Recapitulando...
Parte 1
Fui mais cedo para o Maria Lamas Farache por dois motivos: queria evitar o transito emperrado e o corre, corre dos minutos perdidos, mas, também, queria poder observar como seria a chegada das pessoas ao estádio...
Tomei um taxi e quando disse meu destino, o motorista me olhou e disse: o senhor trabalha em televisão e rádio, não é mesmo?
E sem me dar tempo para uma resposta mandou mais duas perguntas:
Seu nome é Fernando Amaral?
O senhor acha que o América tem chance hoje?
Bem, respirei e respondi o questionário por partes...
Trabalho sim senhor!
Sou eu mesmo!
Olha amigo, vou ser bem sincero: vejo o ABC num momento melhor, penso que é o favorito, mas não jogue a toalha, pois esse favoritismo não é tão grande assim.
Diante das respostas ele me olhou e feliz da vida disse: eu reconheci o senhor mesmo com essa barba, sou bom em guardar rostos e, completou: vou torcer muito pelo América, mas estou com uma sensação de que não vai dar certo...
Como a corrida de Ponta Negra até o Maria Lamas Farache não é tão distante, nossa conversa ficou por aí...
Desembarquei, paguei 12 reais pela corrida – ele dispensou os 20 centavos em nome da minha “fama” -, agradeci e desejei sorte a ele, na vida, na profissão e no jogo que logo depois, teria início.
Parte 2
Ao chegar me deparei com um clima bem sereno, pessoas andavam em direção aos portões, ou jogavam conversa fora, nos inúmeros “bares” que rodeiam o estádio...
O contingente policial me pareceu satisfatório...
Após, alguns cumprimentos aqui e trocas de palavras ali, finalmente entrei e me assustei!
Quem teve a infeliz idéia de colocar aquela bandinha tocando atrás do gol?
E afinal, o que cantavam os tais “artistas”?
Um som horrível, alto, distorcido e de péssimo gosto.
Perdoem-me, mas parecia uma quermesse!
Ouvi dizer que alguns gostaram muito – tá bom, gosto não se discute, no máximo se lamenta.
Parte 3
Quando as equipes entraram em campo, as torcidas fizeram sua parte...
Os alvinegros jogaram rolos de papel – particularmente, gosto desses rolos, mesmo sabendo que depois é trabalhoso tirá-los, mas lembra as torcidas argentinas e, devo confessar, gosto da forma vibrante como os argentinos torcem – e os alvirrubros mandaram para o ar, papel picado.
Vaias de praxe, aplausos idem e muita vibração.
Porém, um momento me irritou muito...
Aconteceu durante a execução do Hino Nacional do Brasil!
Antes, quero esclarecer que não sou um patriota extremado: tenho senso critico, sei que excesso de patriotismo, acaba se tornando abrigo para os intolerantes...
Mas, para mim, três símbolos são sagrados e intocáveis: a Bandeira, o Hino e o Brasão de minha pátria...
Macular, desrespeitar e zombar deles, para mim é ofensa grave e imperdoável.
Nunca suportei os que se enrolam na bandeira brasileira e bêbados comemoram seja lá o que for...
Nunca aceitei ver a bandeira de meu país, ser arrastada pelo chão por idiotas que correm de um lado para o outro, a gritar Braziiiiiiil...
E ontem, presenciei cenas de total desprezo e desrespeito pelo Hino do Brasil...
Enquanto a maioria se mantinha silenciosa, os idiotas das organizadas – alvinegros e alvirrubros – batucavam seus tambores como bárbaros e saltavam e sacolejavam como símios, tentando abafar o som do Hino, com seus gritos primatas...
Fiz o que sempre fiz, ou melhor, fiz que sempre, vi meu pai, meu avô e todos os membros de minha família fazerem: levantei-me, mantive-me em respeitosa postura e sonhei como sempre sonho, com o dia em que seremos uma nação respeitada em todo o planeta...
Lembrei da sensação de admiração que sentia, sempre que via meu avô e meu pai, com ou sem o uniforme que envergaram por tantos anos e com tanto orgulho, perfilados e prestando continência a Bandeira, fosse onde fosse...
Parte 4
Quando a bola rolou, relaxei, mas logo fui tomado por uma intensa excitação, pois América e ABC começaram a todo vapor e com dois ou três minutos, o estádio havia tremido diante de boas chances perdidas...
