Que a Diretoria do América estendesse um tapete verde/rubro para que esses paulistas que se acham superiores desfilassem pelo Machadão.
Fez bem a nossa Diretoria, em casa quem manda somos nós!!!
E fora não podemos nos acovardar.
Quando jogamos fora somos recebidos e recepcionados de
que forma?
Esses caras não passam de uns paulistas arrogantes com complexo de superioridade, que ao verem a sua inferioridade dentro de campo, em razão da nossa superioridade, ficam procurando justificar a goleada aplicada pelo Mecão com mentiras e grosserias.
Vejam eles o que foi dito pelo treinador do time deles nas entrevistas concedidas.
Quando o Abc, para ser gentil, colocou faixa de boas vindas para o Ceará todos lembram o resultado!!!!
Naquele episódio a direção do nosso adversário deu
uma demonstração de medo e inferioridade em relação ao time do Ceará.
Futebol é uma guerra, no bom sentido, e em guerra não existe troca de gentilezas.
Gostaria que você comentasse o que escrevi.
Kleber.
Imagem: Bundesarchiv
Resposta:
Caro Kleber,
Tenho quase certeza de que você não concordará com quase tudo que vou escrever, mas vou tentar argumentar com base numa afirmação sua...
No final do seu texto, você afirma o seguinte: “futebol é uma guerra, no bom sentido, e em guerra não existe troca de gentileza”.
A frase por si só é contraditória, pois nenhuma guerra pode ter um bom sentido, já toda guerra tem por objetivo a submissão ou destruição do oponente.
Por outro lado, a afirmação de quem em guerra não existe gentileza, não é verdadeira – a história nos mostra que mesmo numa situação onde o ódio, a raiva, o medo e a insanidade imperam, é possível sim, atos humanos e gentis...
As fotos que postei, tem a intenção de lhe mostrar que isso é possível...
A primeira foto mostra um soldado soviético ferido caído ao solo e, segurando sua cabeça e lhe dando água, está um soldado alemão...
Esta foto foi batida em Kursk, durante a maior e mais violenta batalha de blindados da segunda grande guerra mundial.
Só para que você tenha uma idéia, a União Soviética perdeu 177.847, mil soldados e os alemães, 56.000 homens, nessa batalha.
Tudo isso, em escassos 18 dias de combate.
Mas como você mesmo afirma guerra não é lugar para gentilezas e sim, campo fértil para a violência desmedida e cruel, mas essas fotos provam o contrário e se você me permite vou lhe explicar a razão...
O soldado alemão, pertence à Panzergrenadier Totenkopf da Waffen SS, conhecida por sua bravura, ferocidade, destemor, violência e crimes de guerra.
Os Totenkopf foram organizados originariamente para serem guardas dos campos de concentração, mas com o decorrer da guerra, acabaram se tornando uma unidade de combate.
Diante desse histórico e sabendo do desprezo que o regime nacional-socialista tinha para com os eslavos, era pouco provável que tal cena se verificasse principalmente numa batalha de tamanhas proporções...
Mas a cena aconteceu e ficou registrada...
Por quê?
Que razão teria um Totenkopf para se agachar diante de um eslavo (russo) ferido e de alguma maneira lhe dar algum conforto?
Nada lhe aconteceria se mirasse seu fuzil para o homem caído e atirasse...
Mas esse soldado não o fez e, não fez, creio eu, por uma única razão...
Havia nele humanidade.
Havia nele sentimento de misericórdia, havia bondade em sua alma...
Na segunda foto, vemos uma médica soviética, tratando da mão ferida de um soldado alemão também do Waffen SS, e, saiba você, os soviéticos não tinham nenhuma simpatia por essas tropas, era comum matá-los, sem maiores cerimônias, mas a jovem médica russa, não pensava assim...
Por quê?
Por duas razões penso eu...
Sua missão como médica era salvar vidas e não tirá-las e, havia nela compaixão, havia nela um coração bom.
Naquele momento, ela não era uma comunista ou uma mulher eslava diante do invasor “ariano” que se propunha a escravizá-la...
Naquele momento, ela certamente olhou e viu apenas um homem derrotado, assustado e sabedor de que seu futuro era incerto.
