Não conheço,
mas já vi! #10
A Sampdoria e
seus dez anos de sucesso.
Por Dyego
Lima/Universidade do Esporte
Pelo menos
num primeiro momento, é difícil não ficar intrigado com a Sampdoria.
Seja tentando
decifrar o seu emblema, seja por seus uniformes, com uma disposição de cores
tão contrastante, mas ao mesmo tempo tão bonito.
Ou ainda,
simplesmente por seu nome chamativo.
Verdade é
que, bem como esses elementos, a história do clube também é bastante
interessante.
Fundada no
dia 12 de agosto de 1946, a equipe é natural de Gênova, capital da Ligúria, no
noroeste da Itália.
Seu nome e
cores remetem aos clubes que lhe originaram: o Ginnastica Sampierdarenese e o
Andrea Doria.
O símbolo do
time é composto por uma silhueta negra representando o rosto de um típico
pescador genovês, estilizado com barba, boné característico, cachimbo e cabelos
ao vento.
Essa figura é
chamada no dialeto local de baciccia, diminutivo de Giovanni Battista, figura
histórica patriota de Gênova do século XVIII.
Ele foi líder
da revolta popular contra os ocupantes do Império de Habsburgo no distrito
genovês de Portoria.
A Sampdoria
manda seus jogos no Stadio Luigi Ferraris, que possui capacidade para 36.536
torcedores.
O palco é
compartilhado com o Genoa, rival da cidade.
Os clubes
disputam o clássico conhecido como Derby della Lanterna, em alusão ao principal
farol do Porto de Gênova.
O nome do
estádio é uma homenagem a um ex-jogador, engenheiro e soldado italiano, morto
durante a Primeira Guerra Mundial.
Origens
Como já
citado anteriormente, La Samp nasceu da fusão de dois clubes.
O Ginnastica
Sampierdarenese foi fundado em 1891, com as atividades futebolísticas sendo
iniciadas em 1899.
Nomeado em
homenagem a Andrea Doria, um almirante italiano, o Society Andrea Doria se
estabeleceu em 1895, com o futebol como foco principal.
Após disputas
do Campeonato Italiano nos anos anteriores, foi em 1946, pós-Segunda Guerra
Mundial, que as equipes concordaram pela união de forma definitiva.
Algo que já
havia sido tentando, por imposição, na temporada 1926/27.
Sob o domínio
de autoridades fascistas, Sampierdarenese e Andrea Doria originaram La
Dominante Genova.
Jogando a
Serie B italiana, La Dominante finalizou seu primeiro campeonato na liga
profissional, temporada 1929/30, na terceira colocação, mas sem o acesso.
Na época
seguinte, sob o nome de Ligúria, tiveram um ano desastroso, terminando no
último lugar e rebaixado para a Serie C.
Já em 1931/32,
os clubes tornaram a se separar.
Primeiros
passos
Com o fim da
Segunda Grande Guerra, Sampierdarenese e Andrea Doria estavam presentes na
Serie A, mas com o segundo vivendo um momento melhor.
Ainda assim,
as diretorias concordaram com uma nova fusão, que deu origem a Unione Calcio
Sampdoria.
Para deixar
claro que as duas instituições estariam igualmente representadas no novo clube,
os uniformes foram projetados com as camisas azuis do Andrea Doria, juntamente
com listras em branco, vermelho e preto, representando a Sampierdarenese.
O primeiro
presidente do clube foi Piero Sanguineti, que logo seria substituído pelo
empresário Amedeo Rissotto.
Porém,
demorou muito para que Il Doria obtivesse sucesso.
No Campeonato
Italiano, até a temporada 1978/79, a melhor campanha da equipe foi em 1960/61,
com o quarto lugar, oito pontos atrás da campeã Juventus.
No geral,
desempenhos medianos, além de dois rebaixamentos.
Em 1965/66, o
clube somou apenas 27 pontos em 34 jogos.
Acabou
voltando à elite já no ano seguinte como campeão da Serie B.
Além deste,
um descenso em 1976–77.
Na Coppa
Italia, em todas essas temporadas, nunca alcançou sequer as semifinais.
A era
Mantovani
Foi apenas em
1979 que a Sampdoria teve uma guinada em sua trajetória.
Ainda jogando
a Serie B, o clube foi comprado pelo empresário Paolo Mantovani, que tratou
logo de fazer pesados investimentos.
Na temporada
1981–82, com um terceiro lugar, a equipe estava de volta à elite.
Três anos
depois, o primeiro grande título.
La Samp foi
campeã da Coppa Italia.
No mata-mata,
Pisa, Torino e Fiorentina ficaram pelo caminho, antes do grande triunfo contra
o todo poderoso Milan nas finais.
Mais três
temporadas depois, o bicampeonato.
Pisa, Ascoli,
Internazionale e Torino não foram capazes de frear a nova força emergente do
país.
Na época
seguinte, 1988–89, a Sampdoria fez sua primeira grande campanha em um torneio
continental, com o vice-campeonato da Cup Winner's Cup.
