BIRD (Banco Internacional para
Reconstrução e Desenvolvimento) alerta que muito dinheiro e fiscalização frouxa
dos países emergentes atraem o crime organizado para o futebol.
Por Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
Brasília – A crise financeira
europeia e o bom momento da economia brasileira têm favorecido o futebol
brasileiro.
Embora endividados, os clubes do país oferecem salários cada vez
maiores, não só para trazer de volta atletas que jogam no exterior, mas, também,
para manter os novos talentos, como Neymar, que recusou propostas para se
transferir para clubes europeus e decidiu permanecer no Santos.
Este bom
momento do futebol nacional, contudo, é um atrativo para organizações
criminosas internacionais.
O alerta é da consultora do Banco
Mundial (BIRD) Brigitta Maria Jacoba Slot.
Uma das autoras do primeiro estudo a
avaliar mundialmente o envolvimento do crime com o futebol, Brigitta garante
que países emergentes como Brasil, Rússia e China estão na mira de quadrilhas
internacionais que precisam legalizar o dinheiro obtido de forma ilegal.
De acordo com Brigitta Slot, que
é holandesa, a lógica é simples: quanto mais dinheiro circular no mundo do
futebol, mais interesse esse mercado despertará o interesse do crime
organizado.
“É necessário que o país combata o problema desde já, pois, mais
tarde, será ainda mais difícil. O futebol segue o dinheiro, de forma que as
mudanças na economia global levarão a mudanças também na destinação do dinheiro
dessas organizações criminosas”, disse ela em um seminário sobre lavagem de
dinheiro no futebol brasileiro, promovido pelo Ministério da Justiça, em
Brasília.
Segundo a consultora, o estudo
dela, concluído em 2009, identificou que os mecanismos de regulação e
fiscalização do futebol são frágeis e insuficientes em praticamente todo o
mundo.
Além disso, falta transparência na condução dos negócios futebolísticos,
como contratação de atletas e investimentos feitos por dirigentes de clubes e
federações.
“Concluímos [no estudo] que o
futebol é vulnerável à lavagem de dinheiro e a outros crimes, como tráfico de
pessoas e corrupção”, disse Brigitta Slot. Para ela, o endividamento e a má
governança dos clubes – inclusive os milionários times europeus, que também têm
alto grau de endividamento -, a falta de fiscalização adequada por parte dos
governos e a paixão que o esporte desperta são alguns dos fatores que
contribuem para agravar o problema.
Como os demais palestrantes que
participaram do seminário, a consultora do BIRD classificou como
injustificáveis e insustentáveis os altos salários pagos a jogadores e
treinadores, além dos valores envolvidos nas transações entre clubes.
“O
futebol é intocável na maioria das sociedades. Às vezes, as pessoas se
perguntam quem controla quem? São os governos que impõem regras aos clubes ou é
o contrário?”, perguntou ela, provocando na plateia.
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