o Partizan, mesmo contando com um elenco forte, viveu uma seca
de títulos da Liga.
Venceram
"apenas'' a Copa nos anos de 1952, 54, e 57.
Em 1955, o
clube participou da primeira partida da história da Uefa Champions League,
empatando em 3 a 3 com o Sporting, em Lisboa.
Milos
Milutinovic foi o autor do primeiro gol da competição.
Com um início
de vida considerado ruim pelos dirigentes, com dois títulos da Liga Iugoslava e
quatro da Copa em seus primeiros 15 anos de existência, o clube decidiu mudar.
Primeiro,
esteticamente: abandonaram o azul e vermelho do uniforme e adotaram o preto e o
branco.
Dentro de
campo, passaram a utilizar inúmeros jogadores oriundos das categorias de base.
The
Partizan's babies se tornou uma das melhores gerações de jogadores que a Europa
já tinha visto.
E a aposta
trouxe resultados: o time foi campeão nacional entre 61 e 63, o primeiro
tricampeonato da história da Liga Iugoslava.
Em 65,
venceram o quarto campeonato em cinco anos.
A equipe
acabou recebendo o apelido de Parni valjak (Rolo-compressor).
Foi na
temporada de 1965–66 que o Partizan fez a sua melhor campanha numa Champions
League.
O clube eliminou
Nantes, da França, Werder Bremen, da Alemanha, Sparta Praga, então da
Tchecoslováquia, e o Manchester United, para chegar à final contra o Real
Madrid.
Em partida
única realizada em Bruxelas, capital da Bélgica, a equipe acabou com o
vice-campeonato ao perder para os merengues por 2 a 1.
Tornou-se o
primeiro time da Europa Oriental a alcançar a final do torneio.
Oscilação
No período
pós-final europeia e o início do ano de 1976, uma turbulência chegou ao clube.
A diretoria
não soube operar com o time em alto nível, o que gerou uma crise institucional.
Vários
jogadores assinaram com equipes maiores, e aquela promissora geração foi
desfeita.
Durante todos
esses anos, título algum foi conquistado.
A seca acabou
no dia 11 de julho de 76.
O Partizan
chegou à última rodada da Liga precisando de uma simples vitória contra o
Olimpija para "roubar'' o título do Hajduk Split.
Já no último
minuto, Nenad Bjekovic marcou o gol que encerrou o período de dez anos de
espera.
Em 78, o
oitavo Campeonato Iugoslavo foi vencido.
Nesse mesmo
ano, o clube venceu o seu primeiro troféu europeu.
Trata-se da
Copa Mitropa, uma espécie de Champions League disputada por clubes da Europa
Central.
Após vencer
um grupo que contava com Perugia, da Itália, e Zbrojovka Brno, da
Tchecoslováquia, o Partizan bateu em casa o Honvéd, da Hungria, e sagrou-se
campeão.
Inesperadamente,
o clube viveu, em 1978–79, a sua pior temporada.
Terminaram em
15° lugar no campeonato nacional, evitando o rebaixamento depois de uma vitória
por 4 a 2 contra o Buducnost na última rodada.
Para a temporada
1982–83, o clube contratou Moncilo Vukotic, Nenad Stojkovic e Nikica
Klincarski.
Eles foram
somados a Ljubomir Radanovic, Zvonko Zvikovic, Zoran Dimitrijevic, e a um jovem
chamado Dragan Mance.
Mais um ótimo
elenco foi formado.
O título
iugoslavo foi conquistado mais uma vez, com Mance anotando 15 gols.
No entanto,
uma tragédia aconteceu. Mance, no auge de sua carreira, morreu em uma batida de
carro na Novi Sad-Belgrade Highway no dia 03 de setembro de 85, apenas vinte e
três dias antes do seu aniversário de 23 anos.
Em sua
homenagem, uma rua próxima ao estádio do Partizan foi batizada com o seu nome
em 2011.
Polêmicas
Entre 85 e
87, alguns acontecimentos agitaram o futebol do país.
