5317 torcedores do Clube Alético
Mineiro, em abaixo assinado e com base no estatuto do torcedor, entraram com um
pedido junto ao Ministério Público, solicitando que o órgão, investigue possível
“arranjo” no resultado do jogo entre Cruzeiro e Atlético na última rodada do
campeonato brasileiro de 2011.
Prezado Sr. Adailton Ramos do
Nascimento, procurador-chefe da Procuradoria da República de Minas Gerais.
Nós, brasileiros, viemos por meio
desta solicitar que o Ministério Público Federal em Minas Gerais inicie uma
investigação a respeito dos acontecimentos de domingo, 4 de dezembro,
envolvendo Clube Atlético Mineiro e Cruzeiro Esporte Clube em partida entre as
duas agremiações válida pelo Campeonato Brasileiro de Futebol.
A investigação se faz necessária
porque há indícios de compra de resultados, o que contraria frontalmente o
artigo 41 do chamado Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/2003
http://tinyurl.com/Estat-Torc), segundo o qual é crime "solicitar ou
aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial
ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear
o resultado de competição esportiva" (art. 41-C).
O pedido de investigação
baseia-se nos seguintes fatos:
1. Em caso de vitória do Clube Atlético Mineiro, o Cruzeiro
Esporte Clube poderia cair para a série B, o que lhe traria milhões de reais em
prejuízo.
2. O resultado da partida, 6x1 para o Cruzeiro, é anormal,
uma vez que, no segundo turno do Campeonato Brasileiro, o Atlético apresentava
a melhor defesa dentre dos 20 times do Campeonato e, em contrapartida, o
Cruzeiro tinha o pior ataque.
3. Interessava ao Clube Atlético Mineiro vencer a partida,
pois a vitória garantiria à equipe uma vaga na Copa Sul-Americana.
4. Lances da partida apresentam jogadores visivelmente
desmotivados, num claro contraste com o comportamento eufórico da torcida nos
dias anteriores, o que motivou diversas charges em jornais. A partida também
apresenta lances bisonhos, como tropeços na bola, quedas, "furadas",
cruzamentos na área em que nenhum defensor subiu para cabecear etc.
5. O presidente do Atlético, Sr. Alexandre Kalil, é dotado
de uma personalidade provocadora, em particular quando se trata de partidas
contra o Cruzeiro, o maior rival. Entretanto, estranhamente, o presidente do
Atlético adotou uma postura menos agressiva em seus pronunciamentos públicos
nos dias que antecederam a partida. Além disso, o Presidente Kalil escreveu, em
seu Twitter, na sexta-feira, "Entregar o jogo para o cruzeiro?! Tem gente
achando que eu sou algum vagabundo?", negação estranha, posto que a torcida
atleticana estava motivada com a possibilidade de rebaixar o rival e não teria,
a priori, por que suspeitar de nenhuma entrega.
6. O BMG, instituição financeira que patrocina ambas as
equipes, denunciada pelo Ministério Público (http://tinyurl.com/MPF-BMG-Mens)
por envolvimento no chamado "Mensalão", o que levanta dúvidas sobre a
idoneidade da instituição. Além disso, a referida empresa tem interesses
econômicos em jogadores do Cruzeiro, que seriam desvalorizados se a equipe
fosse rebaixada. Sem mencionar o fato de que a instituição é patrocinadora de
ambas as equipes da capital mineira envolvidas na partida em questão.
7. O presidente de facto do Cruzeiro, senador Zezé Perrela,
é investigado por alguns crimes (http://tinyurl.com/Fazen-60mi e
http://tinyurl.com/Excelcias), incluindo lavagem de dinheiro na venda do
zagueiro Luisão (http://tinyurl.com/Venda-Lui), o que levanta dúvidas sobre a
idoneidade deste Senhor.
8. Há relatos (http://tinyurl.com/relato1), incluindo um
postado no blog de uma conhecida jornalista esportiva
(http://tinyurl.com/relato-jorn), a respeito de reuniões envolvendo os
dirigentes dos dois times e o presidente do BMG.
É importante ressaltar que
alguns desses relatos são anteriores ao jogo.
Diante dos fatos acima citados,
solicitamos abertura de investigação e, caso os indícios se comprovem,
solicitamos ordenar à Confederação Brasileira de Futebol, que organiza os torneios
nacionais, que sejam adotadas as medidas criminais cabíveis.
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