Nesse momento, leio que o árbitro João Alberto Gomes Duarte foi afastado do quadro dos árbitros de FNF (Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol) e devo confessar, me sinto péssimo com tal notícia...
Pessoalmente do gosto do João, tenho por ele respeito e admiração pessoal.
João Alberto tem uma história profissional como árbitro que merece ser levada em consideração e, se me perguntarem se mentiu em sua entrevista, respondo sem pestanejar – Não, João não mentiu!
Todos nós sabemos que o Petit Prince de Antoine de Saint-Exupéry, foi uma tentativa do escritor, ilustrador e piloto francês na Segunda Guerra Mundial, de provocar nas pessoas uma reflexão sobre si mesma e sua relação com a vida...
Não é um livro para crianças, mas os adultos ao perceberem, trataram de desqualificá-lo menosprezando seu conteúdo e o rotulando como literatura infantil...
Talvez João Alberto, mesmo sem se dar conta, tenha tentado através de sua ingênua e quase pueril entrevista, provocar uma reflexão sobre as agruras dos árbitros de futebol, mas infelizmente, faltou naquele instante em João Alberto a “pele” de professor.
Contar uma história, não é apenas narrar um acontecimento, adjetivando personagens sem rosto, sem nome e sem morada.
Uma história assim perde seu valor, pois não há como entender o ocorrido...
Se soubermos quem são os personagens e podermos identificar sua trajetória, compreenderemos as razões de seus atos e entenderemos os porquês de sua ascensão ou fracasso...
O professor João Alberto, sabe disso, mas o árbitro João Alberto, não...
Na entrevista estava apenas o árbitro e como tal João agiu.
Um árbitro de futebol segue normas, segue regras, mas também tem a prerrogativa de interpretar e de conduzir um jogo, segundo critérios pessoais e é aí, que reside toda a essência do futebol.
Futebol sem polemica não existe e são os árbitros os maiores provocadores de polemica.
Essa foi à pele que João vestiu.
Quis mostrar o lado duro da profissão, quis alertar para as investidas inescrupulosas que certamente, a maioria dos árbitros sofre, mas generalizou e ao generalizar, feriu a muitos, mas permitiu que o verdadeiro culpado, permaneça oculto pelos ferimentos causados a todos".
Lamento por João Alberto, não duvido de uma só palavra do que ele disse, mas...
Não posso em nome dos meus princípios, concordar com ele nesse momento...
É preciso provar!
A justiça não pode se basear no dedo em riste, a justiça para ser justa, necessita encarar o réu e desmoralizá-lo diante de irrefutáveis provas de seus ilícitos.
Se disser que um PM é desonesto, preciso dizer seu nome, sua patente e mostrar onde, como e por que sua ação foi indigna, caso contrário, estarei enlameando toda uma instituição que assim como todas as outras, não é santa, mas absolutamente, não está sob o domínio do mau.
Para encerrar essa discussão, peço permissão para me alongar um pouco mais e contar uma história que julgo pertinente e esclarecedora...
Ao terminar a Segunda Grande Guerra, os vencedores estabeleceram tribunais para julgar crimes cometidos por militares e civis (porém, como era de se esperar, só os vencidos foram julgados).
Políticos, militares, agentes do estado e todo e qualquer sujeito que tenha colaborado para que ações consideradas criminosas fossem cometidas, foram presos e levados a julgamento.
Alguns sem sorte foram linchados em praça pública ou, como as mulheres na Itália, França e Bélgica, tiveram seus cabelos raspados, suas vestes rasgadas e cheias de desenhos de suásticas pelo corpo, foram obrigadas a caminhar pelas ruas, cercadas de membros armados da resistência, para serem insultadas, agredidas e humilhadas publicamente, por terem sido apontadas como simpatizantes dos derrotados.
Tudo isso, sob o olhar complacente das tropas aliadas e das autoridades recém constituídas nesses países...
É certo que dentre elas, existiam mulheres que colaboraram ativamente com o invasor alemão, mas hoje, se sabe que a grande maioria foi assim tratada, por terem se envolvido emocionalmente com oficiais ou soldados germânicos ou, mantido relações sexuais com eles, em troca de sustendo para si e para suas famílias.
Essa foi a jsutiça do dedo em riste da acusação sem prova.
Porém, o um dos mais emblemáticos casos é o de Albert Speer, arquiteto e mais tarde Ministro do Armamento da Alemanha Nacional Socialista, que ao final do conflito foi preso e levado a julgamento em Nuremberg por crimes de guerra.
Diferente dos demais, Speer não alegou inocência e nem se escondeu atrás da obrigação de cumprir ordens.
Brilhante, inteligente e competente, Speer declarou-se culpado, mas sua declaração de culpa foi o meio encontrado para se livrar da pena de morte...
Speer declarou o seguinte: “Se tivéssemos vencido a guerra, estaria eu agora, desfrutando das glórias da vitória, mas como perdemos não me furtarei de aceitar minhas culpas e responsabilidades”.
Speer sabia que as provas contra ele seriam difíceis de ser apontadas, pois não havia como mostrar ações pontuais ou pessoais, tudo era genérico.
Como ninguém pode provar suas culpas e responsabilidades, Albert Speer foi condenado a 20 anos de prisão e saiu da cela de Spandau para morrer de causas naturais em Londres, durante uma visita a Inglaterra.
Isso mostra, que mesmo num período onde o desejo de vingança e ódio, domina os corações, ainda assim, a justiça tem que provar a culpa de cada um...
No fundo do meu coração sei que João Alberto não mentiu, mas, por principio não posso aceitar a premissa de que todos os parlamentares sejam cafajestes, mesmo sabendo que alguns são bem mais do isso.
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