Quando Ricardinho entrou na área do Vasco e foi empurrado e o árbitro apontou para a marca do pênalti, as pessoas que estavam na cabine reservada para a direção do Vasco, repetiram o mesmo ritual de qualquer torcedor: em uníssono gritaram nãoooo, não foi não seu ladrão!
Roberto calmamente olhou para trás e disse: “menos gente, isso é pênalti em qualquer lugar” e, completou: “se alguém errou, foi à zaga que deixou espaço para a penetração do rapaz”!
Voltou-se para o campo e ficou a espera da cobrança.
No intervalo, ficamos conversando ao lado da porta da cabine da TV Universitária, e quando Roberto voltava para assistir o segundo tempo, o parei e disse:
- Você não vai lembrar, mas em 1981 em Manaus, você me deu sua camisa depois de marcar o gol que deu a vitória do Vasco sobre o Nacional.
Ele sorriu e disse: “é verdade, lembro desse jogo e do gol, foi de falta não foi?
Respondi que sim e ele olhou para um sujeito que estava ao lado dele e brincou: “está vendo, a memória ainda está perfeita”.
Voltou-se para mi e perguntou: “a camisa ainda existe”?
Sim disse eu e ele emendou: “você deveria ter trazido, pois eu poderia renovar o autógrafo”.
Sorri e disse: “não teria o mesmo valor, pois autografo do presidente jamais será igual ao autografo do artilheiro que tantas vezes me fez feliz”.
Ele deu uma gargalhada, me deu um forte abraço e disse: “foi bom ouvir isso, preciso ser como presidente, melhor que o Roberto jogador”.
Lembrei então de meu pai que certa vez vendo um jogo do Vasco comigo disse: “gosto desse menino, mas não é apenas pelos gols que ele faz ou pela maneira como se empenha num jogo. Tem alguma coisa a mais que me faz gostar dele”.
Ontem, descobri a razão porque papai gostava dele.
3 comentários:
MEU QUERIDO FERNANDO AMARAL.
NÃO ME CONTIVE EM POSTAR MINHA REAÇÃO A INTERESSANTE CENA QUE VOCÊ DESCREVEU SOBRE ROBERTO DINAMITE.
PERFEITO, E PARABENS PELA SENSIBILIDADE AO OBSERVAR E TRADUZIR A SITUAÇÃO QUE VOCÊ VIVEU.
EU DIRIA QUE NO PRIMEIRO ATO (ENTREGA DA CAMISA EM MANAUS) O PROTAGONISTA FOI O ÍDOLO ROBERTO. MAS NO SEGUNDO ATO (ENCONTRO NO FRASQUEIRÃO) A SITUAÇÃO SE INVERTEU E O ARTISTA PRICIPAL FOI O FÃ FERNANDO.
MAS TUDO ISSO É APENAS UM PRETEXTO PARA CUMPRIMENTÁ-LO PELO EXCELENTE TEXTO E REAÇÃO AO ATOS DO NOSSO CONTEXTO PROFISSIONAL.
ALIÁS, ME DESCULPE QUANDO INEVITAVELMENTE ME ESPELHAR EM SEU ESTÍLO E CONTEÚDO EM MEUS COMENTÁRIOS. APENAS GOSTARIA DE SER A RESSONÂNCIA DE SUAS OPINIÕES SEMPRE OBEJETIVAS E JAMAIS SUPERFICIAIS.
ESTOU NO JORNALISMO ESPORTIVO DA 95FM LHE ESPERANDO PARA UMA VISITINHA OU SE QUISER FICAR SEJA BEM-VINDO, POIS AGORA, DEPOIS DA MINHA VISITA AQUÍ NO BLOG, É VOCÊ QUE ME DEVE AMIGO.
EMERSON AMARAL
reporteremerson@gmail.com
[fonética alusiva do Repórter Esso]
UM ABRAÇO!
Você sabe que eu abomino qualquer coisa que venha do time que você torce (não os torcedores como vc, que fique bem claro). E não é papo de doido ou de alucinado, é futebol, é rivalidade e tenho meus motivos para ter total ojeriza pelo seu time. Mas isso não vem ao caso.
Entretanto não tenho como negar que ao menos uma coisa admiro nesse clube que você torce: Roberto Dinamite. Este sim um grande exemplo de caráter, dignidade e bom trato com os demais. Para ele e tiro o chapéu com toda a reverência a um dos grandes que eu vi jogar!
Carlos Henrique
http://futebolhistoria.blogspot.com
caro Fernando,
Sempre sábio, sereno, objetivo e inteligente nas suas tiradas e opiniões. Mesmo não sendo vascaino, vejo em Roberto Dinamite, além do genial jogador que foi, um homem que serve de exemplo aos nossos dirigentes. Pois sendo idólo do Vasco, onde fez história e conquistou títulos, não acomodou-se ou acovardou-se. O seu feito mais importante, não apenas para o vasco mais para o futebol brasileiro, foi ter conseguido de forma legítima e incontestável tirar aquele excremento em forma de gente, chamado Eurico Miranda da Direção do seu time de coração.
Saudações.
Kleber
Postar um comentário