E o caminho
foi longo: IFK Norrköping, da Suécia, Carl Zeiss Jena, da Alemanha Oriental,
Dinamo Bucareste e Mechelen, da Bélgica, marcaram o trajeto até a grande final.
Na decisão do
dia 10 de maio de 1989, no Wankdorf Stadium, em Berna, uma derrota por 2 a 0
para o Barcelona acabou com o sonho do inédito título europeu.
Entretanto, a
primeira conquista continental estava guardada para a temporada seguinte.
E na mesma
competição.
Depois de
passar por Brann, da Noruega, Borussia Dortmund, Grasshopper, da Suíça, e
Mônaco, Il Doria iria disputar o troféu ante o Anderlecht, da Bélgica.
Na partida do
dia 9 de maio de 1990, em Gotemburgo, o time precisou suar.
Os gols de
Vialli só saíram na prorrogação.
E ainda havia
espaço para mais.
O inédito
título europeu veio na temporada anterior ao primeiro, e até hoje único,
Scudetto da Sampdoria.
Uma campanha
sólida, com apenas três derrotas e 51 pontos conquistados, cinco à frente da
Internazionale.
Vialli foi o
artilheiro do campeonato com 19 gols.
O time-base
era forte, composto por: Pagliuca; Vierchowod, Katanec, Mannini e Lanna;
Dossena, Fausto Pari, Lombardo e Toninho Cerezo; Roberto Mancini e Gianluca
Vialli.
O comando era
do sérvio Vujadian Boskov.
Como se não
fosse o bastante, a temporada seguinte marcou a melhor campanha de La Samp na
principal competição de clubes da Europa.
E logo na sua
primeira participação.
O histórico
vice-campeonato da Copa dos Campeões de 1991/92 é lembrado até hoje.
Passando por
Rosenborg, da Noruega, Honvéd, da Hungria, além de um quadrangular contra
Estrela Vermelha, Anderlecht e Panathinaikos, o clube só foi freado na grande
final, novamente pelo Barcelona.
No imponente
Wembley, 70 mil pessoas viram Ronald Koeman garantir o título para os catalães
naquele 20 de maio de 1992.
Durante esse
período com Mantovani no poder, Il Doria também venceu a Coppa Italia em 88 e
89, além do vice em 91.
O herdeiro do
trono, uma nova conquista e o declínio
Em 14 de
outubro de 1993, Paolo Mantovani acabou falecendo, vítima de um câncer de
pulmão. Enrico, seu filho, lhe substituiu no comando da Sampdoria.
Na primeira
temporada do herdeiro como mandatário, o clube conquistou mais uma Coppa
Italia, a sua última até hoje, batendo o Ancona.
Durante as
quatro épocas seguintes, jogadores deixaram o clube, mas alguns nomes de peso
chegaram, como Chiesa, Verón, Ortega, Montella, Seedorf e Karembeu.
Depois disso,
a Sampdoria acabou rebaixada à Serie B em 1999, onde permaneceu até 2002.
Durante esse
período, a equipe foi comprada por Riccardo Garrone, um italiano magnata do
ramo do petróleo.
A equipe
voltou à elite em 2003 com o vice-campeonato, liderada em campo pelo talismã
Franchesco Flachi.
À exceção do
quinto lugar na temporada 2004/05, que fez o clube perder a última vaga na
Champions League para a Udinese, as campanhas na Serie A foram apenas medianas.
Em 2007/08,
sob o comando de Walter Mazzarri, Il Doria participaria da Copa Intertoto,
quando ganharia uma das vagas para a Copa Uefa seguinte.
Seria
eliminada logo na primeira rodada.
Nas épocas
seguintes, a Sampdoria, atenta ao mercado, conseguiria formar seu ataque com
Antonio Cassano e Giampaolo Pazzini.
Eles
formariam uma das duplas mais artilheiras da Serie A, levando o time ao vice da
Coppa Italia de 2008/09, além da conquista de uma vaga para os play-offs de
qualificação para a Champions de 2009–10.
Porém, ao fim
dessa temporada, os atacantes, junto do dirigente Giuseppe Marotta, deixariam
La Samp.
O clube
embarcou numa sequência de resultados ruins, sendo condenado ao rebaixamento em
maio de 2011.
A Sampdoria
conseguiu voltar à elite já na temporada posterior.
Porém, as
campanhas seguintes na Serie A foram apenas para meio de tabela.
O que de bom
permaneceu foi a reputação do clube em produzir jovens jogadores e vendê-los
por altos valores.
Mustafi,
Icardi, Andrea Poli e Simone Zaza são alguns exemplos.
Nas
temporadas recentes, o desempenho não foi muito diferente.
Um nono e um
décimo lugar marcaram as duas últimas campanhas.
De animador,
apenas os 19 gols de Fabio Quagliarella na época 2017/18, que o fizeram
terminar como terceiro artilheiro daquela Serie A.
O veterano
centroavante, ao lado de Karol Linnety, Gastón Ramírez e Manolo Gabbiadini, são
os principais nomes do atual elenco de La Samp.
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