Meu nojo não me permite considerações equilibradas...

Imagem: Arquivo Pessoal

Vi Selma uma única vez na TV Universitária, foi um encontro rápido, trocamos um aperto de mão, dissemos ser um prazer termos nos conhecido e nos despedimos com um sorriso e votos de felicidades.

É isso o que posso falar sobre Selma Barbosa Alves, 53 anos, e que foi estúpida e brutalmente assassinada em Salvador, Bahia, na madrugada de segunda-feira (12).

Portanto, não vou derramar elogios a pessoa de Selma e nem tão pouco dizer que ela era isso ou aquilo, porém, hoje, não pude deixar de me comover com um pouco da história de Selma que alguns colegas que conviveram com ela na TVU no período em que ela trabalhou na emissora, me contaram.

Selma era uma lutadora, determinada e decidida a ser algo mais na vida, segundo me contaram.

Decidiu que seria jornalista...

Foi.

Decidiu que passaria num concurso público...

Passou.

Mas, nada disso aconteceu com a comodidade que muitos imaginam, quando se trata de avaliar e julgar a vida do próximo.

Segundo os colegas da TVU, Selma enfrentou o desafio de buscar uma vida melhor, lutando com a doença que primeiro acometeu sua mãe, e depois, seu pai...

Cuidava dos dois com o apoio de sua família e mergulhava nos livros...

Livros, amigos, muitos deles.

Pois bem, Selma morreu baleada dentro de seu carro, sem esboçar reação e certamente sem entender o que o filha da puta que atirou nela queria.

Nem teve tempo...

Seu carro foi fechado por dois ratos e um deles, desceu, se aproximou, puxou o gatilho, meteu uma bala em sua cabeça, a jogou para fora do carro e a deixou deitada na rua como se fosse um trapo, uma coisa qualquer.

Segundo dizem o assassino e seu comparsa foram perseguidos pela polícia baiana...

Segundo soube, houve troca de tiros...

Segundo soube, escaparam.

A polícia nunca acerta quando tem que acertar.

Todo o resto não precisa ser contado, já sabemos o que vai acontecer...

Nada...

Absolutamente nada.

Se forem presos, vão responder em liberdade, pois certamente vai aparecer um advogado, destes que usam camisa amarela, gravata vermelha, paletó verde e calça caqui para argumentar que não ouve flagrante e blá, blá, blá...

Devem ser julgados...

Serão condenados, mas em pouco tempo vão voltar para as ruas...

Livres, leves e morrendo de rir.

Já Selma, está condenada a eternidade...

Seu corpo preso para sempre numa caixa, por nada.

O máximo que ela receberá serão notas de condolências e flores sobre seu túmulo.

Vi Selma uma vez...

Ela não poderia ter feito nada contra o verme que atirou nela...

Era pequenina, franzina e frágil demais para machucar o escroto que lhe tirou a vida.

Sempre tentei escrever aqui, com ponderação, com equilíbrio e com um mínimo de civilidade, mas, hoje, não...

Escrevo com raiva, com nojo e uma profunda tristeza em minha alma.

País de merda...

Leis de merda...

Justiça de merda...

Autoridades de merda.

Chega de passeatas com pombinhos da paz e velas brancas nas mãos...

Façamos passeatas pelo enfrentamento...

O crime quer guerra, então vamos a guerra.

Se a passagem de ônibus está cara, nossas vidas não valem um tostão...

Matam por nada, matam por que sabem que nada vai acontecer.

Tenho certeza que que serei taxado de reacionário, fascista e todas essas baboseiras...

Foda-se, cansei.

Selma não fez nada para morrer como morreu.

Descanse em paz Selma, você fez sua parte, estudou, cresceu e conquistou seus objetivos...

Infelizmente, Selma, o país em que você nasceu é que não presta.