Na temporada
1985–86, o Partizan, após uma vitória por 4 a 0, venceu a Liga pelo saldo de
gols.
Porém, Slavko
Sajber, presidente da Federação Iugoslava, decidiu que toda a última rodada
deveria ser disputada novamente por acusações de manipulação de resultados.
Os alvinegros
se recusaram a entrar em campo, então o título foi dado para o Estrela
Vermelha.
Por esses
eventos, na temporada seguinte, 12 clubes, dentre eles o Partizan, iniciaram o
campeonato com -6 pontos.
Ao final, o
Vardar, que não teve nenhuma dedução, acabou campeão.
No entanto,
após julgamentos na Corte Constitucional do país em 87, ficou decidido que a
tabela final original da temporada 85–86 seria a levada em consideração, e os
Black-Whites acabaram com o troféu.
Também foi
acordada a devolução dos pontos retirados aos 12 times no último campeonato.
Assim, o Partizan também foi confirmado como o vencedor da temporada 86–87.
A Iugoslávia
acabou.
Os
títulos, não.
Após a morte
do Presidente Josip Broz Tito em 1980, a tensão cresceu na Iugoslávia,
resultando em guerras civis separatistas no início dos anos 90.
No fim de
maio de 1992, o Conselho de Segurança da ONU impôs duras sanções ao país.
Isso resultou
no isolamento político da nação, queda na economia e hiperinflação da moeda,
fazendo com que os clubes iugoslavos sumissem do cenário internacional.
E em meio à
desintegração da Iugoslávia, o Partizan seguia vencendo.
Foi durante
as guerras que o clube venceu a Liga nos anos de 1993, 94, 96, 97 e 99.
Na Copa, o
clube foi campeão em 92, 94 e 98.
A chave para
esse sucesso atendia pelo nome de Ljubisa Tumbakovic, técnico mais vencedor da
história do time.
O início dos
anos 2000 continuou sendo de vitórias.
Tumbakovic
conduziu o time a mais dois títulos da Liga, em 2001–02 e 2002–03.
Na Champions
League de 2003–04, apesar da eliminação na 1ª fase, o clube não foi derrotado
em casa, conseguindo empates contra o Real Madrid dos Galácticos, o Porto de
José Mourinho, que seria o campeão, e um Olympique de Marseille que contava com
Barthez e Drogba.
As temporadas
de 2007/08 e 2008/09 foram as melhores do clube na história.
A Liga e a
Copa foram vencidas nas duas, feito inédito.
O nacional
ainda seria conquistado nas quatro temporadas seguintes.
Sem nenhuma
conquista, à época 2013/14 foi a pior nos últimos dez anos.
Porém, a Liga
seria ganha na temporada seguinte.
Em 2015/16, o Partizan venceu a Supercopa da
Sérvia depois de cinco anos, e sem sofrer gols, algo inédito na história do
torneio.
Em 2016/17, o
início foi ruim: eliminação na Europa League e muitas derrotas no Nacional.
Contudo, o
jovem técnico Marko Nikolic retornou e o time engatou uma sequência de 37 jogos
invictos, contando Liga e Copa.
Os dois
troféus foram vencidos no mesmo ano pela sexta vez.
O meia
brasileiro Leonardo e o sérvio Uros Durdevic marcaram 24 gols cada um, sendo os
destaques da campanha.
Foi o último título
sérvio do clube.
A Copa ainda
seria ganha em 2018 e 19.
O Partizan
teve grandes jogadores ao longo de sua história.
O croata
Stjepan Bobek é não só o maior artilheiro do clube com 403 gols, mas também da
Seleção Iugoslava com 38.
Milan Galic foi
finalista da Champions de 1966 com o clube e camisa 10 da Iugoslávia na
conquista da medalha de ouro olímpica em 1960.
Predrag
Mijatovic e Mateja Kezmán foram outros com passagens importantes pelo time.
Nenhum comentário:
Postar um comentário