Por Horácio Accioly.
Meus caros Fernando e Erick. Antes de mais nada, peço permissão para meter meu bedelho no papo de vocês, papo este que só ocorre entre amigos, na mais exata e ampla expressão da palavra. Amigos dessa qualidade, mesmo quando sem argumentos verdadeiramente convincentes, procuram confortar a tristeza do outro. E eu, presunçosamente partícipe dessa relação de pura amizade, também decepcionado com o que vi na tarde de ontem, um sábado realmente triste para a nação alvirrubra da Maxaranguape, repito: dou meu “pitaco” no assunto.
Meus amigos, não percamos tempo procurando culpados. Já vivenciei casos em que uma determinada equipe viu seu objetivo escorregar-lhe por entre os dedos, em decorrência de um acidente de percalço e, ao invés de concentrar esforços para recuperar o tempo perdido, passou a buscar culpados e chorar sobre o leite derramado, elaborando argumentos que, supostamente, explicariam o fracasso de todos e comprovariam a culpa de "A", "B" ou "C". Se tivessem concentrado esforços para corrigir erros os cometidos, provavelmente conseguiriam terminar o projeto com o nível de qualidade exigido e consequentemente teriam obtido sucesso. Esqueçamos a busca por culpados. Não pensemos, nunca, no problema, pensemos, sempre, na solução. O futebol, nele incluído torcedor, dirigente, técnico, jornalista e quem quer que dele participe, direta ou indiretamente, exige pessoas que, diante de um problema, concentrem esforços na busca de soluções e não na busca de culpados/explicações. Claro que imprevistos existem e injustiças são cometidas. O importante é não se apegar ao que aconteceu ou ao que foi perdido, ao contrário, o certo é concentrar esforços em busca de alternativas, novos caminhos. Esta é a postura que proponho.
O América de Natal, ainda, só depende dele. É difícil? Sim, é difícil; mas não impossível. Empatar, ou mesmo ganhar do Atlético mineiro em seu reduto não é coisa do outro mundo. Basta todos nós acreditarmos nessa possibilidade, superando rapidamente o sentimento de derrota que nos aflige nesse momento, que só, e somente assim, conseguiremos o tão sonhado objetivo.
Não acredito que aqueles homens que entraram em campo ontem à tarde não pretendiam sair com a fatura liquidada e praticamente gozar de férias antecipadas, usufruindo do imenso prazer da conquista, de uma vez por todas. Não. Sinceramente não acredito. Faltou-lhes o que, então? Perguntariam todos. Na minha modesta opinião de profissional do esporte que sou; pesquisador de todos os componentes que dele fazem parte arriscaria dizer que faltou preparo psicológico. Não se iludam meus amigos! Futebol, como qualquer outra atividade esportiva, requer harmonia entre o preparo físico, técnico, tático e psicológico. E quando se tratar de modalidade coletiva acresça-se o psico-social.
Infelizmente ainda não estamos conscientes disso. O Paulista de Jundiaí está no nosso calcanhar. Apesar de uma equipe de interior, há mais de três anos conta com a participação de um psicólogo em sua Comissão Técnica: o Professor da USP Antônio Carlos Simões. Não é a toa que o “Paulistinha” de Jundiaí foi vice-campeão paulista em 2004. O referido profissional é Professor de Educação Física e Psicólogo, especialista em Esportes. Contratar psicólogos é o próximo passo que os nossos clubes devem dar. O ABC está saindo na frente.
Voltando ao nosso América, depois da goleada de ontem do Brasiliense sobre o Paysandú, no próximo sábado, tudo indica que será fácil para o Paulista. Assim, só nos resta, agora, matar dois galos de uma só tacada: o mineiro e o paulista.
E vamos à mesa verde, com garfo, faca, chuteiras preparadas e, principalmente, com a cabeça no lugar. Assim a conquista terá melhor sabor. Avante América!!!