Entretanto, com o passar dos minutos, o jogo ficou mais equilibrado, mas pegado e menos emocionante: mas não chato...
Era, digamos, uma animada pelada, com lampejos de criatividade por parte de jogadores como Cascata do lado do ABC e Saulo, pelo lado do América...
O ABC entrou com uma formação tática diferente – Leandro Campos, resolveu inventar – e, graças a essa inovação, o América esteve mais vezes com a bola.
Entretanto, ter a bola mais vezes, só é interessante, se quem a possuiu sabe o que fazer com ela...
O América esbarrava no vazio que é seu ataque...
Para piorar, quando os “atacantes” americanos conseguiam acertar um chute na direção do gol, o goleiro Wellington, estava lá para frustrar à pequena, vibrante e barulhenta torcida rubra.
E o ABC?
Também atacou!
Não com o mesmo volume dos americanos, mas criou oportunidades e fez Rodolfo praticar boas defesas para tristeza para a massa alvinegra presente.
No frigir dos ovos, foi um primeiro tempo agradável, mas que deixou um gostinho de podia ter sido melhor.
Na segunda etapa o América voltou mais avançado...
Berg que entrou no lugar de Rogerinho deu mais movimentação e fez a bola chegar com mais qualidade à frente...
Porém...
Cadê os atacantes?
Nada!
Recuado, e apostando na velocidade de sua saída, o ABC controlou o jogo e assustou nas vezes que chegou...
Pena, que hoje, Cascata estivesse tão individualista: tal postura prejudicou a movimentação do ataque alvinegro.
Mas...
Depois da cobrança de um escanteio, dentro da pequena área, sem marcação e com Rodolfo plantado em cima da linha, Tiago Garça, cabeceou no centro da meta e fulminou o arqueiro americano...
Decepcionada e silenciosa, a torcida do América viu a torcida do ABC fazer a festa e vibrar intensamente...
Dada a saída, o jogo continuou com maior posse de bola para os rubros, mas que nada fizeram para merecer o empate.
Ao final, restou aos americanos protestarem e verem a festa dos adversários.
Parte 5
Se a polícia conseguiu evitar a violência dentro do estádio e minimizar seus efeitos fora do estádio – até aqui, não tive nenhuma informação de nenhuma grande anormalidade -, o mesmo não conseguiu a segurança contratada pelo ABC...
O banheiro destinado aos torcedores rubros foi depredado: pias, privadas e azulejos foram quebrados por delinqüentes raivosos e recalcados.
Por que destruir?
Por que atingir pias, privadas e azulejos?
Quebrar uma pia muda o resultado?
Uma privada quebrada devolve os pontos perdidos?
Azulejos estilhaçados provam o que?
Lamentável!
Mas para mim, compreensível...
Afinal, esses poucos, esses toscos...
São os mesmos que não conseguem respeitar o Hino de seu país...
São os mesmos que se sacolejam como bonecos de Olinda e saltitam como símios, imaginando impor medo e terror com seus trejeitos...
São os mesmos que vestem o manto sagrado do América e com sua violência descabida, desnecessária e repleta de recalque, maculam as cores do clube que afirmam amar...
São os mesmos que envergonham a maioria dos torcedores americanos...
Por fim, são os mesmos que vestindo qualquer cor, são capazes de odiar muito mais o adversário que amar o clube cujas cores vestem.
3 comentários:
PARABÉNS FERNANDO,GRANDE COMENTARIO!!!!!!!!!
EU ASSINO EMBAIXO
ASS:ERNANI
Fernando, leio seu blog todos os dias. Cultura aqui é nota 1000! Sou torcedor do América, mas fico com vergonha dessas coisas. Perdeu?? Vá pra casa, chore, quebre seu rádio na parede, mas não precisa destruir o banheiro do time adversário, arranjar confusão na rua, ameaçar as pessoas na saída do estádio.. Eu odeio a Máfia Vermelha (Gang Alvinegra também). Pra mim é uma "torcida" lixo. Bando de babacas. Eu nunca assisti e nunca vou assistir ao jogo perto dessa "torcida" de marginais - em sua maioria - e bandidos. Se não quiser postar minha opinião tudo bem. Mas estamos num país democrático. Continue assim. Imparcial sempre. Você é o cara! Abraços.
Grande crônica, digna de um grande jogo!!!
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