Na última segunda feira, participei da escolha dos melhores do ano no programa Esportes em Debate Especial da Radio Globo Natal.
Antes de qualquer coisa, gostaria de agradecer a Santos Neto pelo convite a e dizer da minha satisfação, diante da calorosa recepção que obtive da maioria esmagadora dos membros da equipe de esportes da emissora.
Marcos Lopes, César Virgílio, Ricardo Silva, Chico Inácio, Hélio Câmara, Emerson Amaral, Marcos Lira, José Lira e toda a equipe, meus sinceros agradecimentos.
Faço também, questão de citar a presença do Jornalista Vicente Estevam do Jornal Tribuna do Norte, profissional que respeito e admiro há muito tempo.
Fui para a Peixada da Comadre (local onde aconteceu a transmissão), como convidado e como tal me comportei lá, e assim, pretendo continuar me comportando aqui.
Não cabe a um convidado discutir nem a metodologia usada para definir quem vai ou não estar nessa ou naquela posição da lista, assim como, não cabe a um convidado discutir os critérios usados para a escolha dos nomes postos em votação.
Portanto, votei de acordo com minha consciência e usei como alicerce, os meus parcos conhecimentos no assunto, meus princípios de ordem moral e minha visão sobre o desempenho de cada um na função.
Tentei ser honesto antes de tudo comigo e com os listados, e confesso, que não tive nenhuma preocupação com o grau de popularidade ou de aceitação perante aos possíveis ouvintes.
A seleção escolhida foi à seguinte:
Paulo Musse, Bosco, Robson, Ben Hur e Aloísio. Julio Terceiro, Luiz Maranhão, Saulo e Fabiano Gadelha. Ronaldo Capixaba e Ivan.Craque do ano: Saulo
Craque revelação: Jean Carioca.
Melhor Treinador: Ferdinando Teixeira.
Melhor Árbitro: João Alberto Gomes Duarte.
Melhor Dirigente: José Vanildo.
Minha posição na votação:
Paulo Musse, Bosco, Fabiano, Adalberto e Aloísio. Julio Terceiro, Luiz Maranhão, Saulo e Fabiano Gadelha. Ítalo e Cascata.
Craque do ano: Saulo.
Craque Revelação: Vaninho do Potiguar de Mossoró.
Melhor treinador: Ferdinando Teixeira.
Melhor árbitro: João Alberto Gomes Duarte.
Melhor dirigente: José Vanildo.
Algumas considerações que acredito serem importantes:
Marcio Hahn tem lugar em qualquer time que se monte com base na temporada 2008 no Rio Grande do Norte, mas não me cabe discutir as razões que levaram a colocá-lo na posição de primeiro volante, quando ele jogou sempre como segundo, portanto, deixo claro que essa para mim foi à posição mais difícil de escolher.
Optei por Julio Terceiro pelas seguintes razões:
Julio foi o maior empecilho encontrado pelos atacantes adversários nos jogos contra o América e, Julio, encarna um espírito que admiro em quem ganha a vida num ambiente da alta competição e pressão; o espírito do homem guerreiro, cheio de determinação e coragem.
Não votei em Jean Carioca em nenhum momento, por considerar que o caráter de um homem está acima de tudo e que o respeito à profissão escolhida é inegociável.
Jean nunca esteve contundido, quem quiser acreditar em coelhinho da Páscoa, Papai Noel, Mula sem Cabeça ou qualquer personagem do imaginário, fique a vontade, pois não tenho a menor vocação para destruir as fantasias de ninguém.
Na posição de craque, fiz uma ressalva ao votar...
Na lista apresentada, só um nome poderia se enquadrar na definição literal da palavra craque: Souza.
Mas como entendi que esse “craque” poderia ter o sentido de premiar ao jogador mais produtivo entre os três durante a temporada; escolhi Saulo.
Na escolha de treinador o meu critério foi o de produtividade e, nesse critério, Ferdinando foi o melhor.
