Foi um almoço bem gostoso e como sempre, estávamos eu, Dona Graça (há onze ou doze anos, nem sei bem ao certo, trabalha aqui em casa) e Bill...
Dona Graça senta-se a mesa comigo, conversa, me informa dos acontecimentos da tarde-noite passada e me deixa atualizado sobre tudo o que não tem a menor importância.
Bill deixa de lado seu mau humor e senta-se confortavelmente no chão, a espera que um de nós se comova com seu olhar cheio de desejo e lance ao chão algum pedaço de qualquer coisa que esteja sendo consumida no almoço...
Às vezes me comovo, mas...
Terminado o almoço, Dona Graça trouxe a sempre cheia caneca de café e como de hábito, me pediu um cigarro, acendeu e entre tragos e goles de café, combinamos as tarefas de segunda feira.
Levantei fui tomar banho e decidi que ficaria em casa para assistir o Vasco.
Enquanto vestia um velho calção, largo, e desbotado que combinei com uma camiseta que um dia foi azul e com um furinho na axila esquerda, cheguei a sentir certo remorso por não ir ao Machadão, mas, por fim, acabei por encontrar uma solução: na tela o Vasco, no rádio o América.
Quando a bola rolou, olhei a volta e tudo estava perfeito...
A garrafa de café estava cheia e a mão, a coca cola tinha gelo o bastante, o cigarro, o isqueiro e o cinzeiro, repousavam na distancia exata.
O jogo começou chinfrim, chatinho mesmo, mas diante 79.636 vascaínos (está bem, desculpem, 79.606, seria injusto esquecer os 30 mineiros de Ipatinga que moram no Rio e que foram ver seu time) não dava para a equipe cruzmaltina ficar fazendo corpo mole e errando tantos passes e finalizações.
Portanto, o Vasco substituiu a apatia pelo esforço e impondo mais velocidade ao jogo, buscou chegar ao gol adversário...
Bastou essa mudança de atitude para que o gol saísse, Ramón cruzou e Alex Teixeira se antecipou a pesada e lenta zaga do Ipatinga para abrir a contagem.
Com a vantagem no marcador, o esforço abriu passagem para a malemolência tipicamente carioca e o Vasco passou cadenciar a partida, tocar a bola diante de um adversário incapaz de reagir.
Porém, o jogo é dinâmico, num cochilo da defesa, Marcelo Moscatelli de cabeça quase empatou.
Passado o susto, Alex Teixeira aproveitou um contra ataque, avançou pela direita do campo e cruzou para Carlos Alberto que livre de marcação, completou para as redes.
Na segunda etapa o jogo continuou do mesmo jeito, o Vasco hora corria, hora tocava, enquanto o Ipatinga se mantinha fechado na tentativa de evitar um placar maior.
Mas aos 10 minutos, Elton sofreu pênalti e o próprio Elton, cobrou e assinalou o terceiro gol do Vasco.
Quando a partida parecia definida, Alex Teixeira deu números finais ao marcador, ao receber a bola pela direita, passar seu marcador e chutar cruzado sem chances para o goleiro Fred...
Se você me perguntar se a partida foi boa, respondo que não foi...
Se você me perguntar se o Vasco jogou um futebol brilhante, respondo que não jogou...
Essa equipe do Vasco na Série A, estaria passando maus bocados, mas na Série B, essa equipe é mais do que suficiente.
Ah, fiquei muito feliz com o João Alberto Gomes Duarte...
Mostrou personalidade, pulso, competência e foi senhor absoluto do jogo...
Creio que agora o João já sabe qual é sensação de arbitrar uma partida de um clube massa, até porque, tão cedo, João verá 79.636 (inclui os 30 mineiros) torcedores a sua volta.
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