sábado, dezembro 26, 2009

Em respeito a um amigo...

Li o blog do meu amigo Pedro Neto e li duas postagens onde Pedro faz elogios a Torcida Máfia Vermelha e Gang Alvinegra, por terem ambas, distribuído cestas básica para pessoas carentes em comunidades periféricas de Natal.


Até aí, tudo normal, tudo correto, nada a contrapor, mas num determinado parágrafo, Pedro se diz triste por receber criticas de alguns torcedores, que segundo ele, criticaram sua postura ao abrir espaço para essas torcidas...


Concordo com a insatisfação de Pedro, afinal, sua intenção foi a de mostrar que existem nessas torcidas pessoas capazes de atos caridosos em relação ao excluídos socialmente...


Porém, dando continuidade ao texto, percebi que Pedro demonstra irritação com alguns colegas da imprensa, pois segundo ele, poucos foram os que divulgaram o espírito natalino da TMV e da TGA e muitos, ou quase todos, sempre fazem questão de reverberar as coisas ruins.


Porém, agora, diante de um ato bom, ninguém deu uma só linha...


E conclui, com alguns questionamentos...


Quer dizer que na hora de criticar, todos sabem?


Na hora de malhar com as torcidas, todos sabem?


Na hora de dizer que não deveriam colocar faixas de protesto, todos sabem?


Na hora de reclamar por causa dos dizeres de uma camiseta, todos sabem?


E na hora de parabenizar, porque é tão difícil?


No Final, Pedro encerra com o seguinte fecho: “Engana-me que gosto!”


Pois bem, não quero que Pedro veja esse meu post como uma resposta, nem mesmo que imagine ser uma critica ao que ele escreveu – o motivo de estar escrevendo, se deve a amizade que tenho por Pedro e o respeito pessoal que tenho por ele e, como fui eu que em primeiro lugar se insurgiu contra os “dizeres numa camiseta” (Marcos Lopes, apenas repercutiu o que leu aqui e, chegou a ser ameaçado por isso), achei por bem, dar as devidas explicações...


Não noticiei a “maratona” dos rapazes e moças de vermelho e preto e branco, pelas comunidades carentes de Natal, distribuindo alimentos, solidariedade e de alguma forma, conforto as pessoas menos assistidas por uma razão muito simples: Aplaudo a atitude, mas não é isso que espero de nenhuma torcida organizada!


Não é dando um quilo de arroz ou feijão a uma criança, ou um pacote de macarrão, uma lata de óleo, um saco de biscoito ou seja lá o que momentaneamente mate a fome dessas pessoas, que as tais torcidas irão ganhar meu respeito e minha admiração...


O que eu espero delas (as torcidas) é exemplo, atitude, civilidade e acima de tudo, respeito pelo direito do outro ser o que desejar ser, torcer para quem quiser torcer e viver da maneira que achar melhor viver, desde que não fira ou magoe ninguém.


O que desejo é que os membros dessas torcidas, dêem a todos a liberdade de ir e vir, trajando a cor que bem entender, vibrando após uma vitória ou sofrendo após uma derrota, sem o risco de a pessoa ser espancada, apedrejada ou morta a tiros, apenas por usas a cor errada aos olhos do agressor.


Estarei eu pedindo muito?


Sei que a atitude de distribuir alimentos entre os pobres, está tomada de boas intenções e sei também, que a maioria dos que participaram dessa entrega, são pessoas de bem, cuja intenção foi mostrar que na TMV e na TGA, existe um lado saudável e bom...


Mas sei também que alguns (não sei quantos), viram tal ação apenas como uma forma de marketing da bondade...


Perdoe-me meu querido amigo Pedro e membros da TMF e TGA, não tenho intenção de comparar, mas Al Capone fazia caridade na periferia de Chicago, Luc Luciano, distribuía presentes aos pobres de Nova York, o Comando Vermelho e o PCC, constroem quadras de esporte, fazem festas para jovens, compram remédios para necessitados, pagam conta de água e luz e até, tratamento médico para as pessoas...


O Czar Nicolau II costumava fazer grandes “banquetes” populares, onde teatros eram montados, bebida e comida eram distribuídas e membros da nobreza russa, davam presentes para todos – leia sobre a “Tragédia de Khodynka”, entenderá o que eram esses “banquetes” e como o povo era manipulado por eles.


Poderia encher muitas páginas com exemplos iguais, mas vou poupá-lo e encerrar dizendo que compreendo sua intenção de mostrar qualidade nas torcidas organizadas – concordo com você, tem sim muita gente boa entre eles, mas repito e insisto, não quero vê-los nas ruas como freiras ou jesuítas a distribuir pão e vinho.


Quero vê-los nos estádios rivais um do outro, entoando cânticos de louvor a suas equipes, a seus ídolos e suas cores, também sou capaz de aceitar e compreender, que se xinguem, que gritem gozações e que até mesmo, usem palavras chulas em relação um ao outro...


Mas isso, enquanto a bola rola...


Depois, ao sair do estádio, que saiam como seres humanos, como gente civilizada e não, como psicopatas a espreita de uma vitima, para espancar e matar, como se o sangue derramado pudesse mudar um resultado de um jogo ou devolver uma taça perdida...


Quanto aos dizeres na camiseta, continuo afirmando o que afirmei: seu autor é homofóbico ou misógino e, quem a usar, irá reverberar um absurdo!


Se a intenção, era apenas fazer uma campanha contra o aluguel do Maria Lamas Farache, bastava algo assim: “ALUGUÉL DO FRASQUEIRÃO? SOU CONTRA E FIM DE PAPO!


Isso eu respeitaria!


Creio que fui claro e creio ter respondido ao amigo a razão de não ter divulgado no Fernando Amaral FC, a ação louvável dos membros da TMF e TGA e a razão pela qual me posicionei contra a malfadada camiseta.

Um comentário:

Henrique Jordon disse...

Bom texto!!
Parabens.