Portanto, meu caro Kleber, é possível sim ser gentil, humano, educado e decente, mesmo diante do mais vil dos mundos...
Não necessariamente, todos os Totenkopf fossem maus, brutais e cruéis, não necessariamente, todos os soviéticos compartilhavam com a crueldade de certas ordens...
Existem registros no exército alemão, soviético, americano, inglês e italiano, de soldados que formavam pelotões de fuzilamento, que atiraram sobre a cabeça dos condenados, evitando que a bala de seu fuzil atingisse a vítima.
Poderia gastar mil folhas falando de atos nobres de combatentes, assim como seria fácil encher outras mil, com atrocidades e desumanidades...
Não sei sua idade, não sei se em seu peito bate um coração jovem e ainda repleto de certezas que certamente a idade irá desvanecer, mas espero que você perceba que estamos tratando apenas de um esporte, nada mais que isso...
Temos sim a obrigação de tratar bem nossos adversários (os ingleses dizem que são concorrentes e eu, concordo com eles), assim como temos que exigir tratamento recíproco...
Não devemos permitir que o futebol se transforme num campo de batalha dominado por insanos, pois o esporte existe para o nosso prazer e não creio, que nem você, nem eu e nem a grande maioria das pessoas sintam prazer em humilhar, ferir ou tirar a vida de ninguém por algo tão banal.
Sobre os paulistas, serem arrogantes... Pense bem: todos somos!
Basta que estejamos numa situação de superioridade, para que a arrogância nos tente e na maioria das vezes, nos domine...
A diferença é que existe uma escolha, tanto para você quanto para mim: podemos ser o soldado ou a médica das fotos, mas podemos também, ser aquele que puxa o gatilho sem nenhum remorso, apenas por considerar que é mais fácil estar do lado da maioria.
Desculpe se me alonguei.
3 comentários:
Meu caro Amigo Fernando Amaral,
Na qualidade de admirador e asistente, do seu antigo programa na TVU, e como frequentador assíduo do seu Blog, o qual reputo como o melhor, em termos de divugação de esportes, é que lhe peço para ter com você um encontro pessoal, na companhia de meu filho que adora futebol e é torcedor do América e Flamengo, assim como você é do Vasco!!! Jamais colocaria um filho meu em situação de perigo, como ocorre em
guerras, como aquelas que você se referiu. Futebol não deve ser confundido com GUERRA no sentido literal da palavra. Assim como SUBSERVIÊNCIA, COVARDIA, MEDO e outros tantos sinônimos que tem o mesmo significado devem ser encarados como SUBMISSÃO ou RENDIÇÃO, foi isso que quis colocacar1111 Lhe admiro, entre outras coisas, pelo amor e consideração que você rende ao seu time de coração o VASCO da GAMA, mesmo sendo eu torcedor do Flamengo!!!! JAMAIS pretendi fazer apologia a guerra entre homens!!!!. Não podemos esquecer que futebol, assim como todos os esportes são uma "BATALHA"!!!! não me venha falar que não é? acho apenas que houve de sua parte uma exacerbação e um desvirtuarmento de sentido das minhas palavras.
Mais como estamos em pleno regime DEMOCRÁTICO lutarei sempre pelo direito das pessoas expressarem as suas opiniões, mesmo que contrária as minhas!!!!
Agradeço pelo fato de você haver comentado a minha opinião!!!!
Com admiração.
Do amigo e sempre leitor Kleber.
Grande Fernando, excelente texto! Aqui você ultrapassa as fronteiras da discussão esportiva,parabéns!
Fernando, percebo aqui e no seu outro blog (letras e rabiscos) que você aparentemente gosta de livros que falam sobre guerras e fatos históricos relacionados a elas... Caso seja verdadeiro minha percepção, quais motivos te levam a "enveredar" nessa literatura?
Um abraço!
Meu caro Kleber e Fernando,
Nesse bate papo via blog ficou para mim muito evidente que mais forte que as batalhas e as guerras são as PALAVRAS. Muitas vezes o que dizemos não é o que sentimos e vice-versa. Porisso fazer jornalismo não é fácil, principalmente quando mexe com a paixão das pessoas!!!!
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