Por fim, considero que Judas Tadeu Gurgel, um dirigente que guardadas as devidas e óbvias proporções, tem para o ABC, a mesma importância do que teve para o São Paulo o ex-presidente Marcelo Portugal, recentemente falecido.
Mas votei em José Vanildo por considerar que só fato de Vanildo ter devolvido a FNF a legitimidade moral e acabado com práticas no mínimo estranhas dentro da instituição, por si só, já dariam a ele, o mérito da escolha.
Não devemos esquecer que foram anos de caminhos tortos e vícios na pocilga instalada sob as arquibancadas do Juvenal Lamartine.
Com Vanildo o ar se tornou respirável e a ambiente freqüentável.
O que vou escrever aqui, disse no ar e depois, disse ao próprio Judas Tadeu, que presente a votação, manteve comigo ao seu término um diálogo franco e aberto.
Judas elegante, em nenhum momento mostrou insatisfação, muito pelo contrário, foi afável, brincalhão e ficou na companhia de todos, até próximo as primeiras horas de terça feira.
Mas faço questão de deixar registrado o que penso sobre o Presidente do ABC FC...
Judas tirou o ABC da idade média e o levou a modernidade, quando construiu o atual patrimônio, deu inicio a reformas internas, procurou profissionalizar alguns setores e investiu nas suas categorias de base.
Porém, sempre reconhecendo que ainda há um longo caminho a percorrer.
Judas Tadeu Gurgel é um homem de bem, é cumpridor da palavra empenhada, administra o ABC com lisura e probidade e, seu amor pelo clube é incontestável.
Mas, Judas não é perfeito e nem me parece que tente fingir que é como alguns dentro do ABC fazem questão de pintá-lo, numa tentativa tosca de culto a personalidade.
A maior prova de Judas nunca se serviu do ABC, foi fato de que jamais se aproveitou dos momentos de maior glória do clube, para trilhar com os votos da massa alvinegra os caminhos da política (o que seria absolutamente legítimo).
Vejo como o maior defeito de Judas Tadeu Gurgel, o fato dele nunca ter conseguido entender (ou deixaram que ele entendesse) que o ABC é um ente público e, portanto, sujeito a criticas.
Judas criou em seu coração apaixonado a idéia que tudo o que se disser que não seja elogio ao clube, é tentativa de macular ou denegrir o alvinegro (pode até ser que alguns o façam, mas generalizar é injusto e irracional)...
Por causa dessa premissa, Judas se envolveu em discussões e bate bocas que solenemente deveria ter ignorado; primeiro por ser ele presidente de uma instituição cujo valor e importância só um idiota colocaria em dúvida e, depois, por ser ele o primeiro exemplo a ser seguido por todos que compartilham do mesmo amor.
Quando terminou o programa, me aproximei e disse:
“Presidente, o seu defeito é que o senhor nunca conseguiu “descer” daquela mangueira no Juvenal Lamartine de onde o senhor fez juras de amor eterno ao seu ABC e até hoje, como todo amante incondicional fica furioso se alguém, disser que as cores dos meiões usados por seus jogadores são feias”.
Judas me estendeu a mão, sorriu e disse:
“Sou assim, mudar nessa altura da vida é complicado”.
Depois conversamos sobre muitas coisas e deixamos o futebol para lá.
Judas é digno de todo o meu respeito e admiração, portanto, procuro sempre dar ênfase as suas melhores características (assim como faço com qualquer dos dirigentes locais), mas encobrir seus defeitos, não seria um ato nem de respeito e nem de amizade, seria bajulação pura e simples e isso, sei que Judas não espera de mim.
Não sou niilista e nem tenho por missão tentar macular o que tantos e por tantos anos lutaram para construir, assim como não sou pregador a pregar a fé cega e inabalável e aí, em ambos os casos, tanto faz se usam preto e branco, vermelho e branco ou qualquer cor.