Por José Cruz.
O Ministério do Esporte lançou um
volumoso livro, espécie de balanço geral dos primeiros sete anos de sua
existência – 2003 a 2010.
Bem produzido, com várias
ilustrações e números, é documento oficial para comentar sobre alguns programas
de governo na área do esporte.
Começo pela Timemania, a loteria
que surgiu por iniciativa do então ministro Agnelo Queiroz – ainda hoje se
explicando sobre denúncias de corrupção do suspeito programa Segundo Tempo (que
comentarei outro dia).
Periodicamente insisto neste assunto
da dívida, para que não sejamos acusados de “país sem memória”.
É preciso lembrar que a
cartolagem de uma determinada época deu calote de R$ 2 bilhões no fisco.
Exatamente isso: recolhia os
valores do INSS e Imposto de Renda de seus funcionários (a maioria jogadores) e
não repassava aos cofres da União. O calote,repito, foi acrescido da dívida
para com o Fundo de Garantia. Resultado: a conta chegou aos R$ 2 bilhões.
Para resolver o problema, o
governo federal agiu de forma diferenciada. Em vez de exigir que os devedores
saldassem a conta, como faz com os “contribuintes comuns”, lançou uma nova
loteria esportiva, a Timemania.
Com isso, repassou ao
torcedor-apostador o ônus da dívida que contraiu. Das apostas realizadas, 22%
são destinados ao abatimento da conta.
Balanço.
Agora, no balanço do Ministério
do Esporte, a tal Timemania mostra-se um fracasso.
Em três anos – entre 2008 e 2010
– a Timemania arrecadou R$ 311milhões. E contribuiu com apenas R$ 68,4 milhões para abater nos R$ 2 bilhões
devidos. A conta está sendo paga, é verdade, mas o calote continua bilionário.
Enquanto isso…
Observa-se tratamento
diferenciado do governo diante de seus contribuintes em geral – e o futebol, em
particular. Principalmente porque os clubes devedores não escondem suas
transações milionárias com jogadores caríssimos e técnicos que assinam
contratos nas alturas.
Faço este comentário também motivado pelo
recente seminário que tratou sobre como o futebol contribui para a lavagem de
dinheiro, mundo afora.
No entanto, o mesmo governo – da
época dos tucanos, que ignorou a dívida, e o de agora, que cobrou de forma
benevolente – omite-se na fiscalização rigorosa da economia dos clubes, seus
negócios aqui e lá fora.
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