China multiplica dinheiro de
contratações após passado de armações
Rodrigo Mattos
Protagonista no recente desmanche
do Corinthians, o futebol chinês triplicou o investimento em contratações nos
últimos dois anos, o que o tornou o eldorado de jogadores brasileiros.
É uma tentativa de impulsionar a
Superliga Chinesa marcada por seguidos casos de manipulação de resultados.
Tanto que atletas têm feito
contratos para se proteger desse aspecto nebuloso do campeonato local.
Nos anos entre 2011 e 2013, os
times de futebol da China tinham investido uma média de US$ 37,5 milhões em
contratações de jogadores de fora do país.
Esse número subiu para US$ 102
milhões na temporada de 2014.
Os dados são do TMS, empresa
encarregada pela Fifa de controlar as transferências internacionais de atletas.
Em 2015, o valor já tinha
crescido novamente.
A estimativa é de que fechou em
US$ 108 milhões no ano passado.
Relatório do TMS da Fifa indica
que o maior número de contratações dos chineses é de brasileiros, com cerca de
20% dos 100 atletas que chegam ao país.
A China já está à frente do
Brasil e se tornou um dos 10 maiores mercados de contratações do mundo.
Mas esse crescimento convive com
um passado nebuloso.
Um ano antes do boom de investimento,
em 2013, foi descoberto um esquema de manipulações de resultados da Super Liga
Chinesa que levou à prisão de 33 dirigentes.
O título de 2003 do Shanghai
Shenhua foi retirado.
A Pirelli abandonou o patrocínio
da liga e a emissora CCTV desistiu da transmissão.
Não era um fato extraordinário no
futebol chinês.
O livro “The Fix'', do jornalista
canadense Declan Hill, mais precisa investigação sobre manipulação de
resultados, mostrou que a China era o centro de esquemas de armação pelo mundo.
Isso refletia na liga.
Em um dos capítulos, Hill conta
que, em 2004, o gerente do time Beijing Hyundai, Yang Zuwu, chegou a retirar
seu time de campo durante uma partida, e desistir do campeonato.
Ao explicar sua atitude, ele
alegou que a liga estava cheia de “falsos jogos, apitos nebulosos, apostas
ilegais nas partidas, e outros fenômenos feitos''.
A investigação de Hill obteve
provas que referendavam as acusações.
Precavidos, alguns jogadores
brasileiros que têm ido para a China pedem para serem incluídas cláusulas em
seus contratos com salvaguardas de armações em jogos.
Por exemplo, em certos acordos,
está previsto que caso um clube esteja envolvido em manipulação, o acordo pode
ser rompido.
Mais, há contratos que explicitam
que o jogador não participará de esquemas.
Em resumo, o futebol chinês vive
uma explosão de dinheiro para contratações por conta da injeção de empresas
estatais e privadas que compraram os times.
Mas ainda tem que superar uma
desconfiança de anos de armações de resultados em seus campos para competir com
grandes ligas.
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